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sábado, 14 de março de 2015

RELATOS SELVAGENS


RELATOS SELVAGENS
DIREÇÃO: Damián Szifron
ELENCO: Ricardo Darin, Oscar Martinez, Leonardo Sbaraglia e Erica Rivas
1 INDICAÇÃO AO OSCAR 


A vida não é fácil, devemos nos acostumar com isso. A imprevisibilidade faz com que personagens se surpreendam com suas próprias atitudes, onde diante de fatos trágicos que parecem querer atingir a uma só pessoa, leva um ser humano a perder todo o controle de seu psicológico.


Hoje em dia no Brasil está crescendo gradativamente o debate sobre o dito limite do humor. Aquilo que pode ser naturalmente encarado como cômico e aquilo que soa uma tremenda falta de respeito passível de processos judiciais. Admito não perder meu tempo com isso, pois concordo e discordo com muitos argumentos de ambas as partes. Agora se dermos atenção a um país vizinho, basta só tomarmos o exemplo de Relatos Selvagens, para percebermos que no quesito piada, a Argentina está dando de 7 a 1 no Brasil, o que dá muitos pontos ao hermanos nessa que é a mais imbecil rivalidade do Mundo.

Tornando contemporânea a maneira de se fazer uma tragicomédia, o filme não se amedronta em se dividir em atos onde a introdução, o desenvolvimento e a conclusão de um acontecem antes de se adentrar ao próximo. Ao pé da letra, trata-se de uma fórmula que pode deixar tudo a perder, tornando o filme cansativo e fazendo facilmente o espectador se perguntar sobre o que é aquilo que ele está vendo com um ar de negação. Mas não é isso o que acontece. Se no início deve haver algo forte para impactar, Relatos Selvagens deu show nesse quesito, ao transformar uma passagem simples ocorrida em um avião (perdoem o trocadilho) em uma cena genialmente arquitetada, que surpreende em seu desfecho exibindo atitudes que os outros fazem, que muitos julgam como algo para se deixar para lá, mas que na verdade enfurece e muito o ser humano. Sendo assim, todos ficam presos ao filmes e esperando ansiosamente ao próximo ato, que assim como o último, vale muito a pena.

O roteiro de Relatos Selvagens aliado a uma direção intensa e ousada de Damián Szifron exibe com perfeccionismo o quão somos pequenos e não temos controle nenhum sobre nossas atitudes tal qual pensamos. O rancor de fato existe e é levado eternamente por todos, o que pode nos levar a se questionar se realmente um possível perdão dado foi sincero. O grande acerto do filme foi trabalhar tais fatos de maneira fortemente humorística, pois caso contrário poderia resultar em um filme com um grande potencial de drama psicológico que incomodaria e muito quem o assiste. Os tons cômicos acrescentados justamente nos personagens antagonistas dão aquele glamour ao vilão que todos gostam de ver.

Ao passo que o início da obra é simplesmente impecável e o demais atos inteligentes, pode-se dizer que o final fechou com chave de ouro esse brilhante filme argentino. Em um ato que dá foco a um casamento, intitulado Hasta que la muerte nos separe, os problemas que dão muito trabalho aos terapeutas de casais nos trazem um incrível festival de reviravoltas brilhantemente conduzido por Erica Rivas, ex- mulher do ótimo ator Rodrigo De La Serna, que, roubando a cena, tornou-se o grande nome de um elenco que ainda conta com o superstar sulamericano Ricardo Darin. Desenvolvido com clichês bem usados com umas pitadas de revanchismo ao estilo Quentin Tarantino, o final abusa positivamente da intensidade, levando todos às gargalhadas por duas razões: A comicidade da cena e o admitir que somos tão ridículos e capazes de fazer exatamente tudo aquilo que o filme mostra (atos nada benevolentes e a aceitação de algumas humilhações). Não são só os personagens que se surpreendem com si mesmos. Nós também estamos nesse time. Indiretamente é a história de vida de muitos que faz com que nos apeguemos a nossa crença e peçamos perdão por todos, pois, definitivamente, não sabemos o que fazemos.

Indicado ao Oscar 2015 de Melhor Filme Estrangeiro, Relatos Selvagens reforça esse atual e grande momento do cinema argentino, colocando o país com um belo e merecido destaque no cenário artístico mundial. A situação torna-se melhor quando percebemos que os governados por Cristina Kirchner e conterrâneos de Sua Santidade Papa Francisco também acertam em cheio nas comédias, fazendo disso um de três motivos para que nossos vizinhos possam ir ao cinema para prestigiar o humor nacional. Os outros dois é que lá não tem Globo Filmes, nem Leandro Hassum.


3 comentários:

Anônimo disse...

Um filmaço, talvez o melhor filme Argentino que já vi em toda minha vida, gostei de todos os contos de forma geral, claro que, esse filme sofre do problema clássico de um conto ser melhor que o outro, contudo gostei de todos, especialmente do Darin e do ultimo ... filmão, bem conduzido, escrito e dirigido, sem dúvidas o melhor dos cinco filmes estrangeiros.

http://movieseldridge.blogspot.com.br/

Kamila Azevedo disse...

No que diz respeito ao cinema, os brasileiros levam de goleada dos argentinos. Ainda não assisti a "Relatos Selvagens", mas o filme muito me interessa, especialmente por causa das boas críticas que tenho lido.

Brenno Bezerra disse...

Cleber, de fato existem contos melhores que os outros, mas chamar de problema clássico em um filmaço como esse é exagero.

Kamila, as boas críticas chamaram minha atenção e felizmente pude perceber o quão certas elas estavam.

Abraços