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domingo, 5 de maio de 2019

VINGADORES - ULTIMATO



VINGADORES - ULTIMATO
DIREÇÃO: Anthony Russo e Joe Russo
ELENCO: Brie Larson, Jeremy Renner, Paul Rudd, Robert Downey Jr, Chris Evans, Scarlett Johanson, Josh Brolin, Chris Hemsworth e Mark Ruffalo


O simples estalar dos dedos do temível vilão Thanos tem levado o universo a uma destruição em massa. Sendo assim, os heróis sobreviventes buscam uma modesta, mas necessária reunião dos Vingadores, para que o antagonista seja combatido, e o mundo possa voltar a respirar aliviado, mesmo que más consequências sejam o resultado disso tudo.


A sorte do momento oportuno fez com que crescesse a curiosidade sobre quão bem sucedido poderia ser esse desfecho de uma linha de filmes da Marvel, iniciada em 2008 com o Homem de Ferro. Isso se justifica porque não dá para conceder todos os elogios para os primeiros longas produzidos, visto que as irregularidades eram notáveis, e talvez só com Capitão América - Guerra Civil, em 2016, o campo qualitativo começou a mostrar a sua força, que curiosa e positivamente começou a se alastrar pelos outros filmes do poderoso estúdio, a ponto de fazer de Vingadores - Guerra Infinita uma das melhores obras de 2018, diferente de seus antecessores, claramente sem motivos para elogios calorosos.

Mais fortificada do que nunca, a equipe dos Vingadores em hipótese alguma busca economia, e reunindo todos os heróis e mais um pouco, incrementando até com os coadjuvantes dos filmes-solo, chega ao ápice de um pré-deslumbre aos olhos dos fãs, que aumentou a expectativa por um filme espetacular. Mas é bom que se deixe bem claro algo: tal fato é compreensível, porque Guerra Infinita (diferente dos dois primeiros) é uma excelente obra. Caso contrário, não haveria justificativa para uma ansiedade exacerbada, que preocupantemente está tornando o cinéfilo em um fanático torcedor de futebol, que sempre acha o seu time o melhor do mundo, por mais próximo da zona de rebaixamento que ele esteja.

Fazendo questão de logo informar que não há cenas pós-créditos (é inacreditável a idolatria que isso tem), Vingadores - Ultimato, corretamente investindo num emocional, surge através de momentos família, onde seus membros buscam um novo lar, para que o seu oficial ambiente familiar seja retomado. Seria uma espécie de "morrer para viver novamente". Apresentados a novos nomes, nesse segmento, nada melhor que alguém posar (cronologicamente coerente) como uma espécie de matriarca, que toma a linha de frente, para o melhor defender e impor sua força de proteção. Assim, a Capitã Marvel, em um ato, torna-se mais interessante do que em todo o seu filme lançado há poucas semanas, desbravando o além-Terra, incluindo os defensores da humanidade num espaço atípico para todos.

Dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo, detentores da total confiança de Kevin Feige (chefão da Marvel), Vingadores - Ultimato mostra que até na ficção trash, a morte não é algo tão simpes, e o passado de dúvidas só se enriquece, tornando tudo ao redor um verdadeiro mistério. Por isso, apesar da inquestionável força dos heróis, cada ato bem sucedido era uma prova de superação e crescimento, por isso o filme tem uma guinada, e torna-se uma obra mais dramática, reduzindo a ação típica de seu gênero, e trabalhando desde já uma solução para a resolução do problema maior, ao invés de, como diz a tradição, deixar com que o final da trama fosse mais interessante do que qualquer outro momento.

Para os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely, Thanos é bem mais que um pesadelo, e buscar derrotá-lo é uma tarefa onde a morte presumida está mais que presente na cabeça de um vingador, que sabe que os seus próprios defeitos podem ser, tranquilamente, os seus maiores inimigos, por isso, às vezes, a solução é voltar ao tempo e mirar um novo futuro, mas isso tem seus custos: na técnica cinematográfica, Vingadores - Ultimato teve um alastramento cansativo, o que põe é dúvida a tão defendida necessidade de que o filme durasse 3 horas de exibição, com personagens lamentavelmente incólumes (direção e roteiro se contradizeram nas explicações), uma sem-noção mudança física e psicológica no Thor, mesmo havendo um trabalhar humanitário nos heróis e dotes que indicavam mais inteligência e menos força em todos eles.

Mas fazendo justiça às qualidades da obra, Vingadores - Ultimato apresenta uma batalha, que, nos últimos 20 anos no cinema, talvez só Avatar e a trilogia O Senhor dos Anéis tenham entregue, equiparando-a ao que pode ser visto atualmente na série Game of Thrones, mostrando que força e proteção nem sempre é suficiente, portanto, na hora do desespero, lembrando o supracitado matriarcado, vamos somá-lo ao patriarcado, e deixa que "mamãe e papai" resolvem a situação, transformando o inevitável em mito, e fazendo de certas mortes, algo extraordinário e não triste.

Finais felizes nem sempre acontecem, e sequer são necessários e coerentes para qualquer filme. Nem Vingadores - Ultimato foge da ideia de que devemos deixar a vida continuar para tudo, e mesmo diante do acontecimento temível, não custa olhar pra trás e ver que muitas coisas valeram a pena. A obra, que não é ganha por Robert Downey Jr, como muitos dizem, mostra uma Scarlett Johanson num lindo bem-estar dramático, e faz justiça tanto ao Capitão América, quanto a Chris Evans (hoje um dos mais respeitáveis atores e uma das mais admiráveis pessoas de Hollywood). Um ciclo foi fechado com méritos, e atualidade é favorável a Marvel. O ideal é que a vida real imponha ao estúdio, a inteligência de muitos de seus personagens, pois quem está no auge, ali deve ficar, e assim, os questionamentos acerca desses heróis transformem-se no mesmo pó em que muita coisa desses inúmeros filmes foi reduzida nesses mais de 10 anos.



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