Ads 468x60px

.

domingo, 19 de abril de 2015

CAKE - UMA RAZÃO PARA VIVER


CAKE - UMA RAZÃO PARA VIVER
DIRETOR: Daniel Barnz
ELENCO: Jennifer Aniston, Adriana Barraza, Anna Kendrick e Sam Worthington
 

Uma doença crônica torna Claire (Jennifer Aniston) uma mulher bastante insegura e depressiva. Ela vai de encontro a um grupo para pessoas com tais características, ao estilo Alcoólicos Anônimos. No local, ela fica sabendo do suicídio de uma jovem mulher chamada Nina (Anna Kendrick) e não consegue tirar a história da cabeça, passando a investigar sua vida e deixar toda uma situação embaraçosa tomar conta de si. Diante disso, passa a ter uma relação com o viúvo de Nina (interpretado por Sam Worthington).


É curioso que muitos filmes vistos recentemente nos leva facilmente a compará-los com outros do gênero, e muitos deles até contemporâneos. Obviamente que pensamos logo neles. Cake – Uma Razão Para Viver adota a linha do drama psicológico e perturbador, que tanto deu certo em Cisne Negro e Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância). Vai ver a quase unanimidade do estilo deu coragem para o diretor Daniel Barnz encarar o projeto, o que seria uma ousadia, pois ele tem uma filmografia nada positiva no currículo. E tal negatividade se manteve com o filme, o que é uma pena.

Ao passo que Cisne Negro dá foco ao tormento por meio da busca desesperada pela perfeição, e Birdman prima pelo ato de não se conformar em ver o sucesso ir embora e querer a todo custo recuperá-lo, Cake não estabelece bem o seu objetivo. Não seria nem exagero dizer que os dramas são construídos em cima de nada, visto que a abordagem feita na vida da Nina e no que a levara a cometer o suicídio não são suficientes para brotar tamanhos surtos. E em meio a um englobamento de personagens tão desinteressantes, o mais certo é denotar que Claire é uma louca por natureza, e diversas passagens do filme dão suporte a isso, deixando seus problemas de saúde muito “fichinha” dentro daquilo que ela realmente estava expondo – bem diferente do objetivo do filme. E em planos que vida real e vida após a morte se entrelaçam, atos são criados como se a produção acreditasse que todos (eu disse todos) são verdadeiros idiotas e não constatar quais seriam os limites e as contradições que imperaram em um trabalho fraco de montagem. E qual a necessidade do México e de personagens latinos terem adentrado a trama? Não é xenofobia, e sim admitir aquilo que é descartável.

Se há um ponto positivo no elenco, ele está em sua protagonista Jennifer Aniston, que disputou todos os prêmios da temporada, mas ficou de fora justamente do Oscar – o que foi uma injustiça, pois devia ter sido no lugar de Felicity Jones (A Teoria de Tudo). Não foi fácil absorvê-la como atriz dramática no início do filme, diferente do quão foi bom aplaudir Eddie Murphy, em Dreamgirls; Jim Carrey, em Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças; e Sandra Bullock, em Um Sonho Possível e Gravidade. Mas Aniston cresce conforme o andar do filme, sem exageros com os surtos da personagem, assumindo a vulnerabilidade e a mentalidade fraca diante dos distúrbios, que não deixavam de dar um caráter emocional a Carrie. 11 anos após se despedir da Rachel, de Friends, sua migração ao cinema faz mais sentido, despindo-se de performances cômicas constrangedoras na sétima arte.

Sam Worthington e Adriana Bazarra brota em todos uma sensação de pensar: “Como é bom vê-los novamente”, tamanha eficácia em personagens que não sugariam muito deles, mas que mesmo assim não se propuseram a bancar os desinteressados. Em contra-partida não se deve deixar de comentar sobre Anna Kendrick, que poderia ter sido facilmente substituída por uma atriz iniciante qualquer. O que me chamou a atenção é o desespero que essa garota tem para mostrar para a indústria que se leva a sério demais. Ela não é má atriz, e tem sim muito talento, mas seus últimos papéis (assim como esse) mostram desenvolturas pouco ou nada condizentes com o papel e o teor da obra. Talvez ela pense que seu atual patamar lhe permite isso, mas o que seria sensato é ela surpreender a todos e a si mesma, fazendo um trabalho digno, quando ninguém esperava que poderia acontecer. Vide Amor Sem Escalas.

Cake – Uma Razão Para Viver erra a não saber construir um tormento psicológico coeso e que tenha o dom de incomodar, sendo reflexivo e metafórico. A situação piora no tocante em que se não houvesse tanto destaque aos distúrbios da protagonista, e se a presença física da Anne fosse descartada, poderia ser um feito um brilhante drama, construído em minúcias, o que levaria facilmente o filme a um patamar mais digno. Falha grave da produção. Quanto ao ainda diretor sem aproveitamento Daniel Barnz, que siga o exemplo de Raul Seixas: “Tente outra vez”.



0 comentários: