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domingo, 4 de julho de 2021

EM UM BAIRRO DE NOVA YORK


EM UM BAIRRO DE NOVA YORK
DIREÇÃO: Jon M. Chu
ELENCO: Anthony Ramos, Melissa Barrera, Leslie Grace, Daphne Rubin-Vega e Olga Merediz


Uma grande comunidade de pessoas nascidas na América Latina ou descendentes de latinos vive no bairro Heights, em Nova York. O jovem Usnavi e seus amigos têm empregos modestos, mas dignos. Mesmo assim, as condições desfavoráveis não os impede de sonhar e buscar um lugar melhor ao sol.

Mesmo dividindo opiniões, onde os detratores persistem em afirmar que não tem lógica uma pessoa simplesmente acordar e sair cantarolando pelas ruas, é inegável que o gênero musical possui uma magia e um encantamento especial para os amantes do cinema, que tanto o veneram. Se formos lembrar dos grandes clássicos da sétima arte, há lugar para Cantando na Chuva, A Noviça Rebelde, O Mágico de Óz, dentre outros. Infelizmente, o século XXI não é possuidor de muitos exemplos de longas de extrema qualidade para o segmento. Moulin Rouge - Amor em Vermelho, Chicago e La La Land - Cantando Estações talvez sejam os únicos exemplos, por isso ver uma nova obra-prima como Em um Bairro de Nova York, é de nos fazer agradecer a Deus que existem os musicais.

Toda criança adora uma história bem contada e nada melhor do que os seres que estão na introdução de suas vidas, sentarem para ouvirem como se tem início um pequeno sonho, com total capacidade de ser engrandecido. Dirigido por Jon M. Chu, responsável pelo excelente Podres de Ricos (melhor romance de 2018), Em um Bairro de Nova York é uma ode à latinidade, que explora o obamista "sonho americano" do ponto de vista de quem nasceu longe do muros anglo-saxões da América, intercalando sua defesa suprema com outros ramos minoritários da sociedade, que não estão imunes a segregação em lugar algum, tampouco nos Estados Unidos.

Escrito por Quiara Alegria Hudes, o musical, que segue a estrutura dos premiados Evita e Os Miseráveis, até possui mais diálogos que estes, mas exala bem mais ideias do que a própria fonografia em si. De certa forma, é complicado para os personagens, diante das circunstâncias e da desigualdade de condições que nos deixam arrasados, se perguntarem: Estou disposto a realizar meus sonhos? Apesar da premissa, Em um Bairro de Nova York consegue driblar todos os caminhos que o levaria para um dramalhão clichê, e consegue se manter seguro em meio a atos que esbanjavam alegria e otimismo, onde mesmo nos chatos momentos em que devemos deixar a vida continuar, espalha-se um sentimento de que o melhor estímulo sempre será a vitória de quem está ao nosso lado e não o fracasso de nosso companheiro, por isso a cabeça erguida e o sorriso no rosto é um mandamento que todos seguem rigorosamente.

Eficazmente montado por Myron Kerstein, o longa perpassa a história contada e a história vivida, em meio a ambições pessoais e profissionais, sem perder nenhuma conexão entre seus atos e subtramas. Logo, para um filme com mais de 2 horas e meia de duração, Em um Bairro de Nova York não é cansativo e não faz com que algo caia no esquecimento em seu passar de cenas. Na salada de sonhos, dores e cores, há espaço para uma inserção na contemporaneidade da defesa de direitos, como pôde ser conferido numa clara alusão à atual Vice-Presidente dos Estados Unidos Kamala Harris, que mesmo não sendo possuidora de ascendência latina, tornou-se uma referência por ser filha de imigrantes. Mas se falta latinidade na figura política, sobra no elenco do filme, onde o destaque maior vai para a emocionante cubana Olga Merediz e para a cativante panamenha Daphne Rubin-Vega, que mostraram nunca ser tarde demais para encantarem Hollywood. Enquanto isso, no quesito futuro, que todos tenham olhos para Anthony Ramos, que após Nasce um Estrela e Hamilton, mostra neste filme que ainda vamos falar bastante dele e no melhor dos casos.

Mas é óbvio que não se deve falar de Em um Bairro de Nova York e não citar o espetacular Lin-Manuel Miranda, que enquanto produtor, ator, roteirista e compositor da trilha sonora, estabelece seu nome como um dos mais fortes no cinema da atualidade, capaz de nos brindar com novidades e resgatar com louvor o que nos traz nostalgia, resumindo sua carreira como algo em que tudo que ele toca vira ouro. Envolvendo-nos com a coreografia sem gravidade e animando-nos a levantar nossas bandeiras e dançar ao som de "Carnaval del Barrio", ele, com todo respeito ao diretor Jon M. Chu e aos demais profissionais, é a transmissão do que há de mais primoroso nas raízes latinas, enfatizando que problemas existem, mas alegria também não falta para enfrentá-los. E alegria é o sentimento perfeito para quem se deixa envolver com este que é o primeiro grande filme de 2021. 


 

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