PROCURANDO DORY
DIREÇÃO: Andrew Stanton
ELENCO: Ellen DeGeneres, Albert Brooks e Geoffrey Rush
Agora bem longe da Austrália,
e mais precisamente na costa da Califórnia (EUA), Procurando Dory narra o drama
da personagem, que sofre de perda de memória recente, mas embarca em uma
aventura pessoal para reencontrar os seus pais, dos quais se perdeu ainda na
infância.
Após ver este filme, comecei a
dar umas risadas irônicas ao perceber o quão fui incoerente num mesmo final de
semana, ao rebaixar a necessidade de haver uma continuação para Independence
Day (depois de décadas) e ao mesmo tempo estar ansioso para ver Procurando
Dory, como se o primeiro filme com os personagens fosse recente. Lá se foram
treze anos, e isso é um tanto quanto assustador.
Por mais que convenhamos que
trata-se de um bom filme, mas ao analisar bem a obra, podemos reconhecer que
Procurando Dory tem sim seus problemas, a começar pelo título, já que mesmo que
haja um sumiço da personagem, a trama em volta da procura dela pelos seus pais acaba
sendo infinitamente mais forte que as demais subtramas. Daí, já podemos
concluir que o diretor Andrew Stanton não aprendeu com o erro cometido em
Procurando Nemo, onde a história em cima do pai e em cima do filho estão longe
de ter o mesmo valor para o filme. E neste aqui avaliado, é incrível chegar a
constatação que o Nemo e o Marlim têm muito pouco a acrescentar a obra.
No início do filme,
atestando a adorabilidade da Dory (brilhantemente dublada pela grande Ellen
DeGeneres), vemos um flashback onde se enaltece a química da “peixinha” com os
demais personagens, sustentada pela sua deficiência. O interessante é que
quando ela lembra de sua infância e como se separou dos atenciosos pais, a obra
cria um gigantesco tom emocional, criminalmente desgastado por piadas sem
noção, que cortam todo o clima. E o roteiro escrito por Victoria
Strouse, cria, excetuando-se a baleia Destiny, personagens com um alto grau de
antipatia e com poderes paranormais, melando toda a construção concebida pelo primeiro filme, onde até
aqueles tubarões veganos eram simpáticos.
Não podemos nos desprender de
que Procurando Dory tem até um problema maior. Nas redes sociais, iniciaram
campanhas pela preservação da espécie, afirmando que após Procurando Nemo,
cresceram em mais de 40% a venda de peixes-palhaços, e mais de um milhão deles
foram retirados de seu habitat natural. O Tang-Azul (espécie da Dory) não
consegue se reproduzir em cativeiro, e se a reação quanto ao primeiro filme se
repetir, podemos ter uma série ameaça de extinção. Mas o feedback que o filme
entrega a isso é uma glamourização da vida dos peixes em aquários, onde o homem
pode deitar e rolar no local, e incrivelmente o polvo Hank prefere aquela vida.
Agora, se a luta para fugir daquele local é válida, eis que Andrew Stanton a
torna a coisa mais fácil do mundo, bastando dar um só pulinho e o peixe volta a
viver livremente. Ué, e toda aquela saga para salvar o Nemo no primeiro filme? 13 anos não
fizeram bem à memória da produção, que perderam também um pouco da noção com aquele forçado ato final, que poderia ser facilmente trocado por algo mais belo diante do desfecho da aventura pessoal da Dory e do drama vivido por ela, até então.
Mesmo com todos esses
defeitos, faz-se justo admitir que Procurando Dory não é um filme ruim, até
entretem, mas acaba sendo lamentável demais para o que a personagem representa
para os fãs. E acima de tudo dá autenticidade ao quão a Pixar demonstra
fragilidade em elaborar continuações (vide Universidade Monstros e Carros 2),
onde nesse quesito só a linha Toy Story se salva, mesmo amedrontando com a confirmação
de um quarto filme da série.
2 comentários:
Brenno, acho que "Procurando Dory" tem muitas qualidades, mas o que impede que o filme seja tão grande quanto o primeiro é a estrutura inteiramente idêntica ao filme original. De novo cruzar o oceano... De novo cair em um aquário... Esperava mais em termos de história, mas confesso que me diverti bastante! Um abraço!
Matheus, assino embaixo o que diz. A diversão é garantida, mas o filme é fadado ao esquecimento. Abraço!
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