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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

OSCAR 2016


Assim que saiu a lista de indicados ao Oscar 2016, estourou a polêmica do #OscarSoWhite pela ausência de negros entre os indicados nas categoria de atuação. Mesmo com campanhas de boicote, é inevitável pensarmos que muitos ficaram curiosos sobre como seria a cerimônia deste ano, visto que ela teria como apresentador Chris Rock – humorista negro, exemplo de sarcasmo.

Sobre a festa de ontem, não dá para dizer se todos entenderam a performance dele. Talvez nem eu mesmo tenha entendido. Ao mesmo tempo em que pode ficar uma defesa de que existem coisas mais importantes que prêmios, também ficou um pedido de prestígio maior a diversidade na indústria, afinal o problema está é nela como um todo, e não somente no Oscar. A bola fora de Chris Rock foi ter ironizado o papel de Jada Pinkett Smith nessa luta, meio que a rebaixando diante do cinema.

A cerimônia não foi chata. Funcionou de verdade, com uma ordem impecável na entrega dos prêmios. O erro foi repetir o ano de 2013 e, sem justificativa, apenas três das cinco concorrentes a Melhor Canção terem sido apresentadas na festa. Até a metade, ninguém foi apresentado a surpresas. A previsibilidade do Oscar imperou até ali. Só que da metade para o fim, o choque foi soberano.

Num franco favoritismo de O Regresso para ser o Melhor Filme, tendo Mad Max – Estrada da Fúria como segunda opção, eis que ninguém esperava que Spotlight – Segredos Revelados seria eleito o Melhor Filme. O regulamento da votação da categoria, que pede um ranking ao invés do voto somente no preferido, finalmente entregou aquilo que muitos defendiam que podia acontecer: A vitória do menos rejeitado, e não do predileto. Não foi uma escolha injusta, pois se trata de uma excelente obra. A investigação jornalística sobre casos de pedofilia envolvendo a Igreja Católica conquistou a todos, numa película bem mais ética que muitos meios de comunicação. Curiosamente, Spotlight só venceu Melhor Roteiro Original, além desse. Raras vezes na história o Melhor Filme saiu do Oscar com apenas duas estatuetas.

Grande favorito da noite, O Regresso teve que se contentar com apenas 3 prêmios – muito fortes, por sinal. Pode não ter sido o Melhor Filme, nem ter ganho outras 4 estatuetas em que apostava-se em sua vitória, mas viu Alejandro Gonzalez Iñarritu ser o Melhor Diretor, vencendo na categoria pelo segundo ano consecutivo. Além disso, foi a 3ª vez seguida que a categoria foi conquistada por um mexicano, e 6ª vez seguida que não deu para um americano. O também mexicano Emmanuel Lebuzki, por esse filme, se tornou o primeiro a vencer o Oscar de Melhor Fotografia pelo terceiro ano seguido.

A verdade é que nenhuma vitória de O Regresso foi mais comemorada que a de Leonardo DiCaprio em Melhor Ator. 22 anos após a sua primeira indicação, finalmente um dos artistas mais populares do mundo levou o seu careca dourado para casa. Aplaudido de pé por todo o Teatro Dolby, arrancando lágrimas das amigas Kate Winslet e Cate Blanchet, ele agradeceu a equipe, lembrou de Martin Scorsese e fez coro em prol da sustentabilidade – uma de suas maiores defesas no papel de ativista. Uma coroação merecida e tardia a um grande ator, que nunca deixou se levar pela fama de galã e por trabalhos meramente comerciais, construindo uma brilhante carreira em projetos sérios, que só engrandeciam o admirável profissional e mostrava na indústria cinematográfica o que é realmente valorizar acima de tudo a arte, enquanto membro dela.

Como já esperado, Brie Larson foi a Melhor Atriz por O Quarto de Jack, agradeceu o público cinéfilo no discurso e protagonizou momentos bonitos na festa, ao lado do garotinho Jacob Tremblay – a grande sensação da temporada de premiações. Alicia Vikander foi a Melhor Atriz Coadjuvante por A Garota Dinamarquesa, fez uma fala burocrática e ninguém se lembrou mais dela na festa. Ambas vitórias merecidas, mas fica a dúvida sobre como será o futuro das duas na sétima arte.

Agora destacam-se as duas maiores surpresas da noite: Mark Rylance venceu Melhor Ator Coadjuvante por Ponte dos Espiões. Sylvester Stallone era favoritíssimo e ficou visivelmente frustrado com a derrota. Incrivelmente suas ausências em premiações como o BAFTA e o SAG tiveram força o suficiente para sobressaíram-se ao prestígio, as louvações que o eterno Rock Balboa recebeu no Globo de Ouro e no Critics Choice Awards, e assim foi coroado um veterano ator inglês, pouco badalado na temporada. Me atrevo a dizer que agora só resta a Stallone esperar um Oscar Honorário.

A outra surpresa foi Lady Gaga fazer, pelo segundo ano consecutivo, uma performance extraordinária com a canção “Til Happens To You”, do documentário The Hunting Ground, contando com a participação de vítimas reais de estupros, ecoando a mensagem que a música tinha. Ao término, aplausos de pé e lágrimas em toda a plateia. A canção era favoritíssima. Para quem foi o Oscar? “Writings On The Wall”, de Sam Smith, para o filme 007 contra Spectre. Desculpas, mas essa eu não consigo explicar.

Um momento de grande emoção foi o lendário Ennio Morricone vencendo o seu primeiro Oscar na concorrência (ele já tem um especial). Melhor Trilha Sonora por Os Oito Odiados e um discurso que levou muitos às lágrimas.

Mad Max – Estrada da Fúria foi o mais premiado da noite. 6 prêmios no total, porém em categorias puramente técnicas: Montagem, Edição de Som, Efeitos Sonoros, Maquiagem, Design de Produção e Figurino – essas duas últimas bastante questionáveis por mim. Último colocado nas bolsas de apostas, Ex Machina chocou a todos ao vencer Efeitos Visuais.

No mais, A Grande Aposta foi o Melhor Roteiro Adaptado, o húngaro O Filho de Saul foi o Melhor Filme Estrangeiro, Divertida Mente venceu Melhor Animação, Amy foi o Melhor Documentário e as categorias de curta-metragem sempre são neutras. Ninguém viu, não há favoritos e qualquer um pode vencer.

E assim foi o Oscar 2016. Uma bela festa, não tão previsível como era esperada e com chocantes derrotas pouco engolidas por muito. Mas, acima de tudo, o Oscar é a confraternização da arte. A arte cinematográfica que tanto amamos. Em 2017 estaremos juntos novamente.


1 comentários:

eduardo willian ew! disse...

Senti falta da Meryl Streep, ela é tipo uma cadeira cativa xD
Acho que Jennifer Lawrence tá furtando o lugar dela ashuashua