TRAPAÇA
DIREÇÃO: David O. Russell
ELENCO: Christian Bale, Amy Adams, Bradley Coper, Jeremy Renner e Jennifer Lawrence.
10 INDICAÇÕES AO OSCAR
Irving Rosenfeld (Christian Bale) é um grande trapaceiro,
que trabalha junto da sócia e amante Sydney Prosser (Amy Adams). Os dois são
forçados a colaborar com um agente do FBI (Bradley Cooper), infiltrando o
perigoso e sedutor mundo da máfia. Ao mesmo tempo, o trio se envolve na
política do país, através do candidato Carmine Polito (Jeremy Renner). Os
planos parecem dar certo, até a esposa de Irving, Rosalyn (Jennifer Lawrence),
aparecer e mudar as regras do jogo.
Sei que não estou sozinho no Mundo quando penso que sou um
cinéfilo que tem total facilidade em dizer qual é a minha atriz preferida (Nicole
Kidman, no caso), mas encontra sérias resistências em falar qual é o seu filme
favorito, o seu ator favorito ou o seu diretor favorito. Diríamos que para
esses três casos existe a famosa questão de momento, e trazendo a dúvida para o
campo dos cineastas, vale muito louvar um dos mais regulares diretores dos
últimos anos, e é nesse ponto que figura o nome de David O. Russell, que, desta vez, assina Trapaça - uma deliciosa e inteligente comédia, que merece ser vista.
De fato, louva-se o atrevimento do diretor quando o mesmo
elabora um filme sobre máfia na tentativa de expor uma nova faceta sobre o fato
em questão. Enquanto Copolla faz um filme do gênero para ser sentido e Scorsese
adentra minuciosamente no assunto para que a máfia seja vista e desvendada, O.
Russell faz dela algo divertido e repleto de ironias, abusando do charme da
mesma e investindo em pontos onde o ser humano enxerga a maldade como um fator
de ostentação e orgulho. O excelente roteiro do filme expõe muito bem tais atributos, sem fugir da história política americana e nem ao sentido denotativo de máfia e sua
atuação nos Estados Unidos.
Trata-se de um excelente filme? Não, não é para tanto, pois
admite-se que, em determinados momentos, Trapaça alcança resultados complexos,
se perde em suas artimanhas e ainda conta com uma narração desnecessária. Mas
então porque não é um filme superestimado? A razão disso está nos adoráveis
personagens levados à telona por O. Russell. Quem disse que o espectador deve,
por obrigação, odiar um vilão? A trama que é desenvolvida apresenta trapaceiros
que entregam uma inteligência e uma classe, sem que os mesmos precisem se levar
a sério, o que põe uma essência anormal e cômicas nas tramoias, o que leva
facilmente todos à diversão, mesmo que quem esteja assistindo não chegue a
entender bem o que está acontecendo. E é claro que essa eficácia dos
personagens de Trapaça não seria possível sem o excelente elenco escalado para o
filme.
Christian Bale (Indicado ao Oscar 2014 por este filme)
lidera espetacularmente a película, com sua pose e compostura, acertando no senso
irônico que existe no personagem mafioso, que se expõe ao Mundo como um
galanteador, mesmo tendo características físicas nada admiráveis. Jeremy Renner
é o típico “político do povo” que move mundos e fundos para posar de
carismático em nome da popularidade, mesmo que fique a dúvida sobre o seu
caráter. É uma pena não ver Renner na disputa do Oscar.
Bradley Cooper (Indicado ao Oscar 2014 por este filme), que
foi “colocado nos eixos” por O. Russell, acerta no policial desconfiado que
vive no anseio de crescer na profissão e tentar não se deixar levar pelas
falcatruas testemunhadas por ele, graças a não criminosa aliança do personagem com
a máfia. Amy Adams (Indicado ao Oscar 2014 por este filme) até cumpre bem o
papel de sua bandidamente enigmática personagem, com charme e sensualidade
necessários. Porém devo admitir que ainda não me convenci de que essa atriz
realmente esteja alcançando o ápice com personagens vulgares. Ainda sinto que
exista uma inevitável fisionomia e uma visível postura angelical que atrapalha
suas performances.
Mas o melhor do elenco do filme é Jennifer Lawrence (Indicado
ao Oscar 2014 por este filme). Ninguém segura essa menina. O papel da esposa do
mafioso é pequeno, e talvez se fosse excluído do filme, não interferiria tanto
no roteiro, mas a entrega feita pela protagonista de Jogos Vorazes alcança
níveis de diversão altíssimos, fazendo o personagem crescer de maneira paranormal
no longa. Muitos disseram que sua atuação foi irregular pelo fato de ela ser
nova demais para o papel. Ela tem apenas 23 anos e Trapaça é baseado em uma
história real. Mas se o filme fosse fictício? Não seria um crime contra o
roteiro termos uma jovem já casada e mãe de uma criança que, tanto por
obrigação e tanto por natureza, apresenta uma maturidade necessária para o personagem,
sem se esquivar da juventude do mesmo. E é justamente nesse ponto que Jennifer
Lawrence atinge o ápice de sua performance. Essa menina ainda vai dar muito
trabalho no cinema. E isso é bom. É muito bom.
Trapaça, ao lado de Gravidade, lidera as indicações ao Oscar
2014. O filme concorre em 10 categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor
Diretor. De fato, existe uma probabilidade de não sair vencedor em
nenhuma categoria. O que é ruim. Mas David O. Russell já é um campeão por essa apoteótica recepção crítica que o filme recebeu, mostrando para o mundo
cinematográfico a melhor das suas virtudes, que é montar um elenco perfeito e
trabalhar com ele uma química cintilante. E em Trapaça, obtém-se, nesse ponto,
o melhor dos resultados, quando enxergamos nada puros vilões transformando-se
em adoráveis vagabundos.
Fonte da Sinopse: Adoro Cinema



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