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quinta-feira, 15 de julho de 2021

VIÚVA NEGRA

 


VIÚVA NEGRA
DIREÇÃO: Cate Shortland
ELENCO: Scarlett Johansson, Rachel Weisz e Florence Pugh


Uma nova e perigosa conspiração recai sobre Natasha, onde seu passado torna-se cada vez mais atormentado, por isso ela tem que confrontar esses novos monstros que a assombra. Duramente perseguida, a Viúva Negra retoma a sua vida de espiã, enaltecendo o seu lado heroína, mas desta vez tendo em seus familiares, os parceiros perfeitos nesta luta do bem contra o mal.

A Marvel concluiu uma trajetória com os mais bem sucedidos super-heróis da história do cinema em meio a um auge que, de certa forma, é até merecido, após todos esses anos sendo taxada de produtora mais caça-níquel do que preocupada com a qualidade de suas obras, capaz de multiplicar bilheterias, mas brotando em todos o sentimento de que o filme deixou a desejar. Lembra-se que 2018 foi um ano diferente: películas entre as melhores do ano e uma aclamação na temporada de premiações: Pantera Negra foi o primeiro longa de super-heróis indicado ao Oscar de Melhor Filme, saindo da festa com 3 estatuetas: Melhor Trilha Sonora, Melhor Figurino e Melhor Design de Produção. Com Viúva Negra, eles dão um ar de nostalgia para os Vingadores, após um tempo segurando um filme solo, que foi adiado, à princípio, pela sua própria falta de interesse e, posteriormente, devido a pandemia de coronavírus. O fato é que o longa peca em muitos pontos e inclusive nos dá uma ansiedade para que venham logo Os Esternos, que marca a nova fase do poderoso estúdio, ligado à Disney.

Dirigido pela cineasta australiana Cate Shortland, bem desconhecida em Hollywood, mas que teve a sua escolha muito defendida por Scarlett Johansson, Viúva Negra introduz uma trama que corajosamente joga, na mesma cova dos leões, a atriz mais bem paga do mundo e os fenômenos ingleses Rachel Weisz e Florence Pugh. O porém é que deve-se deixar bem claro que, diante dessas três, num primeiro momento, o felino ficou bem manso. Prova disso é um prólogo em que cortes são exibidos ao som de "Smells Like Teen Spirits", do Nirvana, ou seja, tudo cheira a desodorante de adolescente, mostrando uma certa rebeldia, onde o plano, acima de tudo, é enaltecer uma vingadora de poucos sorrisos. Sendo assim, nada melhor do que encaixá-la em uma família que faz jus a uma passagem cantada por Kurt Cobain, que diz: "Eu sou o pior no que faço de melhor, e por essa dádiva me sinto abençoado. Nosso pequeno grupo sempre foi assim e sempre será até o fim".

A heroína em si em nada deixa a desejar. Podem ser citadas características válidas, como um invejável sistema imunológico, fisiologia geneticamente modificada, acrobata, mestre em artes marciais, poliglota, superdotada, sedutora, perita em táticas de guerrilha e em armas de fogo, e, claro, uma ótima espiã. Logo, temos aqui oito virtudes que justificam o seu poderio e poderiam ser uma base bem estruturada para uma louvável trama dedicada a este admirado personagem, que merecia até mais valor por parte da Marvel. Ciente de que se trata de um filme de ação, Viúva Negra não economiza nos causos e exibe-se em cenas de luta, que em muito lembram filmes das franquias 007 e Missão Impossível, provando que pode sim haver uma versão feminina para James Bond e Ethan Hunt. Acontece que a diferença é que essas duas séries já consolidadas na sétima arte possuem algo que este longa da heroína não tem: conteúdo.

Escrito por Eric Pearson (do trágico Kong vs Godzilla), Jac Schaeffer (da elogiada série Wandavision) e pelo desconhecido Ned Benson, a obra comete o pecado dos filmes de gênero, no tocante em que se acredita que cenas de ação que entretem, conseguem se sobressair ao contexto que as arquitetam. Em meio a exageros e até efeitos visuais falhos, o aborrecimento torna-se quase inevitável e a busca pelo conteúdo perfeito esbarra em um dramalhão familiar desinteressante, onde nem as forçadas caras e bocas de choro de Rachel Weisz conseguem cativar os mais adoradores de Natasha ou aqueles cinéfilos progressistas que sempre defenderam este filme. É bom deixar claro que a heroína é bem mais que qualquer grupo de defensores da sociedade que ela venha a ser incluída. Digo isso porque os demais filmes solos da Marvel acabavam por incluir tantos outros heróis, que mais pareciam uma amostra grátis d'Os Vingadores, e quando vem Viúva Negra se esquivando de abrir espaço para um "colega", o longa cita em exagero a bilionária franquia, o que brota em todos o sentimento de que tudo aquilo não era necessário.

Objetivando acima de tudo fechar um ciclo com uma obra de redescobrimento, Viúva Negra foi incapaz de mostrar a sua identidade, ratificando que seu estúdio mais falhou do que acertou em suas tramas individuais de seus principais personagens. Assim, nos perguntamos: como fazer da reunião dos mesmos um apoteótico encontro, repleto de química, querendo que os heróis ainda sejam uma face a ser levada a sério em cada arte que os retrata, numa atualidade em que filmes aos montes sobre eles estão sendo lançados? Pelo menos, o longa nos brinda com Florence Pugh – uma jovem atriz que tem tudo para ser a Jennifer Lawrence desta década. Entendedores entenderão!

 


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