PERDIDO EM MARTE
DIRETOR: Ridley Scott
ELENCO: Matt Damon, Sean Bean, Mackenzie Davis, Jessica Chastain, Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor, Kristen Wigg, Michael
Pena e Kate Mara
Um grupo de astronautas em
missão no planeta Marte são surpreendidos por uma forte tempestade, onde Mark
Watney (Matt Damon) acaba se ferindo e se perdendo dos demais, que deixam
imediatamente o local, acreditando que o colega já está morto. Sozinho no
planeta vermelho e com poucos suprimentos, ele tem que procurar formas de
sobrevivência, enquanto a NASA, já ciente de que ele está com vida, busca encontrar
maneiras de resgatá-lo.
Já fui (ainda sou) muito
criticado quando relato minha certa rejeição a Ridley Scott, que mesmo sendo um
dos mais conceituados cineastas do mundo, confesso não ser dos mais
entusiasmados admiradores, onde até a sua premiadíssima obra Gladiador não
me agradou tanto. Mas é com muito orgulho que eu digo ser fã do envolvente Thelma
& Louise, que como muito bem disse o Alex Gonçalves, do Cine
Resenhas, talvez seja o primeiro filme em Hollywood com o intuito de
tratar mulheres daquele jeito e com aqueles instintos. A verdade é que depois
que eu vi Perdido em Marte, relevei todas as irregularidades do diretor e
pude admitir que ele é capaz de fazer uma obra-prima.
Esbanjando inteligência,
dotes racionais e criando um ambiente leve, o roteiro escrito por Drew Goddard,
baseado no livro homônimo de Andy Weir, não cai na fácil armadilha de se
transformar em um filme onde a incoerência no mais simples dos atos poderia imperar,
pois exibe dotes que tornam-se aceitáveis, inclusive para leigos, sem ter a
intenção de inventar nada. Daí uma das razões do filme ter encantado agências
espaciais ao redor do mundo. Sem fazer de seu enredo algo amedrontante e uma
história de superação entupida de tons melosos, como já visto em muitos filmes
do gênero, a obra não se censura em até investir em algumas piadas em meio a
situações de grandes riscos. Isso prejudicou o objetivo do filme? De forma
alguma, ao passo que é entregue a precisa e gigantesca inteligência dos
personagens, que transbordavam segurança e confiança em suas atitudes, o que
fez de Perdido em Marte um filme bem verdadeiro, mesmo se passando em
um local supostamente inabitável.
Tendo em vista que estava
sozinho em Marte, o Mark incrivelmente alternava sua estadia por tempo
indeterminado em atos de lazer, como passeios e ouvir músicas que remetem ao
glorioso período das discotecas; e criar técnicas de subsistência, aproveitando
os limitados suprimentos que antes eram para 6 astronautas, mas agora são
apenas para um. E juntando suas questões fisiológicas com aquilo que ele
tinha a sua disposição, propagou maneiras de manter sua alimentação e fazê-la
multiplicar, e antes que algum espectador possa achar aquilo sem noção, o
personagem vira para uma câmara, como se tivesse falando com o pessoal que
estava no cinema, e diz: “Eu sou botânico”. E como se não bastasse, mecanismos
de comunicação com a NASA foram desenvolvidos, acima de tudo graças a uma calma
ao lidar com a delicada situação, que um espírito de tensão atrapalharia.
Sem investir em
desnecessários atos de desesperos, Ridley Scott também não se deixa levar pela
hipocrisia. Seu filme trata de uma missão da NASA, logo ele investiu no ato dos
personagens disporem de diversos equipamentos de altos graus tecnológicos, para
dar amparo a eles e suas missões darem resultados verdadeiros. E o principal:
Não é qualquer pessoa que é mandada para o espaço, muito menos para Marte. São
pessoas de uma inteligência e segurança grandiosas, daí eles não se
amedrontarem em tomar decisões em que a chance de perderem a própria vida era
gigantesca, e nesses atos, ao invés de palavras de força, fé e confiança,
optavam por piadas com os demais, elucidando um clima coerente para uma pequena
sociedade que está habituada a viver no espaço.
Com um grande elenco que
conta com Jessica Chastain, Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor, Kristen Wigg,
Michael Pena e Kate Mara; destaca-se a entrega espiritual de Matt Damon no
papel protagonista, além de performances que merecem atenção, como a Sean Bean
e Mackenzie Davis. Perdido Marte é positivamente claustrofóbico e
encanta com um desenho de produção que retrata o ambiente de Marte em um
esquema em que dá perfeitamente para absorver aquilo que, na verdade, temos
dúvidas sobre como seja. Uma obra-prima de Ridley Scott que não desmerece o
poderio espacial mundial, mas enaltece um lado humano, leve e seguro dos
astronautas em meio a uma trilha sonora que, pedindo perdão a Mark Watney, digo
que é de um ótimo gosto.
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