007 CONTRA SPECTRE
DIREÇÃO: Sam Mendes
ELENCO: Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Monica Belucci e Ralph Fiennes
Ecos do passado levam James Bond (Daniel Craig) ao México
para matar um temível criminoso. Com o ato proferido, ele se dirige a Roma, onde
conhece a viúva Lucia Sciarra (Monica Belucci), onde é alertado de uma perigosa
facção criminosa chamada Spectre. Suspenso pelo Centro de Segurança Nacional de
Londres, Bond recruta secretamente alguns parceiros para promover uma caçada
aos criminosos, liderados por um poderoso homem chamado Ernst (Christoph
Waltz). Para essa busca, o agente se junta a Madeleine (Léa Seydoux) – filha de
um ex-inimigo, mas peça fundamental nesse embate.
É interessante como a dupla de produtores Barbara Broccoli e
Michael G. Wilson são ligados ao patamar que o agente 007 alcançou o longo de
seus 50 anos nos filmes de ação, daí não conseguem iniciar uma de suas obras sem uma grande cena, principalmente para dar autenticidade ao status do personagem,
que tão engrandecido foi por Daniel Craig, que deu/dá dignidade ao papel, até no
ato de segurar uma taça de Martini; bem diferente do período em que era
interpretado por Pierce Brosnan. Focalizando uma incrível sequência de ação que
envolve o desmoronamento de um prédio e a queda de um helicóptero em meio a um
festival típico mexicano, logo se vê a perspicácia do diretor Sam Mendes de ter
controle de fortes cenas de ação e estabelecer cortes e enquadramentos que as
torna bastante reais, ocultando muito o trabalho de efeitos visuais. Se fosse
só pela primeira cena, 007 contra Spectre valeria muito, mas depois veio a boa,
mas esquecível canção Writing’s On the Wall, de Sam Smith, e o decorrer do filme
apresentando defeitos que o comprometeram bastante.
É fato que desde que a franquia matou a lendária personagem
M, vivida por Judi Dench, a empatia que qualquer pessoa pudesse ter com o Centro
de Segurança Nacional de Londres tem uma redução gigantesca, pois com a ausência
da mesma, o grau de confiança daqueles que legalmente eram aliados de Bond não
está tão claro, então sempre há uma dúvida se uma possível sabotagem não possa
estar acontecendo com o agente. Um bom suspense? De jeito nenhum, pois a equipe
de roteirista, que sofreu um grande desfalque neste último filme (Paul Haggis,
no caso), não tem essa intenção, e não consegue trabalhar grande parte do time
de segurança como pessoas acima de qualquer suspeita. Logo, expor de início um
afastamento de Bond dessas pessoas tirou grande parte da essência dos mesmos,
que agora só podemos encontrar em dois ou três. E a partir daí, a estrutura do
filme leva o 007 a situações sem objetivos, como se ele quisesse ir atrás de
algo criminoso porque ele estava a fim e pronto. Razão havia, mas o roteiro mal
explicativo atrapalhou o bom andamento da obra.
Surpreendendo tudo e a todos (mesmo), 007 contra Spectre
interliga o vilão deste filme com os dos filmes anteriores protagonizados por
Craig, que passam a não ser mais responsáveis pelas maldades de outrora, e
agora são peças de quebra-cabeça controladas pela mente antagonista do filme em
questão. Tudo o que aconteceu em Cassino Royale, Quantum Of Solace e Skyfall
não é mais obra dos vilões desses filmes, e sim do de Spectre. Que absurdo!
Sabem qual é o resultado disso? Uma história ruim desmistificando histórias
boas, e tudo passa a ficar sem sentido. Lembram da lambança que Pânico 3 fez ao reverter a autoria dos assassinatos do ótimo primeiro filme? Pois bem,
é por aí.
É fato que o elenco não decepciona. Repito que Daniel Craig
persiste positivamente em dar dignidade ao Bond. Léa Seydoux e Monica Belucci
têm a pose e a classe que as personagens pedem, mas ninguém supera a Eva Green de nove anos atrás. Christoph Waltz mostra que sabe
atuar bem em filmes não dirigidos por Quentin Tarantino e prova que o seu forte
são os vilões. Mas se a produção se prezar daqui pra frente, irá dar um
destaque maior a Ben Whishaw e Naomie Harris, que não ficam por baixo em cada uma de
suas aparições.
Eu estaria sendo injusto se dissesse que 007 contra Spectre
é um filme ruim. As cenas de ação e o poderio de sua edição de som (bem
orquestradas por Karen Baker Landers e Per Hallberg) ainda dão força a uma
trama com um roteiro muito falho, que coloca o filme anos-luz abaixo de Cassino
Royale e Operação Skyfall. E por falar neste, que deu um Oscar à cantora Adele,
o auge atingido por ele já poderia fazer o diretor Sam Mendes abandonar a
franquia, saindo em alta. Foi um verdadeiro vacilo ele ter aceitado dirigir
Spectre, ao passo que a saga 007 nunca costumou repetir seus diretores. E só
pra concluir: o embate final entre Bond e Ernst foi um reforço a essa ode sem noção
ao passado do agente secreto e que é bem fácil todos preverem que ela pode
aparecer nos próximos filmes do longa. Nós e Daniel Craig não merecemos isso.
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