PIRATAS DO CARIBE - A VINGANÇA DE SALAZAR
DIREÇÃO: Joacquim Ronning e Espen Sandberg
ELENCO: Johnny Depp, Javier Bardem e Geoffrey Rush
Sem
tempo para sossego, o Capitão Jack Sparrow se vê no meio de um novo e nada
agradável reencontro. Desta vez é o Capitão Salazar que volta em busca de vingança
contra o mais famoso pirata caribenho. A única esperança de Sparrow é o
Tridente de Poseidon, que lhe dá total controle dos mares e pode fazer com que
ele derrote novamente o temido inimigo.
Eu
estaria mentindo se dissesse que o trailer de Piratas do Caribe – A Vingança de
Salazar exibido durante o SuperBowl não tinha chamado a minha atenção. Talvez
pelos efeitos grandiosos, que poderiam dar um gás a mais para a divertida ação
da franquia. Meses depois, ao conferir a obra aqui avaliada, penso que a Walt
Disney, no auge de sua sensatez, deve reunir sua cúpula e questionar o que
fazer com essa linha de filmes daqui pra frente. De fato, o lucro bilionário da
mesma não faz mal a ninguém (muito menos a Johnny Depp, em um deprimente
momento de sua vida), mas repensar o Piratas do Caribe é o mínimo que se espera
no futuro.
Após
ter na direção nomes consagrados como Rob Marshall e Gore Verbinski, o quinto
filme da série é dirigido pela dupla norueguesa Joacquim Ronning e Espen
Sandberg, que em 2013 disputou o Oscar de Filme Estrangeiro com Expedição Kon
Tiki – o que já denota uma certa prática de ambos em filmar em ambientes
aquáticos. Pena que irregularidades se sobressaem em meio a experiência dos
diretores. Não há nenhum exagero em afirmar o quão arrastada foi a primeira
metade da obra, que precisou chegar a um hilário momento de Sparrow na
guilhotina para dar pistas de situações em que a agilidade das cenas podem
garantir um suspiro ao filme. Lamentável que em meio a essas situações, questionamentos
ecoam pelo ar.
É
válido para a produção querer inserir novos personagens, e de fato foi sábia a
escolha de colocar com força em Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar a
Carina e o Henry (interpretados por Kaya Scodelario e Brendon Thwaites), mas a
própria inserção deles já mostrou falhas, visto que a primeira é tida
socialmente como uma feiticeira, mas não se sabe necessariamente e de maneira devidamente explicada o motivo e
somente um ato artificial lhe confere o status de astrônoma, sem que o mesmo
pudesse ter um dado um tempero a mais ao roteiro escrito por Jeff Nathanson e
Terry Rossio (este último responsável pelo Shrek) desde o seu primórdio; e o
Henry, bem apresentado como o guerreiro filho do Will Turner e da Elizabeth
(Orlando Bloom e Keira Knightley, que fazem simbólicas pontas aqui), vira mais
um sujeito teimoso, que se não for bem dosado pode virar um chato; e que ao
mesmo tempo foi tido como um traidor, sem que a película explicasse basicamente
o porquê.
Em
meio a uma descarada e totalmente comercial inclusão de Paul McCartney numa
descartável cena, Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar não se deu
conta da probabilidade da imagem do Jack Sparrow ficar desgastada, visto que
ele não é um herói, e sim um covarde medroso que tem dotes de esperteza.
Confesso que me pergunto: como essa franquia vai acabar? Será com a morte do
pirata? Mas será mesmo que isso seria um desfecho, visto desde o primeiro
filme, sabe-se que ressuscitar é muito fácil. O mais sábio é a redução do
personagem, que deve ser diminuído aos poucos em tramas futuras. Digo isso
porque a história deste filme aqui avaliado poderia muito bem, eliminando as
arestas abertas, ser protagonizada única e exclusivamente pela Carina e pelo
Henry, que podem assumir o controle da franquia daqui pra frente,
sem que a essência da mesma seja perdida. Jack Sparrow não é o centro do
universo.
Mesmo
com suas falhas, a obra consegue extrair de Javier Bardem uma brilhante
versatilidade enquanto antagonista, lembrando outros vilões interpretados por ele,
bem diferentes e que marcaram a indústria, citando como exemplo o Silva, de 007
– Operação Skyfall e o Anton Chigurh, de Onde os Fracos Não Têm Vez (que lhe
rendeu um Oscar); diverte com as sacadas envolvendo os personagens, assumindo
novamente um papel de comicidade; e convence com um forte trabalho de efeitos visuais que engrandecem a ação de Piratas do
Caribe – A Vingança de Salazar, e transforma incrivelmente a fisionomia de
muita gente (relevem o Geoffrey Rush ter ficado a cara do leão de O Mágico de
Óz). No mais, o filme atingirá todos os objetivos financeiros buscados, mas tem
que ser duramente repensado, para não correr o risco de se acabar por desgaste,
enquanto poderia ter seu fim num belo auge.
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