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segunda-feira, 5 de março de 2018

OSCAR 2018



O Oscar chegou aos seus 90 anos e quando um número assim é importante, logo se espera uma grande cerimônia. Repetiram-se os mesmos produtores e o apresentador do ano passado (Jimmy Kimmel), e este teve o desafio de se manter engraçado em meio a um período turbulento em que vive Hollywood. De fato, ele conseguiu, mas o que de mais genial ele propôs foi, novamente, surpreender o público de casa e o de qualquer ponto de Los Angeles com uma aparição surpresa. Desta vez, ele, ao lado de estrelas como Gal Gadot, Margot Robbie, Lupita Nyong’o e Armie Hammer, invadiram um cinema para agradecer ao público por sempre prestigiá-los.

Para uma festa que celebrava os 90 anos, não tiveram tantas lembranças históricas. Recordaram os vencedores das categorias de atuação (mas com ausências perceptíveis), homenagearam os filmes como um todo (independente de serem premiados ou não), mas aí teve um sem-noção tributo a obras que retrataram guerras – isso ninguém entendeu.  Quem teve essa ideia? Todos estranharam, pois parecia o levantar de uma bandeira republicana, num ambiente majoritariamente democrata.

Sem esquivar-se das atuais polêmicas, Ashley Judd, Salma Hayek e Annabella Sciorra fizeram um belo discurso contra o assédio sexual e introduziram um vídeo que cobrou mais inclusão das minorias na indústria. "As mudanças que estamos testemunhando são lideradas por novas e poderosas vozes, diferentes, nossas vozes, que estão se unindo em um grito que diz "basta". Nós trabalhamos juntas para nos assegurar que os próximos 90 anos sejam de possibilidades ilimitadas de igualdade, diversidade, inclusão e interseccionalidade. Foi isso que este ano nos prometeu", disse Judd. 


Mas se teve algo que foi o ápice da cerimônia, posso tranquilamente dizer que foram os números musicais, capazes de fazer aumentar o apreço de qualquer um por cada uma daquelas canções apresentadas.

Partindo para os prêmios, no duelo técnico entre Dunkirk e Em Ritmo de Fuga, melhor para o primeiro, que saiu da noite com vitórias em Montagem, Efeitos Sonoros e Edição de Som. O Destino de uma Nação não surpreendeu ao vencer em Maquiagem, tampouco A Forma da Água em Design de Produção e Trilha Sonora. Trama Fantasma foi o Melhor Figurino, e seu estilista Mark Bridges ainda levou para casa um jet ski por ter feito o mais curto discurso da noite.

Viva – A Vida é uma Festa foi a Melhor Animação. Perfeito! É o melhor trabalho animado da década. Surpreendentemente, ainda levou para casa Melhor Canção (“Remember Me”), batendo a favorita “This Is Me”, de O Rei do Show, garantindo assim o bicampeonato do casal de compositores Kristen Anderson Lopez e Robert Lopez, que são os mesmos autores de “Let It Go”, do filme Frozen – Uma Aventura Congelante.

Em Melhor Filme Estrangeiro, o chileno Uma Mulher Fantástica venceu com todos os méritos. Eis 10º Oscar sulamericano e 3º do país em questão, que só perde para a Argentina, que tem 6, e só está a frente do Uruguai, que tem 1. O Brasil continua na seca. Vale lembrar que esse filme se tornou a primeira obra vencedora do Oscar, protagonizada por uma transexual, no caso a talentosa Daniela Vega.

Dentre todos os blockbusters, Blade Runner 2049 foi uma verdadeira decepção nas bilheterias, mas curiosamente foi o único a ser premiado no Oscar, e em duas categorias: Efeitos Visuais e Fotografia – com grandioso destaque a esta última, pois finalmente foi reconhecido o talento do mestre Roger Deakins, que após 13 indicações e 13 derrotas, finalmente levou o seu Oscar para casa. Claro que ele foi aplaudido de pé.

Os prêmios de roteiro foram para as minorias e com total justiça. Corra venceu entre os originais, tornando-se o primeiro filme de terror a vencer na categoria, além de fazer o gênero voltar a ser premiado, após 26 anos. Seu roteirista Jordan Peele tornou-se o quinto negro a ganhar o Oscar no segmento. Vale ressaltar que os demais 4 venceram após o ano de 2010. Me Chame pelo seu Nome foi o melhor entre os adaptados, fazendo de James Ivory, homossexual assumido, o mais velho vencedor da história, aos 89 anos.



Eu, Tonya, talvez o grande injustiçado nas categorias filme e direção, se contentou com o prêmio de Atriz Coadjuvante para Allison Janney. Merecidíssimo! Para mim, era a melhor atuação dentre todas as indicadas, independente de gênero, se era protagonista ou secundário. Sem nenhuma surpresa, Gary Oldman foi o Melhor Ator por O Destino de uma Nação. Enfim, ele está recompensado pela carreira, mas a atuação dele no filme é excelente.

Três Anúncios para um Crime, de tão badalado ao longo do ano, venceu apenas 2 prêmios: Ator Coadjuvante, para Sam Rockwell, que logo será esquecido; e Melhor Atriz, para Frances McDormand (o segundo Oscar da carreira dela), que fez o melhor discurso da noite e emocionou a todos, ao pedir que todas as mulheres indicadas se levantassem, para receberam as merecidas louvações. "Todas nós temos histórias para contar e projetos para financiar. Não falem conosco sobre isso nas festas esta noite. Nos convidem para seus escritórios daqui uns dias. Ou podem ir aos nossos. O que for melhor. E contaremos tudo sobre eles. Tenho três palavras para deixar com vocês esta noite, senhoras e senhores: cláusula de inclusão", afirmou.

Guillermo Del Toro, sem surpresa, foi o Melhor Diretor, por A Forma da Água. Ele se torna o 4º mexicano a vencer o prêmio nos últimos 5 anos. “Eu sou um imigrante. Acho que a melhor coisa que a arte faz e nossa indústria também faz é apagar essa linha imaginária que nos divide”, disse ele.

Chegado o grande momento, conheceríamos o Melhor Filme. Para apresentar, Warren Beatty e Faye Dunaway – os mesmos que em 2017 erraram o anúncio do vencedor, após a troca dos envelopes. Curiosamente, esperava-se ironias e piadinhas por parte deles mesmos, mas isso não aconteceu, e eles apresentaram a categoria sem delongas. A dúvida pairava no ar: Será que A Forma da Água confirma o favoritismo? Nos últimos dois anos, os resultados foram surpreendentes. Três Anúncios para um Crime e Corra estavam em alta, poderiam vencer. Nada de choque, deu A Forma da Água mesmo. O meu favorito volta a vencer, após 6 anos. Del Toro, sarcástico, checou o envelope para garantir. Belo não somente na arte em questão, A Forma da Água é um filme que emociona com lindas cenas debaixo d’água e ainda propõe a quem o assiste, se deliciar com passagens com figuras artísticas do período clássico do cinema. É uma produção memorável, com um final icônico, capaz de enaltecer a poesia que foi aquela relação e o deslumbre que é a obra.


O Oscar 2018 foi uma bela festa, mesmo que com poucas homenagens históricas, mas teve um saldo bem positivo com seus premiados, capaz de construir poucas discordâncias entre os críticos e os cinéfilos. Como sempre, ao seu término, fico com a seguinte dúvida: Quem vence ano que vem? Enfim, ainda temos um 2018 inteiro pela frente para ver o que essa linda arte, que é o cinema, nos reserva. Dia 24 de fevereiro de 2019, data do próximo Oscar, temos mais um encontro marcado.


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