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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

ME CHAME PELO SEU NOME


ME CHAME PELO SEU NOME
DIREÇÃO: Luca Guadagnino
ELENCO: Timothée Chamalet, Armie Hammer e Mark Stuhlbarg


A década de 1980 tem início, e em meio a uma belíssima paisagem italiana, o adolescente Elio mora com seus genitores, quando sua residência passa a hospedar Oliver, que irá auxiliar o seu pai em uma pesquisa acadêmica. O que parecia ser uma simples amizade entre os dois rapazes, acabe transformando-se em um romance, onde a cautela para não torna-lo público se mistura com os fortes instintos sexuais de ambos.


Me Chame pelo seu Nome estreou no Festival de Sundance, migrou para Toronto, e por onde tem passado, recebe uma enxurrada de elogios, fincando cada vez mais o nome do cineasta italiano Luca Guadagnino em Hollywood. É fato que ele não se censura em buscar novos horizontes na “Meca Cinematográfica”, mas sempre põe uma essência da Itália em suas obras, e sempre acerta, principalmente neste filme aqui avaliado.

Não é todo adolescente que se convence de maneira integral de sua homossexualidade logo ao deixar a infância, e é a partir daí que o roteirista James Ivory (diretor de Retorno a Howards End e Vestígios do Dia) concebe um Elio inseguro, inclusive quando ele embarca em relacionamentos amorosos com mulheres, que têm até o apoio dos pais para iniciar ali uma vida sexual precoce. Na inevitável dúvida se a sua real orientação seria aceita, sua vida passa a ter uma grande transformação quando conhece Oliver, que foi ligeiramente impactante, a ponto de mesclar um drama e uma ardente paixão no jovem. A visão que o roteiro tem, misturando falas em inglês e italiano, valorizando os costumes do país onde nasceram Leonardo Da Vinci e Luciano Pavarotti, desmistifica questões pertinentes à adolescência, como a falta de seriedade num namoro ou uma singela curiosidade carnal. Prova disso é o encantamento de Elio pelo novo hóspede de sua casa, que fica bem nítido só com uma simples discussão sobre a origem do abricó, mesmo sendo o seu pai o “adversário” de Oliver.

Falando neste último, bem ciente do território em que estava inserido, ele se sente bem à vontade para estar desafiando constantemente o adolescente, num cenário em que até posturas antipáticas fomentam de tentação de Elio, e o resultado de tudo isso é o início de uma relação, onde ambos não admitem intromissões, mas ao mesmo tempo fica a dúvida de como se dará esse romance, pois a princípio, eles se tornam pessoas enigmáticas, ficando a dúvida sobre o que realmente um sente pelo outro – principalmente Oliver. Mas as sequências dos fatos levam a um beijo, que mais pareceu ser uma grande libertação, mas não do jeito que se almejava, levando Elio a um processo de redescobrimento, onde ele embarca na composição de um ser humano mais ligado às artes, onde a cada composição sua, fica a dúvida sobre a quem ela se direciona: a um homem ou uma mulher? Tal jornada faz com que os fantasmas do passado voltem a assombrá-lo, e é aí que, mais convencido do que nunca do que ele realmente é e quer, deixa um amor reinar sobre si, que mesmo proibido para o período, recebe uma inesperada compreensão do pai de Elio, num afiado sermão, brilhantemente composto por James Ivory, que faz de Me Chame pelo seu Nome, um dos melhores roteiros do ano, senão o melhor.

Maior nome do elenco do filme, Armie Hammer (de A Rede Social, O Cavaleiro Solitário e Agente da U.N.C.L.E.) impõe uma gigantesca presença e faz valer todos os tons do Oliver, sem deixar seu status de galã se confundir com a trama. Protagonista do filme, Timothée Chamalet (de Lady Bird – É Hora de Voar e Interestelar) cresce no mesmo passo do personagem, até o momento em que consegue chegar ao seu ápice, impondo uma gigantesca e bela química entre Elio e seu namorado, que fica a dúvida se alguém interpretaria aquele casal como Hammer e Chamalet.

Bem lembrado na temporada de premiações de 2018, Me Chame pelo seu Nome conclui de uma forma em que a parte amorosa adolescente, mesmo com as supracitadas desmistificações, crê equivocada e lamentavelmente em vivências atuais que possam ser levadas facilmente para o futuro, mas mesmo assim, o filme soube ser intenso de várias formas, que fez com que a relação fosse eterna enquanto durou. 


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