Ads 468x60px

.

domingo, 26 de abril de 2015

UM SANTO VIZINHO



UM SANTO VIZINHO
DIREÇÃO: Theodore Melfi
ELENCO: Bill Murray, Melissa McCarthy, Naomi Watts e Terrence Howard


Maggie (Melissa McCarthy) é uma enfermeira que tem um filho de 12 anos que acaba de passar por um turbulento divórcio, que atingiu psicologicamente o garoto. Mudando-se, eles conhecem Vincent (Bill Murray), um senhor esquisito e de hábitos reprováveis, que se oferece para cuidar do menino. Sem escolha, pelo fato de ser plantonista em um hospital, ela acaba receosamente aceitando tal fato, sem imaginar que o companheirismo entre o homem e a criança seria bastante proveitoso.


Analisando o pôster supracitado, um leigo pode denotar que se trata de um canonizado Bill Murray, uma angelical Melissa McCarthy e uma valorizável Naomi Watts. Não é nada disso, e trazendo Um Santo Vizinho para o atual contexto brasileiro, talvez o filme, se tivesse uma repercussão maior, não seria bem aceito, pois por aqui uma produção artística (principalmente uma novela) sofre campanhas de boicotes pelo conteúdo exibido, como se fosse justo nivelar o cotidiano ao de uma telenovela e defender um moralismo pouco visível na sociedade.

Bem criado pelo diretor e roteirista Theodore Melfi, o filme investe em doses valiosas e precisas de humor para trabalhar com louvor a reflexão que o filme impõe. O senso comum costuma trabalhar uma maneira psicológica e investe em regras para tentar decifrar o que se passa na cabeça de todos, e diante disso pode-se afirmar que Vincent seria um mau exemplo de ser humano. Mas aí que se vê quão racional pode ser o homem, já que ninguém é obrigado a levar a vida tão a sério e muitas derrotas não são justificativas para ficar arrasado. O filme brilhantemente desmistifica diversas teorias e flui um ar de que todos têm condições de fazerem suas vidas valerem a pena de seu modo, mesmo que seja com exemplos esquisitos, porém não deploráveis.

Entrelaçando a vida da enfermeira com a do personagem título, vem a questão dos sacrifícios e do ter que arriscar em algo inimaginável. O resultado pode ser até aquele negativo que se espera, mas não acaba sendo 100% traumatizante, pelo contrário, pode ser possuidor de muitas lições, pois hoje há quem constrói uma sociedade longe de valores tradicionais, sem se desligar de qualidades benevolentes, e mesmo assim conquistar o próximo. É aí que me remeto às doses de humor, que não são celebradas pela graça em si das cenas, mas por quando o espectador se toca sobre quão bom é viver a vida do nosso jeito, enaltecendo que todos têm valor e dignidade humana.

No elenco, destaque ao impecável Bill Murray em seu cinismo e ironia com o “pra baixo” Vincent que acaba conquistando a todos, mesmo quando o filme traz a tona uns defeitos lamentáveis. Naomi Watts mostra uma faceta inédita de sua carreira, numa mal vista, porém digna mulher, que sabia jorrar sentimentos, como na cena do parto. Melissa McCarthy foge dos trejeitos cômicos e expõe a mãe guerreira, insegura, mas que sabia admitir que uma situação improvável dava certo.

Todo o trabalho de Theodore Melfi em Um Santo Vizinho é autenticado em uma das derradeiras cenas, no discurso do garoto ao apontar os motivos de seu vizinho rabugento ser um santo, não deixando assim de ser uma metáfora bem construída que escancara brilhantemente que diversos fatores, que são objetos de preconceito por parte da sociedade estão bem longe de definir o caráter de um ser humano e o quão ele pode fazer o bem a outro. Uma maneira doce e serena de trabalhar o “Amai o próximo” que o Criador nos ensinou. 


0 comentários: