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domingo, 8 de fevereiro de 2015

O JOGO DA IMITAÇÃO


O JOGO DA IMITAÇÃO
DIREÇÃO: Morten Tyldum
ELENCO: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley e Matthew Goode
8 INDICAÇÕES AO OSCAR



Durante a Segunda Guerra Mundial, os alemães usufruíam de um código para enviar mensagens para seus submarinos durante os conflitos. Diante disso, o governo inglês montou uma equipe de inteligência para decifrar tais enigmas. Mesmo antipatizado por muitos a sua volta, o jovem Alan Turing (Benedict Cumberbatch), abusa de lógica e profissionalismo para, liderando a equipe, construir uma máquina de decodificação, com o intuito de que os britânicos já soubessem das estratégias adversárias. O projeto é complicado e Alan terá que aprender a trabalhar em equipe para o sucesso do mesmo.  



O Jogo da Imitação é um filme que traz a tona uma história com denotações heróicas pouco conhecidas, que exibe um lado patriótico, além de uma intelectualidade e inteligência de um personagem que encanta a todos, e tudo isso dentro do contexto da Segunda Guerra Mundial – que é um fato histórico retratado em diversos produtos da sétima arte e que têm uma popularidade muito alta. Logo, a trama, de maneira não surpreendente e com um visivelmente eficaz trabalho de pesquisa, acabou por agradar a grande maioria. Agora, felizmente existem pessoas (e não sou só eu) que não conseguiram deixar passar incólumes os defeitos da produção.

Talvez o grande enigma mesmo seja o real objetivo do diretor Morten Tyldum, já que diante de um espectador sem uma informação prévia, transparece uma sucessão de atos que apresentam o trabalho da inteligência britânica na guerra como um simples ponto, talvez até digno de menosprezo, perante os grandes esforços para saírem vencedores das batalhas. O ritmo de O Jogo da Imitação não traz uma agilidade compatível com o processo transposto, que, vale ressaltar, estava tentando desestabilizar a Alemanha nazista de Adolph Hitler. E nesse ponto, o clímax da guerra é praticamente oculto, a não ser por inserções de imagens reais que pouco contribuíram. Sendo assim, todos os personagens mais pareciam ser universitários que estavam criando um projeto, orientado por uma suprema hierarquia não tão ligada e num utópico cenário de conflitos entre países europeus.

No geral, O Jogo da Imitação pode ser considerado um filme onde tudo é mal aproveitado. Não só pela falta de ação, mas por outro fator que seria uma faca e um queijo nas mãos de Tyldum e sua equipe: a homossexualidade de Alan Turing, que mais parece ser um problema pessoal e de preocupação para/com Joan Clarke (Keira Knightley). O desejo de expor Alan como alguém bem maior do que a sua opção sexual para uma sociedade passada bem mais homofóbica do que a atual, e dentro de um contexto histórico machista, ficou como algo simples, quando poderia ser um fator de superação para os padrões da época. E como se não bastassem as visíveis falhas, O Jogo da Imitação estrutura sua trama mesclando-a com flashbacks desnecessários da juventude de Turing.

Benedict Cumberbatch e Keira Knightley (indicados ao Oscar 2015 de Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente) fazem um trabalho agradável, dignos de louvor pela liderança exercida. Estão eles espetaculares? De forma alguma. Mas vale ressaltar que Cumberbatch está em alta pelos seus trabalhos na televisão e por, nos últimos anos, estar presente em filmes sucessos de crítica e bilheteria, como a trilogia O Hobbit, a saga Star Trek, o drama Álbum de Família e o premiado 12 Anos de Escravidão. Logo, é uma coroação ao bom momento que ele vive na carreira, e que, de quebra, carrega a Elizabeth de Piratas do Caribe para curtí-lo com ele.

Indicado a 8 Oscars e com uma linda trilha sonora de Alexander Desplat, O Jogo da Imitação consegue apresentar ao mundo uma boa promoção do nome de Alan Turing, bem maior e mais merecedora do que ela recebera antes, mesmo que a trama coloque em dúvida se ele era individualista ou patriota. Eis um filme que agradou bastante aqui e é tratado com desconfiança lá. Mas assim como o também irregular A Teoria de Tudo, brota em todos um desejo de ver o personagem real e protagonista receber melhores homenagens no futuro e na arte em questão.



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