BOYHOOD - DA INFÂNCIA À JUVENTUDE
DIREÇÃO: Richard Linklater
ELENCO: Ellar Coltrane, Ethan Hawke, Patricia Arquette e Lorelei Linklater
O filme conta a história de um casal de pais divorciados
(Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar
Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze
anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele
vai amadurecendo.
Coincidentemente (mas será que
coincidências existem?) vi Antes da Meia-Noite dias antes de conferir Boyhood –
Da Infância à Juventude. É incrível como que no primeiro, mesmo em tão poucos
atos, o ato de testemunhar momentos simples, fortes e marcantes na vida de um
casal torna-se chamativo, sem apelação e abusando positivamente da realidade,
que muitos se negam a crer nela. Tais atributos do diretor/roteirista Richard
Linklater não são de agora, pois seu mais novo filme é um ousado projeto
iniciado há 12 anos, em que a vida de um garoto é o centro da trama, e o temido
resultado satisfaz a todos.
Uma história central não existe.
A preocupação é com a evolução na vida do Mason (vivido por Ellar Coltrane) não
só em seu mundo particular de criança até a adolescência, como também seu
ambiente familiar, que não era dos mais comuns para os padrões mundiais. E tudo
isso sem fugir aos aspectos históricos mais impactantes do período vivido. O
mais interessante desse ponto é que, com uma sociedade mais crítica com relação
à exposição do ambiente familiar nas artes, porém tendo diversos posicionamentos
ao longo desses 12 anos, Linklater consegue amenizá-los ou até mesmo desmistificá-los
seguindo uma única linha de raciocínio. Já é um tanto quanto retrógrado apontar
que a separação dos pais é um mal para a criação de um filho. O que se vê em
Boyhood é uma aula de que uma família não tradicional não é necessariamente
desestruturada. São métodos inadequados para a construção de um ambiente que
compromete a criação de um ser. Os filhos ficam com a mãe? Ok. A mesma dispõe
de seu tempo para levá-los para o colégio, auxilia nas atividades escolares, cuida
da alimentação, põe para dormir, e ainda vai cursar sua faculdade. Onde está o
pai nessa história? O pai leva-os para passear, viajar, pratica com os mesmos
atividades recreativas, conversa sobre os amigos, as primeiras paixões. E
querem saber mais? Nem a mãe, nem o pai, tentam usar os filhos para colocá-los
contra o outro. Como que só acontecem em filme? De jeito nenhum. É muito precipitado
acreditar que dois seres se odeiam após um divórcio, mas um pouquinho de fé na
humanidade não faz mal a ninguém. Assim, não nos espantamos ao nos deparar com
a civilidade reinando em relações pessoais.
E em uma fase em que jovens são ciumentos quanto a outros
casamentos dos pais, em Boyhood existe a compreensão, o apoio e a ajuda na
construção de uma nova história. Para a construção dos pais, Richard Linklater
confia tais responsabilidades para os espetaculares Patricia Arquette e Ethan
Hawke. A primeira é uma mulher controladora, rígida, exigente com as responsabilidades
dos filhos, mas sem perder a doçura, a serenidade. Tal fato quebra uma imagem já
transposta em vários filmes, de mães que amam muito seus herdeiros, mas que são
sempre estressadas e que passam sermões diariamente. Rigidez não é sinônimo de
zanga. Já o pai é o sujeito brincalhão, compreensível, que, por não passar
tanto tempo com suas crias, exibe o caráter do amigão, para fazer sempre por
merecer o título “Meu Pai, Meu Herói”.
No que objetivo central de Boyhood era seguir
dozes anos da vida de um garoto, Richard Linklater constrói uma sociedade onde
cada pessoa apresenta virtudes admiráveis e ensinamentos de que o ser humano
não precisa ser aquele que todos querem que ele seja, nem se amedrontar em
tocar sua vida em meio a um senso comum que diz que tudo dará errado. Novos
tempos existem e vão chegando, e nós, quando percebemos, já estamos inclusos
nele. Querendo ou não, a adaptação a um novo meio fala mais alto, e como no
final tudo dá certo, percebe-se que há sim várias formas de ser feliz e fazer
tudo valer a pena.
Fonte da Sinopse: Adoro Cinema
3 comentários:
Estou bem ansiosa para assistir a esse filme!
To louco pra ver esse filme. Deve ser demais.
http://filme-do-dia.blogspot.com.br/
Kamila - Vale a pena esperar
Kahlil - É muito bom. Vamos ver se vai se consagrar na Awards Season
Abraços
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