Ads 468x60px

.

domingo, 22 de outubro de 2017

PICA-PAU - O FILME


PICA-PAU - O FILME
DIREÇÃO: Alez Zamm
ELENCO: Timothy Omundson, Thaila Ayala, Graham Verchere e Jordana Largy


Um casal de mercenários tenta expandir suas finanças, construindo uma luxuosa casa para vir a ser alugada numa área de proteção ambiental, localizada numa pacata cidade do norte dos Estados Unidos. O empreendimento passa a sofrer risco, pois um Pica-Pau, ameaçado de perder seu habitat natural, passa a ser o principal lutador em defesa da fauna e flora local.


O cinema se rende a um dos principais fenômenos dos desenhos animados no Brasil. O Pica-Pau ganha sua versão na sétima arte, e ainda por cima em live action, levando às salas tupiniquins, pessoas de todas as gerações que garantiam o ibope da produção televisa, independente de qual emissora era exibida. Curiosamente, numa atualidade brasileira em que muito se exige a moral e os bons costumes naquilo que a tv exibe, é incrível como que esse desenho passa incólume às discussões, visto que se ele ganhar uma análise atenta, é suficiente para enxergar que o Pica- Pau é um ser invejoso, preguiçoso e que tenta tirar proveito de tudo, inclusive o que não é seu, ou seja, um péssimo exemplo para as crianças. E sabem por que eu citei bastante nosso país neste parágrafo? Porque aqui o filme foi lançado nos cinemas, diferente de diversos outros países do mundo, incluindo os Estados Unidos, que não fizeram do passarinho um fenômeno e nem se preocuparam em distribuir sua película nas telonas. Eles sabiam muito bem o que estavam fazendo.

Em meio a um conflito familiar e a busca pela afetividade entre um pai ganancioso (casado com uma mulher metida a madame) e um filho pré-adolescente, Pica-Pau - O Filme investe nas belezas naturais americanas, incitando uma forte defesa às questões ambientais, ao ponto de inverter a personalidade do protagonista, que passa a ser um amigo voraz da natureza, que clama pela preservação da bela e tradicional paisagem da divisa dos Estados Unidos com o Canadá. Diante disso, não se adiantem em cultivar qualquer elogio à obra, pois na verdade ela é um emaranhado de clichês dos mais absurdos e uma mensagem melosa, que mais irrita do que encanta, num trágico roteiro escrito por Alex Zamm (que também dirige o filme), William Robertson, Daniel Altieri e Steven Altieri – quatro cabeças pensantes, mas não suficientes para dar o mínimo de dignidade à Pica-Pau – O Filme, e que têm carreiras com películas tão constrangedoras, que nem vale a pena citá-las aqui.

Usando e abusando daquilo que a sétima arte chama de trash, a exclusão dos tons vilanescos do Pica-Pau alcançaram a proeza de se tornarem bem mais incômoda do que o contrário. No tocante em que a mescla de antagonismo tradicional, mercenarismo e sustentabilidade tenta ser levada a sério, a forte ausência de piadas na trama não impede o questionamento por parte do público sobre quais as intenções de executar tal projeto. Em contrapartida, há de se admitir que se houve sim piadas no roteiro, as mesmas são tão ruins, mas tão ruins, que passaram despercebidas.

Com uma grandiosa infantilidade nos sentidos literal e figurado da palavra, Pica-Pau – O Filme investe em um desenvolvimento em que as coisas, tais quais conflitos, despedidas e tragédias acontecem, mas está tudo ok. Todos são encarados numa naturalidade, tal como a amizade do pássaro com o garoto e a reconciliação deste último com seu pai, que atingem níveis alarmantes de artificialidade, no tocante em que o roteiro não dá sustento ao sentimentalismo proposto, fora que ficam algumas dúvidas sobre as repentinas aparições do Pica-Pau em determinados momentos, além da inclusão e exclusão sem noção de um núcleo de inimigos jovens do filho do vigarista Lance. Fora isso, se há um festival musical, onde deduz-se que música vencedora tenha que ser boa, se preparem para uma obra fonográfica simplesmente horrorosa, que dá vontade de deixar de ver o filme.

Tendo como maior destaque a presença (não a atuação) da brasileira Thaila Ayala, que inicia sua carreira internacional, Pica-Pau – O Filme é um show de fatos sem sentido, numa construção cômica oca, onde questionamentos sobre a ordem natural dos fatos multiplicam-se, transformando-o no pior filme de 2017, daqueles em que os filhos põem os pais de castigo por leva-los ao cinema para ver isso. 


0 comentários: