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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

PERDIDO EM MARTE



PERDIDO EM MARTE
DIRETOR: Ridley Scott
ELENCO: Matt Damon, Sean Bean, Mackenzie Davis, Jessica Chastain, Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor, Kristen Wigg, Michael Pena e Kate Mara


Um grupo de astronautas em missão no planeta Marte são surpreendidos por uma forte tempestade, onde Mark Watney (Matt Damon) acaba se ferindo e se perdendo dos demais, que deixam imediatamente o local, acreditando que o colega já está morto. Sozinho no planeta vermelho e com poucos suprimentos, ele tem que procurar formas de sobrevivência, enquanto a NASA, já ciente de que ele está com vida, busca encontrar maneiras de resgatá-lo.


Já fui (ainda sou) muito criticado quando relato minha certa rejeição a Ridley Scott, que mesmo sendo um dos mais conceituados cineastas do mundo, confesso não ser dos mais entusiasmados admiradores, onde até a sua premiadíssima obra Gladiador não me agradou tanto. Mas é com muito orgulho que eu digo ser fã do envolvente Thelma & Louise, que como muito bem disse o Alex Gonçalves, do Cine Resenhas, talvez seja o primeiro filme em Hollywood com o intuito de tratar mulheres daquele jeito e com aqueles instintos. A verdade é que depois que eu vi Perdido em Marte, relevei todas as irregularidades do diretor e pude admitir que ele é capaz de fazer uma obra-prima. 

Esbanjando inteligência, dotes racionais e criando um ambiente leve, o roteiro escrito por Drew Goddard, baseado no livro homônimo de Andy Weir, não cai na fácil armadilha de se transformar em um filme onde a incoerência no mais simples dos atos poderia imperar, pois exibe dotes que tornam-se aceitáveis, inclusive para leigos, sem ter a intenção de inventar nada. Daí uma das razões do filme ter encantado agências espaciais ao redor do mundo. Sem fazer de seu enredo algo amedrontante e uma história de superação entupida de tons melosos, como já visto em muitos filmes do gênero, a obra não se censura em até investir em algumas piadas em meio a situações de grandes riscos. Isso prejudicou o objetivo do filme? De forma alguma, ao passo que é entregue a precisa e gigantesca inteligência dos personagens, que transbordavam segurança e confiança em suas atitudes, o que fez de Perdido em Marte um filme bem verdadeiro, mesmo se passando em um local supostamente inabitável.

Tendo em vista que estava sozinho em Marte, o Mark incrivelmente alternava sua estadia por tempo indeterminado em atos de lazer, como passeios e ouvir músicas que remetem ao glorioso período das discotecas; e criar técnicas de subsistência, aproveitando os limitados suprimentos que antes eram para 6 astronautas, mas agora são apenas para um. E juntando suas questões fisiológicas com aquilo que ele tinha a sua disposição, propagou maneiras de manter sua alimentação e fazê-la multiplicar, e antes que algum espectador possa achar aquilo sem noção, o personagem vira para uma câmara, como se tivesse falando com o pessoal que estava no cinema, e diz: “Eu sou botânico”. E como se não bastasse, mecanismos de comunicação com a NASA foram desenvolvidos, acima de tudo graças a uma calma ao lidar com a delicada situação, que um espírito de tensão atrapalharia.

Sem investir em desnecessários atos de desesperos, Ridley Scott também não se deixa levar pela hipocrisia. Seu filme trata de uma missão da NASA, logo ele investiu no ato dos personagens disporem de diversos equipamentos de altos graus tecnológicos, para dar amparo a eles e suas missões darem resultados verdadeiros. E o principal: Não é qualquer pessoa que é mandada para o espaço, muito menos para Marte. São pessoas de uma inteligência e segurança grandiosas, daí eles não se amedrontarem em tomar decisões em que a chance de perderem a própria vida era gigantesca, e nesses atos, ao invés de palavras de força, fé e confiança, optavam por piadas com os demais, elucidando um clima coerente para uma pequena sociedade que está habituada a viver no espaço.

Com um grande elenco que conta com Jessica Chastain, Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor, Kristen Wigg, Michael Pena e Kate Mara; destaca-se a entrega espiritual de Matt Damon no papel protagonista, além de performances que merecem atenção, como a Sean Bean e Mackenzie Davis. Perdido Marte é positivamente claustrofóbico e encanta com um desenho de produção que retrata o ambiente de Marte em um esquema em que dá perfeitamente para absorver aquilo que, na verdade, temos dúvidas sobre como seja. Uma obra-prima de Ridley Scott que não desmerece o poderio espacial mundial, mas enaltece um lado humano, leve e seguro dos astronautas em meio a uma trilha sonora que, pedindo perdão a Mark Watney, digo que é de um ótimo gosto.    



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