O JOGO DA IMITAÇÃO
DIREÇÃO: Morten Tyldum
ELENCO: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley e Matthew Goode
8 INDICAÇÕES AO OSCAR
Durante a Segunda Guerra
Mundial, os alemães usufruíam de um código para enviar mensagens para seus
submarinos durante os conflitos. Diante disso, o governo inglês montou uma
equipe de inteligência para decifrar tais enigmas. Mesmo antipatizado por
muitos a sua volta, o jovem Alan Turing (Benedict Cumberbatch), abusa de lógica
e profissionalismo para, liderando a equipe, construir uma máquina de
decodificação, com o intuito de que os britânicos já soubessem das estratégias
adversárias. O projeto é complicado e Alan terá que aprender a trabalhar em
equipe para o sucesso do mesmo.
O Jogo da Imitação é um
filme que traz a tona uma história com denotações heróicas pouco conhecidas, que exibe um lado patriótico, além de uma intelectualidade e inteligência de um
personagem que encanta a todos, e tudo isso dentro do contexto da Segunda
Guerra Mundial – que é um fato histórico retratado em diversos produtos da
sétima arte e que têm uma popularidade muito alta. Logo, a trama, de maneira não
surpreendente e com um visivelmente eficaz trabalho de pesquisa, acabou por
agradar a grande maioria. Agora, felizmente existem pessoas (e não sou só eu)
que não conseguiram deixar passar incólumes os defeitos da produção.
Talvez o grande enigma mesmo
seja o real objetivo do diretor Morten Tyldum, já que diante de um espectador sem
uma informação prévia, transparece uma sucessão de atos que apresentam o
trabalho da inteligência britânica na guerra como um simples ponto, talvez até
digno de menosprezo, perante os grandes esforços para saírem vencedores das
batalhas. O ritmo de O Jogo da Imitação não traz uma agilidade compatível com o
processo transposto, que, vale ressaltar, estava tentando desestabilizar a
Alemanha nazista de Adolph Hitler. E nesse ponto, o clímax da guerra é
praticamente oculto, a não ser por inserções de imagens reais que pouco
contribuíram. Sendo assim, todos os personagens mais pareciam ser
universitários que estavam criando um projeto, orientado por uma suprema
hierarquia não tão ligada e num utópico cenário de conflitos entre países
europeus.
No geral, O Jogo da Imitação
pode ser considerado um filme onde tudo é mal aproveitado. Não só pela falta de
ação, mas por outro fator que seria uma faca e um queijo nas mãos de Tyldum e
sua equipe: a homossexualidade de Alan Turing, que mais parece ser um problema
pessoal e de preocupação para/com Joan Clarke (Keira Knightley). O desejo de
expor Alan como alguém bem maior do que a sua opção sexual para uma sociedade
passada bem mais homofóbica do que a atual, e dentro de um contexto histórico
machista, ficou como algo simples, quando poderia ser um fator de superação
para os padrões da época. E como se não bastassem as visíveis falhas, O Jogo da
Imitação estrutura sua trama mesclando-a com flashbacks desnecessários
da juventude de Turing.
Benedict Cumberbatch e Keira
Knightley (indicados ao Oscar 2015 de Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante, respectivamente)
fazem um trabalho agradável, dignos de louvor pela liderança exercida. Estão eles
espetaculares? De forma alguma. Mas vale ressaltar que Cumberbatch está em alta
pelos seus trabalhos na televisão e por, nos últimos anos, estar presente em filmes
sucessos de crítica e bilheteria, como a trilogia O Hobbit, a saga Star Trek, o drama Álbum de Família e o premiado 12 Anos de Escravidão. Logo, é uma coroação ao bom momento que ele vive
na carreira, e que, de quebra, carrega a Elizabeth de Piratas do Caribe para curtí-lo
com ele.
Indicado a 8 Oscars e com uma linda trilha sonora de Alexander Desplat, O Jogo
da Imitação consegue apresentar ao mundo uma boa promoção do nome de Alan
Turing, bem maior e mais merecedora do que ela recebera antes, mesmo que a trama coloque em dúvida se ele era individualista ou patriota. Eis um filme que
agradou bastante aqui e é tratado com desconfiança lá. Mas assim como o também
irregular A Teoria de Tudo, brota em todos um desejo de ver o personagem real e
protagonista receber melhores homenagens no futuro e na arte em
questão.
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