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domingo, 22 de março de 2015

ACIMA DAS NUVENS


ACIMA DAS NUVENS
DIREÇÃO: Olivier Assayas
ELENCO: Juliette Binoche, Kristen Stewart, Chloe Moretz e Lars Eldinger


Em Acima das Nuvens, Juliette Binoche interpreta Maria Enders, uma atriz que ficou consagrada 20 atrás, mas que atualmente vê seu espaço sendo ocupado por jovens atrizes. Sua perturbação aumenta quando o seu papel mais famoso será interpretado por JoAnn (Chloe Moretz). Convidada a participar do projeto, ela viaja para os Alpes Suíços ao lado de sua assessora (interpretada por Kristen Stewart) para buscar inspiração para o novo trabalho e refletir sobre como anda a vida.


Certa vez uma das minhas ex-professoras postou uma foto em uma rede social, na qual visitava uma exposição e postou um comentário em que afirmava que se pudesse voltar a sua vida para apenas um segmento, o artístico-cultural seria o escolhido. Estou no mesmo barco que ela e Acima das Nuvens embarca no universo das artes de maneira tão sutil e gostosa que é difícil acreditar que alguém possa considerá-lo um filme ruim.

Sem a mínima pressa, o filme não se vê na necessidade de ir logo trabalhando sua trama central e investe em um ato sentimental, onde só quem valoriza a arte sabe como é muito bom ver um dignatário ter suas vida e obra sendo homenageadas com todas as honrarias, assim como também é triste ver sua missão na terra sendo findada - o que significa uma amputação para os admiradores, sejam eles conhecidos ou não do ser. Nesse elo de alegria e tristeza, percebemos que vale a pena sim valorizar aquilo que Leonardo Da Vinci afirma ser algo que diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível.

Mesmo considerando seu filme como uma produção francesa, o diretor Olivier Assayas (ex-crítico da lendária revista Cahiers Du Cinema) diz que preferiu que o mesmo fosse falado em inglês para dar mais veracidade nos assuntos trabalhados. E acertou em cheio, pois Hollywood é um exemplo nato de que, diferente do que acontecia há 60 anos, hoje nem sempre o(a) mais popular ator(a) é o(a) mais talentoso(a). Ver seu espaço sendo ocupado por uma nova estrela pode facilmente, no mínimo, frustrar um membro da indústria, mas isso não quer dizer que haja inveja. Vai ver muitos ficam se perguntando o motivo de ainda darem credibilidade e emprego para um jovem já fichado na polícia várias vezes, seja por dirigir embriagado, por brigas ou consumo por drogas. Mas um cerne do filme está no ato de mostrar que podemos estar longe demais no julgamento ao próximo e aceitar que na carreira, os altos e baixos existem, e talvez nem tenha antagonismo em quem criticamos. Como diria uma das mais amadas letras da música nordestina: “Se avexe não, observe quem vai subindo a ladeira. Seja princesa ou seja lavadeira, pra ir mais alto vai ter que suar”. O mandamento é aceitação e vamos descobrir nossas vida e carreira de outra e adaptarmo-nos àquilo que o destino reservou pra gente, já que dá moral às injustiças pode ser de um mal danado a qualquer um, e a satisfação pessoal sempre estará ao alcance de qualquer um e há sim a possibilidade de sermos felizes, enquanto outros também são.

Com um elenco bem estruturado, vemos Acima das Nuvens ser protagonizado por uma firme e precisa Juliette Binoche, que diante da inconstância da personagem não perde o elo com a personalidade da Maria dando autenticidade a cada situação em que a mesma se incluía. A escalação de Chloe Moretz foi acertada por ela não se tratar de uma atriz que mereça um “pé atrás” por parte de todos. Não está mal no papel, mas não representou algo marcante já que sua personagem pode fazer qualquer intérprete ficar caricato. Quanto a Kristen Stewart, acho que já está na hora de eu e muita gente pedirmos desculpas pelo tanto que falamos mal dela nos últimos 7 anos desde que estreou Crepúsculo. Sua Valentine mostra um apoio incrível a Binoche, fazendo o papel crescer absurda e positivamente na trama, onde sua ausência é sentida. A eterna Bella Swan não deixa por menos em sua carga dramática e sua desenvoltura no quesito expressão facial já é notável e admirável. Kristen fez história ao se tornar a primeira atriz americana a vencer o César (maior prêmio do cinema francês). Tal honraria veio por este filme. Será que em pleno março de 2015 há força para ela chegar ao Oscar 2016? Nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas merecimento existe.

Ganhos, perdas, alegrias, frustrações, reconquistas, questionamentos, superação... A vida não para e deve-se admitir que cada luta deve ser incansável e nossos esforços nem sempre são suficientes. A persistência é um lema, mas, às vezes, por mais que seja encarada como uma derrota, consideramos justa a reclusão para que apenas possamos nos sentir bem e felizes com nós mesmos. Acima das Nuvens vale muito a pena.


2 comentários:

Anônimo disse...

Eu também achei esse filme ótimo, o diretor vai traçando seus caminhos de forma linda, Binoche está linda como sempre e Stweart mostrando que sabe atuar. Ótimo filme.

Movie Eldridge
http://movieseldridge.blogspot.com.br/

Brenno Bezerra disse...

Chris, é um filme que me fez sentir bem durante todo o seu andamento. Kristen foi uma grata surpresa.

Abraços