FROZEN 2
DIREÇÃO: Jennifer Lee e Chris Buck
ELENCO: Kristen Bell, Idina Menzel e Josh Gad
Elsa e Anna tem um reencontro com o seu passado, e ao retornarem à infância, descobrem que o seu falecido pai chegou a visitar uma floresta diferente, onde acontecimentos culminaram em uma segregação social, e seus moradores foram divididos em terra, água, fogo e ar. Tal fato será crucial para que Elsa entre em uma busca para o saber o porquê de seus poderes congelantes.
Não é exagero dizer que foi com Frozen - Uma Aventura Congelante, em 2013, que a Disney conseguiu dar um freio na própria cria - a Pixar, no caso; ao passo que os grandes sucessos da animação, entre 2004 e 2012, pertenciam ao, diríamos, sub-estúdio da toda poderosa, e não a ela propriamente dita. A história da Rainha Elsa foi uma das mais acertadas apostas, que poderia ser vista com uns pés atrás, mas transformou-se, em meio a glória, na maior bilheteria da história do cinema de animação. Foram quase US$ 1,5 bilhão arrecadados, fora que isso motivou a criação de materiais escolares, jogos, livros, quadrinhos e até um espetáculo na Broadway totalmente rentáveis. Sem nenhuma surpresa, como de praxe no gênero, uma sequência foi produzida, onde dinheiro jamais seria problema, mas frente a ela, reside o fantasma da dúvida se seria a mais nova vítima das continuações mal sucedidas da Disney, que, por sinal, não são poucas.
Frozen 2, dirigido por Jennifer Lee e Chris Buck, sabe que revivais da infância sempre encantam, seja da rainha, da princesa ou até mesmo de seus pais. Apesar de ter se envolvido em polêmicas lá em 2013, a linha, corretamente, ainda consegue propagar a beleza existente no amor entre irmãs, ratificado pela própria direção: "A força de Frozen é o laço entre Anna e Elsa e a
relação de irmandade que elas compartilham. Essa ligação começou no primeiro
filme e permaneceu ao longo do segundo, e é isso o que as pessoas querem ver.
Os fãs apreciam as irmãs e a ligação entre elas. Não importa pelo o que elas
passem, a força e o amor demonstrado pelas duas faz com que elas superem os
obstáculos. Isso é importante. O amor entre irmãs é mais forte que um
romance", assim afirmou Buck. Com um notável aumento na importância das relações familiares, aliado a uma mensagem pró-meio ambiente, a franquia encontrou um norte para a sua sequência, onde, apesar de algumas coisas nunca mudarem, sua produção, seus personagens e seu público continuam firmes, de mãos dadas, caminhando para o sucesso.
A curiosidade é que Frozen 2, desta vez, tem efetivamente no time de roteiristas o casal Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez - compositores que ganharam o Oscar de Melhor Canção com "Let It Go", além de uma outra estatueta, em 2018, com "Remember Me", do filme Viva - A Vida é uma Festa. Assim, ficou bem notável o toque criativo de ambos na concepção de certas cenas, onde além da beleza de algumas canções, a maneira como elas são interpretadas transbordam um impacto, que conseguem engrandecê-la, tal qual o ato que o filme está executando. Não a toa, eles devem voltar, este ano, a disputar o maior prêmio do cinema, com "Into the Unknown", apesar de, particularmente, ter preferido, neste filme, "Lost in the Woods".
Com uma linda fotografia, que tão bem valorizou os quatro elementos da natureza, Frozen 2 prega que o passado não é o que parece, ao mesmo tempo que nunca é tarde para a reparação de erros. Assim, a trama consegue, em certo ponto, retomar certas curiosidades que o público tinha, além das perguntas sem respostas, que embaralhavam a cabeça de Elsa e Anna. Acontece que, infelizmente, a obra não está imune a percalços, e talvez um certo exagero mal dosado de números musicais, sem um desenvolvimento coeso da história, deixou as coisas um tanto quanto arrastadas. Em contrapartida, o longa soube trabalhar bem novos personagens, e a investigação da dor maior das irmãs nos contempla com metáforas dos males que vem para o bem, inclusive em questões familiares, como contrapor alguém para não metê-la em uma encruzilhada maior. Desta forma, reforçado está o poderio da Elsa, que, em meio aos mistérios do mar, com um belo espetáculo de imagens do filme, faz um sábio uso de seu poder, escancarando que ela, diferente da grande maioria das princesas da Disney, não é uma falsa moralista, o que intensifica o seu belo diferencial.
Dramático ao extremo, Frozen 2 não se censura em pôr em prática verdadeiros acertos de contas com o passado, mesmo que envergonhantes e inconvenientes realidades venham à tona. Apesar disso, algumas lutas são como sonhos: não conseguimos agir no momento em que é mais necessário. Diante disso, o grande apreço que o público tem pela irmãs não interfere na confiança que temos nelas, e ainda mantém o filme em alta, apesar de, em alguns momentos, os supracitados novos personagens saírem de cena e ninguém sentir falta - o que não deixa de ser um furo do roteiro.
A verdade é que Frozen 2 é o retrato perfeito da renovação de um gênero, que mostra-se cada vez mais disposto a avançar, trabalhando ideologias racionais e maduras. Infelizmente, não posso dizer que o filme tenha me ganho por inteiro, apesar dos inúmeros méritos, mas é fato que a maioria dos críticos curtiu, e, em hipótese alguma, ele deve ficar no marasmo. Agora, se não for pedir bastante, que não haja uma nova sequência. As mensagens e as características de Elsa e Anna são mais fundamentais para terem continuidade na arte, do que o próprio filme em si.




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