AS
VIÚVAS
DIREÇÃO:
Steve McQueen
ELENCO:
Viola Davis, Michelle Rodriguez, Liam Neeson, Robert Duvall, Daniel Kaluuya, Elizabeth
Debicki e Colin Farrell
Criminosos acabam sendo
mortos em uma emboscada da polícia americana, deixando suas respectivas
famílias com dívidas e sem saberem por onde começarem para quita-las. Sendo assim,
as viúvas acabam assumindo o lugar de seus maridos em um plano que deve fazer
com que elas roubem uma quantia milionária, desmascarando a real vida de
figuras públicas de Chicago, mas ao mesmo tempo se deparando com surpresas
inacreditáveis.
Quase cinco anos após
tornar-se o primeiro negro a dirigir uma produção vencedora do Oscar
de Melhor Filme (12 Anos de Escravidão, no caso), Steven McQueen volta aos
longas em uma obra também roteirizada por ele, mas em parceria com Gillian Flynn
(autora de Garota Exemplar), querendo mostrar sua perspicácia no forte ritmo do
gênero de ação, provando ainda estar disposto a ainda viver um ápice no
qual vem sendo contemplado há meia-década.
As Viúvas não deixa de ser um
reforço para colocar na mente de muitos que os brutos também amam. É inevitável testemunhar uma Chicago contemporânea e não se lembrar de diversas coisas que estão a nossa volta, ao mesmo tempo em que lamenta-se que tais situações não são de um local só, e a racionalidade é cada vez mais necessária. Prova disso
é o contraste exibido pelo longa, sobre a criminalidade executada pelos homens e
o lado família dos mesmos, que mostra quão bons maridos eles eram, sendo assim referências ocultas numa sociedade que evidenciava a política como negócio que
passa de pai para filho, mas também escancarava que a mesma está longe de ser a
única razão pela corrupção que existe em qualquer lugar. Típico, hein?!
Tendo suas deixas sentimentais, visto que McQueen adora um drama, independente de ambiente, o filme sabe que não há circunstância que amenize a dor da perda, que mostra-se
superior a qualquer coisa, principalmente no ato de ser somada a outras tragédias. Mas a vida continua, e ela é capaz de exibir diversas formas de tensão. Ciente do fato, o diretor, mesmo em atos que tinham perfil de serem descartáveis, recheados com personagens que não disseram para o que vieram, chega a brincar com o espectador ao focalizar, numa cena, do lado de fora de um carro, uma
discussão sobre as preocupações que uma campanha política brota, fazendo com
que todos deixem aflorar a sua imaginação sobre qual está sendo a fisionomia
das pessoas que participam desse diálogo, e que a princípio pareciam ter força
o suficiente para encarar qualquer situação. Ora, somos tão pequenos, né?!
Falando em política,
metaforicamente As Viúvas perpassa sobre as facetas e as ganâncias do “cidadão
de bem” e sua ânsia pelo poder a qualquer custo, até focalizar nas influências que cada vez mais líderes
religiosos têm na questão. Mas como o que interessa no filme são as
viúvas, as mesmas se subdividem em tramas paralelas, recheadas de dúvidas, que
brotam na cabeça de qualquer um, o questionamento sobre como as coisas irão se
fundir. Falências, ameaças de morte e a falta de moral precisam serem revertidas, para surtir o sopro de paz no coração de quem vive o luto. Sendo assim, a obra embarca em seu objetivo central, acrescentando novos elementos, mas não conseguindo fazer de seu produto, que visa ser uma mescla de esperteza, acalanto e justiça, algo que desperte a animação de quem o assiste, que pode muito bem julgar a obra como uma história que de qualquer forma vai ter um final positivo para aquelas mulheres. Sendo assim, mesmo não sendo ruim, fica claro que As Viúvas não é executado com total excelência,
e canstivo em boa parte dele, mostra que o trabalho de montagem e edição feito por Joe
Walker (de Sicario – Terra de Ninguém, A Chegada e o supracitado 12 Anos de
Escravidão) detém falhas, que tornam a película incapaz de impactar o suficiente
até com suas fortes reviravoltas - típicas da literatura de Gillian Flynn.
Pelo menos, há de admitir que
As Viúvas tem sua maior força presente em seu elenco, e pessoalmente falando,
pasmo fiquei por não ter me encantado tanto com as atuações das estrelas Viola
Davis, Michelle Rodriguez, Liam Neeson, Robert Duvall e Colin Farrell. Não que
eles não estejam bem, mas boquiaberto fiquei com a performance antagonicamente
malandra do cada vez mais maduro Daniel Kaluuya, que poderia ter sido melhor
aproveitado; e principalmente da desconhecida Elizabeth Debicki, que surpreende
o público na mesma proporção que a personagem se surpreende com si própria,
fazendo sua Alice ser o mais interessante dos papéis, independente do deleite
visual de quem a interpreta. Como assim a crítica estrangeira e os sites especializados em previsões ao Oscar têm ignorado o seu nome? Compreensão e admiração é o que impacta no ato de testemunhar a criatura e a criação dessa atriz australiana.
Possuidor de qualidades que
fazem de seus defeitos serem (até certo ponto) fatos a estarem sendo relevados, As Viúvas é um
filme que preocupa-se em prestar finais felizes e coerentes para todos, mas no
geral não construiu um clima de adrenalina suficiente para fazer de si uma obra
satisfatória em todos os quesitos, e a situação fica mais esquisita quando
olhamos para alguns meses atrás e percebemos que nos divertimos mais com Oito
Mulheres e um Segredo, mesmo sendo esse um filme ruim.
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