ARGO

ARGO

DIREÇÃO: Ben Afleck

ELENCO: Ben Affleck, John Goodman, Bryan Cranston, Michael Parks, Victor Garber, Kyle Chandler, Clea DuVall, Tom Lenk, Alan Arkin, Rory Cochrane

A história de Argo se passa em novembro de 1979, quando a revolução iraniana atinge seu ápice e militantes surpreendem a embaixada dos EUA em Teerã, fazendo 52 reféns americanos. Mas, no meio do caos, seis americanos conseguem escapar e encontrar refúgio na casa do embaixador canadense. Sabendo que é apenas uma questão de tempo até os seis serem encontrados e provavelmente mortos, Tony Mendez (Ben Affleck), um especialista em fugas da CIA, sugere um plano arriscado para retirá-los do país em segurança. Um plano tão incrível que só poderia acontecer nos filmes.

Já tinham dito que nada foge ao tempo e a história, e Deus me livre discordar disso. O mais prazeroso em tudo isso é poder perceber que existem pessoas preocupadas em mostrar ao Mundo belos capítulos de nossa história, que não são de conhecimento geral, mas que merecem atenção. Argo é um filme que parte desse pressuposto e atinge o melhor dos resultados.

Ben Afleck está de volta a melhor de suas formas. Não que ela tenha sofrido uma queda. Mas quando paramos para analisar sua carreira atrás das câmeras, observamos que Medo da Verdade e Atração Perigosa, apesar de ótimos, têm qualidades bem diferentes. Enquanto no primeiro, Afleck assusta o espectador, ao exibir uma trama e propor uma avaliação junto ao longa por parte de quem o assiste, no segundo observa-se uma boa, porém burocrática história. Várias virtudes de Medo da Verdade podem ser bem percebidas em Argo, e com mais intensidade.

Argo é um filme que se preocupa em deixar bem clara a história em torno dos reféns americanos, exibindo-a tanto do lado dos Estados Unidos, quanto do lado do Irã. Mas acontece que Afleck tem uma opinião sobre o caso, e persuade o espectador a estar junto dele nessa perspectiva, sem acabar sendo radical demais contra o outro lado. Para um drama documental, onde partes indiretas são muito bem colocadas, sem mostrar-se descartáveis, personagens são concebidos para causarem impactos sobre quem estar vendo o filme, fazendo com que o lado americano seja formados por mocinhos que ganham um sorriso simpatizante de todos, e o lado do Irã sejam os vilões, que botam sim medo e causam raiva em tudo e em todos. Sim, sem exagero nenhum, ver Argo não é só estar testemunhando um filme, e sim estar dentro dele, vivenciando toda aquela situação. E na cena do avião (um dos derradeiros atos do filme) uma adrenalina incontrolável toma conta de qualquer ser, e o desfecho faz com que se confundam alívio e um desejo de aplaudir Ben Afleck de pé.

O filme, que conta com uma linda trilha sonora de Alexandre Desplat, traz uma curiosa ironia no quesito elenco: O destaque é de quem não estar na trama central. Quem são eles? Alan Arkin e John Goodman. O primeiro traz consigo uma espetacular carga cômica que dá forças aos atos em que seu personagem está presente, sem entregar ao filme fatores cansativos e que diminuíssem os seus atributos. Indicados a vários prêmios nesse início de Awards Season, Arkin fez de cada aparição sua, uma gostosa mudança de sensações no espectador. Evidente que não se deve desmerecer John Goodman, que não deixa a peteca cair e tem destaque próprio, mas Arkin é Arkin.

Muito já se diz que Ben Afleck é melhor diretor do que ator. O interessante é que nesse filme ele entrega seu melhor trabalho em ambas as funções. Mas acima de tudo Argo é um filme intrigante, que mostra que não estamos em um planeta com só um vilão ou só um mocinho. E as imagens reais exibidas em seus créditos finais, nos são a bela lição de que o Mundo tem mais heróis do que se imagina, mas carece de pessoas que reconheçam os seus feitos.

Fonte da Sinopse: CinePop