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domingo, 3 de julho de 2016

PROCURANDO DORY



PROCURANDO DORY
DIREÇÃO: Andrew Stanton
ELENCO: Ellen DeGeneres, Albert Brooks e Geoffrey Rush


Agora bem longe da Austrália, e mais precisamente na costa da Califórnia (EUA), Procurando Dory narra o drama da personagem, que sofre de perda de memória recente, mas embarca em uma aventura pessoal para reencontrar os seus pais, dos quais se perdeu ainda na infância.


Após ver este filme, comecei a dar umas risadas irônicas ao perceber o quão fui incoerente num mesmo final de semana, ao rebaixar a necessidade de haver uma continuação para Independence Day (depois de décadas) e ao mesmo tempo estar ansioso para ver Procurando Dory, como se o primeiro filme com os personagens fosse recente. Lá se foram treze anos, e isso é um tanto quanto assustador.

Por mais que convenhamos que trata-se de um bom filme, mas ao analisar bem a obra, podemos reconhecer que Procurando Dory tem sim seus problemas, a começar pelo título, já que mesmo que haja um sumiço da personagem, a trama em volta da procura dela pelos seus pais acaba sendo infinitamente mais forte que as demais subtramas. Daí, já podemos concluir que o diretor Andrew Stanton não aprendeu com o erro cometido em Procurando Nemo, onde a história em cima do pai e em cima do filho estão longe de ter o mesmo valor para o filme. E neste aqui avaliado, é incrível chegar a constatação que o Nemo e o Marlim têm muito pouco a acrescentar a obra.

No início do filme, atestando a adorabilidade da Dory (brilhantemente dublada pela grande Ellen DeGeneres), vemos um flashback onde se enaltece a química da “peixinha” com os demais personagens, sustentada pela sua deficiência. O interessante é que quando ela lembra de sua infância e como se separou dos atenciosos pais, a obra cria um gigantesco tom emocional, criminalmente desgastado por piadas sem noção, que cortam todo o clima. E o roteiro escrito por Victoria Strouse, cria, excetuando-se a baleia Destiny, personagens com um alto grau de antipatia e com poderes paranormais, melando toda a construção concebida pelo primeiro filme, onde até aqueles tubarões veganos eram simpáticos.

Não podemos nos desprender de que Procurando Dory tem até um problema maior. Nas redes sociais, iniciaram campanhas pela preservação da espécie, afirmando que após Procurando Nemo, cresceram em mais de 40% a venda de peixes-palhaços, e mais de um milhão deles foram retirados de seu habitat natural. O Tang-Azul (espécie da Dory) não consegue se reproduzir em cativeiro, e se a reação quanto ao primeiro filme se repetir, podemos ter uma série ameaça de extinção. Mas o feedback que o filme entrega a isso é uma glamourização da vida dos peixes em aquários, onde o homem pode deitar e rolar no local, e incrivelmente o polvo Hank prefere aquela vida. Agora, se a luta para fugir daquele local é válida, eis que Andrew Stanton a torna a coisa mais fácil do mundo, bastando dar um só pulinho e o peixe volta a viver livremente. Ué, e toda aquela saga para salvar o Nemo no primeiro filme? 13 anos não fizeram bem à memória da produção, que perderam também um pouco da noção com aquele forçado ato final, que poderia ser facilmente trocado por algo mais belo diante do desfecho da aventura pessoal da Dory e do drama vivido por ela, até então.

Mesmo com todos esses defeitos, faz-se justo admitir que Procurando Dory não é um filme ruim, até entretem, mas acaba sendo lamentável demais para o que a personagem representa para os fãs. E acima de tudo dá autenticidade ao quão a Pixar demonstra fragilidade em elaborar continuações (vide Universidade Monstros e Carros 2), onde nesse quesito só a linha Toy Story se salva, mesmo amedrontando com a confirmação de um quarto filme da série.



2 comentários:

Matheus Pannebecker disse...

Brenno, acho que "Procurando Dory" tem muitas qualidades, mas o que impede que o filme seja tão grande quanto o primeiro é a estrutura inteiramente idêntica ao filme original. De novo cruzar o oceano... De novo cair em um aquário... Esperava mais em termos de história, mas confesso que me diverti bastante! Um abraço!

Brenno Bezerra disse...


Matheus, assino embaixo o que diz. A diversão é garantida, mas o filme é fadado ao esquecimento. Abraço!