PLANETA DOS MACACOS - A GUERRA
DIREÇÃO: Matt Reeves
ELENCO: Andy Serkins, Woody Harrelson e Judy Greer
Um impiedoso coronel
(brilhantemente vivido por Woody Harrelson) lidera o exército humano que tenta
exterminar os macacos que se multiplicam pela terra. César e seus companheiros
não veem outra escolha a não ser enfrenta-los. O que seria apenas uma ação de autodefesa,
acaba se tornando uma jornada sangrenta, devido às grandes perdas sofridas pelo
lado dos primatas. Uma forte batalha definirá quem passa a ter mais poder no
ambiente em que habita.
Faz-se justo fazer uma
passagem pelos filmes da franquia Planeta dos Macacos, não necessariamente
esses três últimos, mas sim todos já lançados na história do cinema, onde
citando as eficazes primeiras obras e o fracasso de Tim Burton na saga, é no
mínimo um regozijo admitir que o século XXI entregou um ponto forte de uma
linha que tem uma marca importante na sétima arte.
O prólogo de Planeta dos
Macacos – A Guerra dá autenticidade aos fatos exibidos nos últimos dois filmes
e executa precisamente o fato do cientista Will Rodman (vivido em 2011 por
James Franco) ter conseguido incontrolavelmente multiplicar uma nova e mais
esperta espécie de primatas na Terra. Sem nenhum exagero, este filme aqui
avaliado acaba por ser uma metáfora de uma situação atual e bem real de uma
sociedade em que todos acabam por se dividir conforme seus grupos ideológicos, e
quando um deles acaba por ter destaque e mostrar sua força de subsistência,
acaba por despertar a ira de uma elite, que mais poderosa, mesmo sem a chance
de ter perdas, não admite ver um grupo que historicamente nunca foi nada,
passar a mostrar um dito poder.
O diretor Matt Reeves (que
será o responsável pelo próximo filme do Batman) consegue aliar o seu manejo
com uma peça fictícia com tudo aquilo que poderia extrair do lado científico
incutido em seus personagens principais. Lembrem-se que teorias de evoluções
biológicas dizem que o ser humano veio do macaco. Assim, Planeta dos Macacos –
A Guerra acaba por unir humanidade e racionalidade, quando desenvolve em seus
primatas ideais sobre como lidar em situações de divergências com outros grupos,
mas chegando a alcançar um ápice de diante de uma grande perda, observar-se
aquela forte revolta, a necessidade de se culpar alguém e/ou algo, e ir partir
para defender seus ideais e sua gente, sem se importar com as consequências e
com que armas estará usando. A fotografia e o design de produção montam
ambientes sombrios que dão um panorama exato e até assustador da trama,
justificando tudo que ela prega.
O roteiro escrito pelo
diretor, em parceria com Mark Bombak, ainda trabalha questões de incoerências,
mas que são realidade em sociedades, como macacos se aliando ao exército
humano, exalando uma saiba frase dita em outrora por Simone de Beauvoir: “O
opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios
oprimidos”. Outra boa jogada é incluir na história um macaco claramente insano em
determinados momentos, para posteriormente ser revelado que o mesmo é provido
de zoológico, denunciando assim os malefícios que esse tipo de estabelecimento trazem
para animais como um todo, não somente macacos, é claro.
Um grande ponto positivo de Planeta
dos Macacos – A Guerra é trazer com mais força a discussão sobre a valorização
à atuações em pelagem digital, como a de Andy Serkins no papel do César (ele
também interpretou o Smeagol na saga O Senhor dos Anéis e o King Kong no filme
de 2005, dirigido por Peter Jackson). Felizmente, o que mais ecoa atualmente é
que não há diferença entre os tipos de atuação, pois todas requerem a mesma
preparação, entrega e a emoção contida no personagem, e o César não é
diferente, pois a própria direção investe em closes que trazem perfeccionismo
ao drama e ao sofrimento do protagonista.
Sem economia no ato de
transpor os piores sentimentos que assolam um ser e a ânsia de superar
adversidades por piores que elas sejam, Planeta dos Macacos – A Guerra tem em
seu derradeiro momento um ato deprimente ao extremo, mas confesso que a mim não
desagradou, pois não é necessariamente justo primar somente por finais felizes em filmes.
Às vezes, aquele desfecho que não esperamos acaba por cair melhor à toda trama
apresentada. Mas isso não diminui em nada a supremacia que essa franquia trouxe
ao tema nos últimos anos, conseguindo se reinventar conforme o tempo (pouco, por sinal) e servindo
de referência na arte de produzir remakes e reboots na sétima arte.
0 comentários:
Postar um comentário