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sábado, 4 de julho de 2015

DIVERTIDA MENTE


DIVERTIDA MENTE
DIREÇÃO: Pete Docter
ELENCO ORIGINAL: Amy Poehler, Bill Hader, Diane Lane e Mindy Kaling


A garotinha Riley tem 11 anos de idade e adora praticar esportes. Ela passa por uma inesperada mudança em sua vida, que é quando os seus pais decidem mudar de cidade. Dentro de seu cérebro, suas emoções convivem harmonicamente (ou não). São elas a alegria, o medo, a raiva, o nojo e a tristeza. Em um problema no controle, a primeira e a última acabam senso expelidas e precisam urgentemente retornar para não permitir que haja uma mudança radical na vida da menina.


Uma das mais belas ironias da Pixar é produzir diversos de seus filmes partindo de um pressuposto que é entreter e divertir crianças de todas as idades, mas acaba liberando uma incrível carga emocional, que acaba fazendo de suas obras infantis, um trabalho de gente grande. Toy Story 3 foi um belo reflexo de vida de quem passou mais de dez anos assistindo a franquia, sem deixar de entregar algo impactante para quem o via pela primeira vez. E através dos elementos dessa obra que, em 2011, ganhou 2 Oscars, Divertida Mente constrói uma trama espetacular em diversos sentidos, o que denota mais um marco no poderoso estúdio ligado a Disney, após o questionável Valente, que não conseguiu agradar a gregos e troianos.

Sendo um prato cheio para um público que hoje tanto venera o “fator família”, Divertida Mente constrói um lar de respeito, apreço e amparo a personagem protagonista, dando autenticidade às ilhas existentes no pensamento da Riley, que dosava corretamente os valores familiares, a força da amizade e as positivas manias bobas, que dão um tom descontraído a sua vida, sem perder a autoestima. Um cerne da obra é a criação de sentimentos, sem que os mesmos ganhem ares antagonistas, justificando as passagens da vida da garota que a desagradavam, como puros mecanismos de defesa, para que certas situações não alcancem proporções piores.

Quando alcança o acidente, que faz com que a trama ganhe um ritmo intrigante e bem mais ágil, Divertida Mente mostra-se um show de inteligência, investindo em fatores do inconsciente humano, alguns até misteriosos, mas que qualquer ser demonstra dificuldade de se desprender dele, citando como exemplo a sempre agradável companhia do amigo imaginário, fisicamente concebido de uma maneira sensata, mas precoce para a cabeça de uma criança; os sonhos, que, em sua maioria são positivos, apresentam-se neste filme ao estilo Razzle Dazzle de Chicago, onde podemos imaginar tudo como uma grande festa, onde no final tudo fica bem, aliviando a todos por ter sido apenas um sonho; e a questão publicitária que consome a qualquer um, onde todos ficam inconformados com a aquele jingle, muitas vezes bobo, mas que não dá para tirar da mente. E falando nela, a questão do esquecimento daquilo que vivenciamos, apresenta-se como um buraco negro, com todos os dotes amedrontantes para alguém que estar adentrando a ele e saindo definitivamente da vida de alguém.

De acordo com o que já fora dito, vale muito celebrar a beleza e a criatividade do trabalho de direção de arte de Divertida Mente (assinada por Ralph Eggleston e Bert Berry), que mesmo em um universo fantasioso e infantil, é de uma verdade absoluta, de acordo com o que o filme prega e com a experiência de vida do espectador.

Com um deslumbrante desenvolvimento, a maior moral da história de Divertida Mente é o de propagar a alegria e a tristeza como dois sentimentos essenciais na vida do ser humano. A primeira por questões óbvias e por ser uma batalhadora (como brilhantemente o filme exibe), ao ser consciente da responsabilidade de ser a característica principal de um homem ou uma mulher, e não entrar em processo de perda, mesmo em momentos difíceis. A segunda não é escancarada como um defeito, mas como uma forma de expressão, de desabafo, que tem que ser explorada para a resolução do problema que leva um ser a tal emoção. Deixar a vida sem alegria e tristeza, e entregue ao medo, ao nojo e a raiva faz com que qualquer um guie sua vivência com destino a atitudes irresponsáveis e lamentáveis. E o filme ainda migra para a mente dos outros personagens, afirmando que situações podem acontecer com qualquer um.

Com uma linda e memorável trilha sonora de Michael Giacchino, além de (odeio admitir isso) surpreendentes e competentes trabalhos da dublagem brasileira de Miá Melo, Dani Calabresa e Katiuscia Canoro, o filme enaltece a competência do diretor e roteirista Pete Docter, que é um mestre na arte de investir em emoção, citando os derradeiros momentos de Monstros S.A. e o sublime ato inicial de Up – Altas Aventuras. Em Divertida Mente, é inevitável deliciar-se com a obra, que, acima de tudo, propõe reflexão, até mesmo para adultos, inclusive aqueles que reconhecem os desvios da juventude e admitem o que faltou de verdade.




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