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domingo, 21 de setembro de 2014

GETÚLIO


GETÚLIO
DIREÇÃO: João Jardim
ELENCO: Tony Ramos, Alexandre Borges e Drica Moraes


Baseado em fatos reais, narra a conspiração político-militar que culminou no suicídio de Getúlio Vargas, Presidente da República em 1954. O filme percorre a intimidade dos 19 últimos dias da vida de Getúlio, período em que ele fica isolado no Palácio do Catete, enquanto seus opositores o acusam de ser o mandante do atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, onde morreu o Major Vaz. O longa-metragem encontra emoção e entretenimento nos acontecimentos que levaram o presidente a dar um tiro no coração sozinho em seu quarto.


Todo cinéfilo que se preze pode ter um gênero que mais lhe agrada, mas ele não pode ter preconceito com os demais. A verdade é que mesmo com preferências, quem não tem uma quedinha por cinebiografias? A produção audiovisual brasileira cresce anualmente, e a vida de muitos de nossos compatriotas ilustres estão sendo levadas às telonas. É fato que um filme sobre Getúlio Vargas aparece de maneira completamente tardia, mas vendo o seu resultado final, seria melhor ter demorado mais tempo, para que fosse trabalhada coisa melhor.

Considerado o mais importante Presidente da história brasileira, Getúlio Vargas tem sim uma grande história de vida, tanto pessoal quanto política, que poderia render uma obra mais grandiosa enaltecendo seu nome, independentemente dos fatores ali envolvidos. Como seria interessante explorar seu casamento, que tinha outras intenções; sua vida estudantil, sua trajetória antes da adentrar a presidência, além da derrubada da política do “café com leite” no Brasil. Mas nenhum cineasta é obrigado a montar uma cinebiografia completa, e no caso de João Jardim (diretor do documentário indicado ao Oscar Lixo Extraordinário), a opção escolhida foi uma delimitação do tema, investindo no último mês de governo (e de vida) do chefe do executivo nacional. Daí já vem o absurdo de escolher o título “Getúlio” para apresentar um único episódio da vida do personagem real. 

O defeito do filme está em seu embasamento histórico, que é falho, pois o espectador visualiza a vida de Getúlio Vargas e de Carlos Lacerda na base de “é a sua palavra contra a minha”, e fatos envolvidos no caso do suposto atentado que a oposição ao governo da época sofrera, além do que era o governo Vargas no período, ou foram ocultos ou só perceptíveis para quem domina o assunto. Dois exemplos claros são a inserção de Tancredo Neves e de Alzira Vargas na trama. O primeiro se faz de um personagem tão oco na história, e de postura tão duvidosa como a entregue pelo seu intérprete Michel Bercovitch, que o espectador se remete a ele apenas como o sujeito que anos depois morreria antes de se tornar presidente, já que Getúlio o faz sair de cena de uma maneira tão pouco explorada em referência a sua real situação como Ministro da Justiça. No caso de Alzira, ela nada mais é do que a filha do presidente, e o filme não engrandece seu nome como a chefe do Gabinete Civil da Presidência da República durante o governo de seu pai, onde suas reais opiniões não eram um conselho de filha, e sim de alguém que tinha poder de opinar no gestão federal.

O roteiro de George Moura (que assinou a novela O Rebu e a minissérie O Canto da Sereia) não possui identidade, tirando a significância de Getúlio Vargas, Carlos Lacerda e dos demais. Sendo assim, a obra tem continuidade, e todos se perguntam: Quem é o herói? Quem é o vilão? E o final do filme, que todos já sabem qual é, mostra-se curto e grosso, onde no destaque à carta-testamento de Vargas, o enfoque ao “Saio da vida para entrar na história” ofusca a essência do texto, que é um primor em sua íntegra, e que foi concluído com “chave de ouro” com a frase mais famosa. 

Em Getúlio, louva-se o trabalho de Tony Ramos e Drica Moraes, além de uma parte técnica rica e inovadora, onde não se desmerece o trabalho da direção de arte, da fotografia e da trilha sonora, que criaram um ambiente sombrio, bastante fiel aos acontecimentos daquele mês de agosto de 1954, e que estavam bem aliados aos atos em que o ritmo do filme é bastante ágil. Mas o trabalho de pesquisa para um período tão importante da história brasileira apresenta-se como uma exposição mal persuasiva, de apenas um ponto de vista, que deixa bastante a desejar para uma cinebiografia tão esperada.


Fonte da Sinopse: CinePop


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