A PAIXÃO DE CRISTO
DIREÇÃO: Mel Gibson
ELENCO: Jim Caviezel e Monica Belucci
3 INDICAÇÕES AO OSCAR
A
Paixão de Cristo narra os fatos que marcaram as 12 últimas horas de vida de
Jesus (Jim Caviezel). Traído pelo seu discípulo Judas Iscariotes e espancado
pelos seus captadores, ele é entregue para o Governador Romano Pôncio Pilatos,
que é pressionado pelos hebreus para condená-lo a crucificação. Pilatos não
enxerga motivos para tal e determina que a decisão seja proferida pelo
Governador da Galileia Herodes, que também não vendo razão para a condenação,
rejeita a decisão. Sendo assim, Pilatos vai perdendo controle da situação, ao
passo que enquanto o seu povo vai contra Jesus Cristo, sua esposa Cláudia o
considera um santo.
Graças
a Deus não existe abuso nas versões cinematográficas da história do maior ser
humano que já habitou a Terra. Havia a necessidade de trazer algo novo? Talvez
não, mas Mel Gibson decidiu, em um gesto que hoje pode ser considerado
“obamista”, propor mudança na história dos últimos momentos de vida de Jesus
Cristo.
Verdade
seja dita, não existe nenhuma mudança significativa que impressione, nem o
levantamento de grandes questões que surpreenda, como em O Código Da Vinci. O
resultado do filme não chega a ser algo super positivo, pois desde o início
observa-se um universo diferente mesclando-se com a vida do filho de Deus, que,
em hipótese alguma, consegue fazer com que o espectador acredite completamente
no que está acontecendo. Outro erro não despercebível foi o falho trabalho de
montagem logo no início ao adicionarem Maria na história, já que a cronologia
dos fatos em que ela estava se encontrando não tinha coerência perfeita com o
que estava acontecendo com Jesus. No mais, o roteiro é louvado por ter sido
escrito na “língua de Cristo” em uma produção americana, mas é tão convencional
como em qualquer outro filme sobre o tema.
Mel
Gibson não mede esforços e a partir do momento da condenação, não se esquiva de
fazer uma demonstração do que realmente era uma punição para aquele período,
mesmo que muitos entendidos do assunto, até com razão, digam que não se trata
nem de 1/3 daquilo que Jesus Cristo sofreu. Talvez tenha sido uma tentativa de
fazer com que o público não se preocupasse em ver, mas sim sentir todo aquele
sofrimento, que traz crueldades nunca antes vistas em abordagens artísticas do
assunto – talvez aqui tenha havido inovação. A atuação de contida de Jim
Caviezel exprime bem a humildade do ser humano ali retratado, que pode fazer
facilmente com que todos assumam: “Sim, Ele fez isso por nós”. Mas vale lembrar
que nem a força da trama, nem a eficácia da direção de Gibson, deixam A Paixão
de Cristo imune a erros.
Muitos
consideraram que o filme deveria ter sido o grande vencedor do Oscar 2005
(foram merecidas 3 indicações em categorias puramente técnicas) e os defensores
justificaram o esnobe dizendo que a maior premiação do cinema mundial é muito
política em suas escolhas. Só que é válido lembrar que o Oscar daquele ano fez
Hilary Swank vencer Annette Bening pela segunda vez; Martin Scorsese perder o
prêmio pela sétima vez; e na categoria Melhor Canção, a vitória foi de Al Outro
Lado Del Rio, de Diários de Motocicletas, onde o compositor Jorge Drexler
tinha, antes da cerimônia, enchido a organização do prêmio de críticas.
Convenhamos que se o Oscar fosse tão político, nada disso teria acontecido.
Diante
do que foi dito até aqui, fica bem claro que Brenno Bezerra acha A Paixão de
Cristo um filme ruim, certo? Errado. Ele adora o filme, mas não consegue
enxergar motivos para tanto “oba oba” em cima dele. O certo é que a obra foi
feliz no cuidado com a sua qualidade técnica – destaque a maquiagem e a
fotografia (os tons azulados da 1ª cena são belíssimos). Apesar de erros de
percurso, não perde o controle e, em momento algum, chega a ser uma afronta absurda
aos ideais cristãos, como Maria – Filha de seu Filho e A Última Tentação de Cristo
– este último pode até se encaixar bem dentro da técnica de se fazer um bom
filme, mas a sua história não deixa de ser uma heresia. A Paixão de Cristo traz
uma convencionalidade escondida que satisfaz e que também emociona, ao passo
que não chega ao ápice de desmistificar a imagem de Jesus perante o público
cristão.
2 comentários:
A cena é de bebê incrível. Mel Gibson fez um trabalho fabuloso com A Paixão de Cristo é um grande grande filme, sem hesitação, embora muito cruel e triste para o meu gosto. Este filme me lembra Ressurreição, uma adaptação interessante centrado na ressurreição de Cristo, do ponto de vista de um ateu. Adicionando o contexto romano essencial, então temos uma natureza sugestiva com uma gama infinita de decisões e reações que não diferem da nossa percepção emocional. Um roteiro decente por Kevin Reynolds, que também atua como diretor. Além disso, ressuscitado poderia servir como uma sequela de A Paixão de Cristo.
Fabuloso o filme, não vejo exagero na crueldade porque Jesus, com certeza sofreu muito mais porque queriam mata-Lo. No filme tinham que tomar cuidado com a vida do ator Jim.
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