CAMINHOS DA FLORESTA
DIREÇÃO: Rob Marshall
ELENCO: Meryl Streep, James Corden, Emily Blunt, Chris Pine, Anna Kendrick
3 INDICAÇÕES AO OSCAR
Uma bruxa (Meryl Streep) está decidida a dar uma lição em
vários personagens famosos dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho,
Cinderela e Rapunzel. Cabe a um padeiro e sua esposa a tarefa de enfrentá-la,
de forma a colocar as histórias e seus personagens em ordem.
Quando fui ao cinema ver Operação Big Hero, adentrei a sala
no mesmo instante de um casal acompanhado de uma senhora e quatro crianças. De
fato o local estava repleto de adolescentes e adultos, mas o que me espantou
foi a mulher se virar para o marido e pedir que o mesmo confirmasse se estavam
na sala correta, pois haviam poucas crianças. Eis um retrato de uma sociedade
que se diz moderna, mas quando se põe a ser retrógrada, bate todos os recordes.
Os crescidos são proibidos de conferir obras infantis? Será que é uma revolução
de 2014 adentrarmos a um cinema e observar um público de todas as idades
prestigiar a um filme de animação? Hipocrisia. Digo isso porque o musical Caminhos
da Floresta faz uma mescla de quatro das mais populares histórias infantis de
todos os tempos, e a procura daqueles que se deliciaram com esses contos há 10,
20, 30 ou 40 anos é gigantesca, notória e nem um pouco condenável. Talvez
condenável mesmo seja o trabalho entregue.
Cinderela, João e o Pé de Feijão, Rapunzel e Chapeuzinho
Vermelho são contos da literatura europeia que tinham, direta ou indiretamente, um fim educativo, com o intuito de disciplinar as crianças dos séculos passados,
sem se desprender do teor infantil e da fábula. Caminhos da Floresta absorve
tal objetivo, mas o trata de maneira falha. Dirigido pelo hoje irregular
cineasta Rob Marshall, o filme coloca um padeiro e sua esposa como centro da maldição de uma bruxa, que podia acabar destruindo a si própria e bagunçando todos
os personagens infantis. O problema é que a ameaça de uma futura bagunça
acabou resultando em uma desorganização em tempo integral desde os primórdios. De fato houve
fidelidade àquilo que já conhecemos, mas mudanças eram necessárias para justificar
mais ação na trama central. A concepção do personagem da bruxa foi sem
fundamentos, pois mesmo lidando com o teor infantil, nunca que a vilã exposta
poderia amedrontar a todos e não era indomável, o que tornou ridícula a
facilidade com que tudo aconteceu. Não é exagero dizer que estava mais para a “velha
chata da vizinhança” do que para uma antagonista. Diante disso, passagens bobas
imperam e ficou a dúvida se o diretor considerava o espectador um verdadeiro imbecil.
Daí, o filme nos traz nada mais do que o andar da carruagem clichê de cada um,
com números musicais exagerados e um “I Wish” interminável, sendo tudo isso
aliado a uma narração sem precisão, que em muito prejudicou os personagens mais
famosos da trama. Com um roteiro mal estruturado, temos a impressão de que já
houve uma conclusão para o filme, que, para nossa surpresa, nos apresenta mais
fatos descartáveis, que reafirma o cansaço de quem assiste a obra.
O elenco, que tinha tudo para dar certo, também aparece como
mancha no musical. Como se não bastasse, o próprio talento no vocal é
questionável, como o de Anna Kendrick, que expõe uma Cinderela desinteressante
e chata em seus números fonográficos. Chris Pine e James Corden até cumprem bem
suas funções, mas nada memorável, assim como a correta Emily Blunt. A inclusão de Johnny Depp foi outro absurdo,
além de poder ter sido facilmente trocado por um ator qualquer, o mesmo no
exibe facetas medíocres que o colocam como um dos piores atores da atualidade. No
papel da bruxa, Meryl Streep surge como a maior estrela do filme e não tem como
não louvá-la e se encantar com a facilidade que ela tem em adentrar a uma novo
personagem, que fica até mais chamativo por ser diferente daquilo que nos
acostumamos a ver em seus filmes. Mas isso tudo não é justificativa para lhe
conferir uma 19ª indicação ao Oscar.
Ressuscitando sem inovar e sem racionalizar as fábulas, que
por muitos anos nos encantaram, Caminhos da Floresta só ratifica Rob Marshall
como um diretor que todos ainda equivocadamente persistem em dar-lhe confiança, mesmo com os
seus atributos cada vez mais em baixa e transparecendo cada vez mais suas
limitações e seus defeitos. No que o universo infantil cinematográfico é um
produto para crianças, jovens, adultos e idosos, o filme acaba
sendo um prato cheio para afugentar todas as idades.
3 comentários:
Eu achei um saco, uma porre do começo ao fim, só mesmo quando Meryl está em cena que o filme funciona.
The Truffaut
thetruffaut.blogspot.com.br
Adoro musicais e acho que esse "Caminhos da Floresta" deve ser um belíssimo filme. Ansiosa para conferir essa obra do Rob Marshall!
Chris - Nem Meryl me convenceu tanto assim.
Kamila - Conheço gente que gostou de filme, eu estava ansioso. Talvez você goste.
Abraços
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