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terça-feira, 4 de dezembro de 2018

AS VIÚVAS


AS VIÚVAS
DIREÇÃO: Steve McQueen
ELENCO: Viola Davis, Michelle Rodriguez, Liam Neeson, Robert Duvall, Daniel Kaluuya, Elizabeth Debicki e Colin Farrell


Criminosos acabam sendo mortos em uma emboscada da polícia americana, deixando suas respectivas famílias com dívidas e sem saberem por onde começarem para quita-las. Sendo assim, as viúvas acabam assumindo o lugar de seus maridos em um plano que deve fazer com que elas roubem uma quantia milionária, desmascarando a real vida de figuras públicas de Chicago, mas ao mesmo tempo se deparando com surpresas inacreditáveis.


Quase cinco anos após tornar-se o primeiro negro a dirigir uma produção vencedora do Oscar de Melhor Filme (12 Anos de Escravidão, no caso), Steven McQueen volta aos longas em uma obra também roteirizada por ele, mas em parceria com Gillian Flynn (autora de Garota Exemplar), querendo mostrar sua perspicácia no forte ritmo do gênero de ação, provando ainda estar disposto a ainda viver um ápice no qual vem sendo contemplado há meia-década.

As Viúvas não deixa de ser um reforço para colocar na mente de muitos que os brutos também amam. É inevitável testemunhar uma Chicago contemporânea e não se lembrar de diversas coisas que estão a nossa volta, ao mesmo tempo em que lamenta-se que tais situações não são de um local só, e a racionalidade é cada vez mais necessária. Prova disso é o contraste exibido pelo longa, sobre a criminalidade executada pelos homens e o lado família dos mesmos, que mostra quão bons maridos eles eram, sendo assim referências ocultas numa sociedade que evidenciava a política como negócio que passa de pai para filho, mas também escancarava que a mesma está longe de ser a única razão pela corrupção que existe em qualquer lugar. Típico, hein?!

Tendo suas deixas sentimentais, visto que McQueen adora um drama, independente de ambiente, o filme sabe que não há circunstância que amenize a dor da perda, que mostra-se superior a qualquer coisa, principalmente no ato de ser somada a outras tragédias. Mas a vida continua, e ela é capaz de exibir diversas formas de tensão. Ciente do fato, o diretor, mesmo em atos que tinham perfil de serem descartáveis, recheados com personagens que não disseram para o que vieram, chega a brincar com o espectador ao focalizar, numa cena, do lado de fora de um carro, uma discussão sobre as preocupações que uma campanha política brota, fazendo com que todos deixem aflorar a sua imaginação sobre qual está sendo a fisionomia das pessoas que participam desse diálogo, e que a princípio pareciam ter força o suficiente para encarar qualquer situação. Ora, somos tão pequenos, né?!

Falando em política, metaforicamente As Viúvas perpassa sobre as facetas e as ganâncias do “cidadão de bem” e sua ânsia pelo poder a qualquer custo, até focalizar nas influências que cada vez mais líderes religiosos têm na questão. Mas como o que interessa no filme são as viúvas, as mesmas se subdividem em tramas paralelas, recheadas de dúvidas, que brotam na cabeça de qualquer um, o questionamento sobre como as coisas irão se fundir. Falências, ameaças de morte e a falta de moral precisam serem revertidas, para surtir o sopro de paz no coração de quem vive o luto. Sendo assim, a obra embarca em seu objetivo central, acrescentando novos elementos, mas não conseguindo fazer de seu produto, que visa ser uma mescla de esperteza, acalanto e justiça, algo que desperte a animação de quem o assiste, que pode muito bem julgar a obra como uma história que de qualquer forma vai ter um final positivo para aquelas mulheres. Sendo assim, mesmo não sendo ruim, fica claro que As Viúvas não é executado com total excelência, e canstivo em boa parte dele, mostra que o trabalho de montagem e edição feito por Joe Walker (de Sicario – Terra de Ninguém, A Chegada e o supracitado 12 Anos de Escravidão) detém falhas, que tornam a película incapaz de impactar o suficiente até com suas fortes reviravoltas - típicas da literatura de Gillian Flynn.

Pelo menos, há de admitir que As Viúvas tem sua maior força presente em seu elenco, e pessoalmente falando, pasmo fiquei por não ter me encantado tanto com as atuações das estrelas Viola Davis, Michelle Rodriguez, Liam Neeson, Robert Duvall e Colin Farrell. Não que eles não estejam bem, mas boquiaberto fiquei com a performance antagonicamente malandra do cada vez mais maduro Daniel Kaluuya, que poderia ter sido melhor aproveitado; e principalmente da desconhecida Elizabeth Debicki, que surpreende o público na mesma proporção que a personagem se surpreende com si própria, fazendo sua Alice ser o mais interessante dos papéis, independente do deleite visual de quem a interpreta. Como assim a crítica estrangeira e os sites especializados em previsões ao Oscar têm ignorado o seu nome? Compreensão e admiração é o que impacta no ato de testemunhar a criatura e a criação dessa atriz australiana.

Possuidor de qualidades que fazem de seus defeitos serem (até certo ponto) fatos a estarem sendo relevados, As Viúvas é um filme que preocupa-se em prestar finais felizes e coerentes para todos, mas no geral não construiu um clima de adrenalina suficiente para fazer de si uma obra satisfatória em todos os quesitos, e a situação fica mais esquisita quando olhamos para alguns meses atrás e percebemos que nos divertimos mais com Oito Mulheres e um Segredo, mesmo sendo esse um filme ruim.


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