LA LA LAND - CANTANDO ESTAÇÕES
DIREÇÃO: Damien Chazelle
ELENCO: Emma Stone, Ryan Gosling, J. K. Simmons e John Legend
Uma aspirante a atriz e um
pianista possuem vidas paralelas, que cruzando-se, se inicia em meio a muitos
desencontros. A paixão que atinge ambos, se transforma em um vivenciar de
sonhos, num ambiente que inspira as melhores intenções de um casal.
Como fã do estilo, este
cinéfilo que vos escreve sente-se um tanto quanto radiante ao ver um musical
ser agraciado pela crítica e pelo público pelo mundo afora, principalmente em
Hollywood. Uma recepção assim não se via desde Chicago, e nesse meio tempo,
houve o aclamado Os Miseráveis, os irregulares Dreamgirls – Em Busca de um Sonho,
Mamma Mia e Hairspray – Em Busca da Fama, além da popular franquia High School
Musical. Confesso que a minha maior ânsia era ver La La Land – Cantando Estações
e sair do cinema dizendo ser esse o segundo melhor musical dos últimos 50
anos, perdendo apenas para Moulin Rouge – Amor em Vermelho. Infelizmente isso
não aconteceu, mas isso não me impediu de ficar encantado com essa obra e
autenticar o quão merecidas estão sendo essas louvações.
O filme acaba sendo mais uma
prova do quanto o diretor Damien Chazelle consegue manter um excelente processo
de criatividade, filme após filme. Após a sua obra-prima Whiplash – Em Busca da
Perfeição, ele insiste positivamente com uma postura de criar elementos
clichês, e desenvolvê-los de maneira ousada e inovadora. Sua carreira passa a
ter um norte que recebe um positivo feedback da indústria, que passa a colocar
nele as melhores expectativas, e tudo isso para um cineasta de apenas 32 anos.
Em La La Land – Cantando Estações, também assinando o roteiro, ele consegue
centrar a trama em meio a dois jovens apaixonados. Detalhe: não é uma história
de amor, nem é uma história sobre o amor, como (500) Dias com Ela. É uma
história sobre um casal comum.
A Mia (interpretada por Emma
Stone) e o Sebastian (interpretado por Ryan Gosling), são postulantes a
artistas, inseridos na Meca da indústria e predestinados a alcançar o sucesso
almejado. Acontece que iguais a eles existem milhões, e o filme deixa claro
isso. Logo a trama tem como objetivo valorizar cada momento da vida dos dois,
pois, trata-se de um casal que se apaixona, que convive junto, que ajuda o
outro, que falha com outro... Nessas circunstâncias, Chazelle pouco se importa
se aquilo é um relacionamento duradouro e se eles farão sucesso nas artes, já
que o que almeja é celebrar o presente, ou seguindo o conselho de Vinicius de
Moraes, fazendo as coisas infinitas enquanto duram. Daí temos um filme
romântico, executado em meio a uma linda e admirável poesia, no qual, para
somar ainda mais à história, La La Land – Cantando Estações se transforma em
uma verdadeira ode a Los Angeles, mostrando diversos e belos pontos de uma
cidade, que é bem mais que a Calçada da Fama ou o Píer Santa Monica. E como não
poderia deixar de ser, a própria indústria cinematográfica é celebrada, numa
linda mescla entre o real e o surreal, seja em um muro desenhado com
verdadeiras lendas do cinema ou com passagens do filme que fazem menções a
outras obras, muitas delas musicais e que deve ter deixado muita gente
orgulhosa, inclusive o saudoso James Dean.
Numa das mais cintilantes
químicas dos últimos anos no cinema, Ryan Gosling e Emma Stone (que têm muitas
chances de serem indicados ao Oscar 2017. Ela, inclusive, como favorita) captam
e transbordam a leveza, a pureza e o encantamento existentes nos personagens,
que fazem deles as escolhas perfeitas para um filme, que também soube trabalhar
as canções necessárias e de ritmos diferentes para dar a agilidade correta da
história e, claro, de acordo com as estações em que está inserida. E aqui
citam-se as belas músicas City of Stars, Audition (The Fools Who Dream), Star a
Fire, e, claro, Another Day of Sun, que faz qualquer pessoa querer sair do
cinema dançando, e alguns até fizeram isso, como pude constatar no depoimento
de amigos e em postagens em redes sociais.
Um show de luzes em seu trabalho de fotografia, uma edição poderosa e detalhista, uma trilha sonora empolgante e emocionante. Assim se compõe La La Land – Cantando Estações, fora outros diversos detalhes. Como se não bastasse, o filme sacramenta seu poderio e seu brilhantismo com um ato final arrebatador, mostrando que a linha raciocínio lógica não usada, não desperdiça um bom desfecho, que adequadamente pode se tornar brilhante, mesmo que não seja aquilo que muitos esperam ou torce. Diante disso, só me lembro de uma das mais brilhantes frases de Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
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