LIVRE
DIREÇÃO: Jean-Marc Vallé
ELENCO: Reese Witherspoon, Laura Dern e Gabby Hoffman
2 INDICAÇÕES AO OSCAR
Cheryl (Reese
Witherspoon) é uma jovem viciada em heroína, que após perder a mãe e passar por
um divórcio, decide jogar tudo por alto e adentrar a uma natureza desértica e
selvagem. O resultado disso são mais de mil quilômetros percorridos pela costa
oeste do Estados Unidos.
Desde quando surgiram as primeiras imagens de Livre, muitos se perguntaram se tratava-se de uma versão feminina de 127 Horas ou Na Natureza Selvagem – algo perfeitamente compreensível. Agora fazer uma comparação entre as duas obras após conferir a que está em questão é absurda. Mesmo que os longas estrelados por James Franco e Emille Hirsch sejam ótimos, Livre, também baseado em fatos reais, tem personalidade própria e constrói uma trama emocional, encabeçada por uma personagem que trazia consigo um espírito aventureiro, reflexivo e de reencontro com si mesma. Nessas circunstâncias, muito nos assusta que tal papel tenha sido confiado a Reese Witherspoon. Mas para felicidade geral, seus recentes dotes irregulares foram substituídos por um ato de reviver seus bons momentos como atriz.
A princípio, Livre até parece
ser uma obra simples, já que o que motivava a personagem Cheryl em pouco se
diferenciava de trejeitos e atitudes daquilo que a psicologia julgaria como
coisas da idade, mas chega-se o momento que é transposto que a vida da jovem
nunca foi um mar de rosas, por razões em que não só ela, mas a mãe e o próprio
destino tinham suas dose de responsabilidade, e tal decisão de passar a ser uma
mochileira pela região desértica americana mais parecia um grito de desabafo,
um isolamento para ver qual é a real razão do seu ser, e nisso acabar
refletindo que a vida tem seus perigos seja ela vivida em uma sociedade
gigantesca ou de maneira amíngua. Aí tudo o que já foi vivido é relembrado e é
trazido a tona quem realmente é importante, onde falhamos... Logo, carregar uma
mochila pesada por mais de mil quilômetros parece pequeno perto do peso que
existia na consciência de Cheryl, que, em seus atos sem o mínimo pudor, queria
perceber se havia a possibilidade de existir outro alguém dentro de si.
Fisicamente e Psicologicamente, Reese
Whiterspoon (indicada ao Oscar 2015 de Melhor Atriz por este filme) acabou sim
sendo um acerto em cheio para a personagem que, bem à vontade nas diversas
fases etárias da Cheryl, não demonstra perder a conexão com a ela, dosando sem
exageros seu poderio dramático e não se censurando em cenas em que a maturidade
e sensualidade eram imprescindíveis – entregando aquilo que há muito tempo se
esperava dela. Reese, que se consolidou em 2001 como a Legalmente Loira,
ganhou o Oscar em 2006 por Johnny & June e depois transformou-se na
Garota Avon, deixa as recentes irregularidades de lado e faz jus a mais uma
indicação ao mais importante prêmio do cinema.
Interpretando a mãe de Cheryl, temos
Laura Dern (Indicada ao Oscar 2015 de Melhor Atriz Coadjuvante) que não faz de
sua personagem um fator apenas aditivo para o filme, conseguindo se destacar ao
assumir um caráter no momento em que tudo girava ao contrário.
Bem metafórico, Livre é um
filme que vale a pena e que apenas usa uma peregrinação pelo deserto como um
simples detalhe, pois tudo o que valia era um testemunhar sobre os percalços
precoces que assolam a vida de um ser humano e que o mesmo tenta, em gestos
desesperadores, encontrar forças em qualquer lugar. Sendo assim, é a vida que
segue.
2 comentários:
Não curti muito o filme. Reese tá muito bem, e gosto da Montagem, por exemplo, mas tem várias divagações que não me convencem. Além disso, acho a narração em off da personagem bem desnecessária e forçada. No mais, ótima crítica!
Matheus - Obrigado. Compreendo aqueles que não gostaram. Apesar de ter me agradado, "Livre" não é um filme para eu lembrar como dos melhores.
Abraços
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