Ads 468x60px

.

domingo, 8 de abril de 2018

JOGADOR Nº 1



JOGADOR Nº 1
DIREÇÃO: Steven Spielberg
ELENCO: Tye Sheridan, Olivia Cooke e Mark Rylance


O ano é 2044 e o digital já se sobrepõe a realidade, onde os jogos ditam mais a vida de um ser humano do que possamos imaginar. OASIS é uma disputa que tem como fonte de inspiração o final do século XX, e quem nele encontrar as três chaves secretas, vence o tão sonhado prêmio, mas para isso, a vida real que já tinha o mínimo apreço, passa a não ter nenhum.


Há poucas semanas, ao comentar sobre The Post – A Guerra Secreta, mostrei meu descontentamento com Steven Spielberg, afirmando que faz muitos anos que não me agrado com um filme dele. Enfim, o tabu acabou. Depois de tantos épicos, eis que a jovem ficção-científica Jogador nº 1 devolve ao seu diretor um louvável status de mestre.

A obra tem um prólogo que mistura deslumbre e impacto, e não necessariamente em sua história, e sim por sua impecável direção de arte futurística, que impressiona com um ambiente que, na nossa cronologia, é daqui a menos de 30 anos. Abusando positivamente da originalidade, os roteiristas Ernest Cline (autor da obra original na qual o filme é baseado) e Zak Penn (de Os Vingadores, O Incrível Hulk e X-Men) dão uma verdadeira aula ao espectador leigo do que seja uma inteligência nerd e o que está por trás dessa cultura que para alguns, pode ser considerada pura falta do que fazer. Mas aí todos se veem envolvidos com o OASIS, que é sim um jogo doutrinador, mas a caça às chaves passa a ser tão importante para o Wade, quanto para quem assiste ao filme.

Com um dos mais impressionantes trabalhos de efeitos visuais no cinema desde As Aventuras de Pi, Jogador nº 1 não busca ser econômico em sequências de ação que atingem um nível tão surreal, quanto os obstáculos a la Mario World que acompanhamos nos games, e carregando o peso de ser um dos mais importantes nomes da sétima arte, Steven Spielberg passa a encher o filme de menções a outras obras cinematográficas, transformando a película em uma ode. Quem não se agradou ao ver King Kong, Jurassic Park e até mesmo Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado? Os regozijos são intermináveis.

Trabalhando bem o filme enquanto cinema, mas estruturando o seu roteiro com as peculiaridades dos jogos, Jogador nº 1 passa a desenrolar-se através dos tão preciosos atalhos, que auxiliam qualquer um a atingir o objetivo final, ou seja, “zerar o jogo”, em bem menos tempo do que o esperado, mas Spielberg sabiamente lembra a todos: o temido chefão demora a aparecer, e o modo de buscar da vitória deve mudar.

A partir daí, o grupo que lidera a busca pelas três chaves, executa um mecanismo de defesa recheado pela agilidade que só bons jogadores têm, e que acima de tudo sabem que quem vive numa ilusão, não quer ser distraído. Assim, ofertas de melhores armas aparecem, mas como em todo jogo, há tanto estratégia quanto blefe, e aí o tempo vai passando, as dificuldade aumentam, a dúvida pelo sucesso paira no ar, mas Jogador nº 1 continua a ser uma obra-prima, e retornando às menções às outras obras do cinema, o ponto mais alto foi quando O Iluminado, um dos mais importantes filmes de terror da história, adentra e incrementa ainda mais a trama.

A agilidade que a obra pedia, executada com firmeza pela técnica, foi brilhantemente aprimorada pelo jovem e desconhecido elenco, que autentica uma atual tendência de Steven Spielberg de não trabalhar com célebres companheiros de seus filmes. Analisando a equipe como um todo, Jogador nº 1 não teve produtores como Kathleen Kennedy e Frank Marshall, e nada de trilha sonora de John Williams, mas a obra conta sim com um Spielberg na melhor de suas formas, que não era visto desde, sei lá, O Resgate do Soldado Ryan, em 1998?

O desfecho da obra conta com a força de um ótimo filme de ação recheado de ficção científica, e o drama de se constatar que quando tudo está perdido sempre apresenta uma luz no fim do túnel, e em Jogador nº 1, Spielberg e companhia dão aula de originalidade e sacadas excelentes ao introduzir a tão sonhada vida extra de qualquer gamer, que para os cinéfilos representa um grandioso ressurgimento do cineasta, engrandecendo as altas expectativas com seus próximos filmes. Salve o Mestre!


0 comentários: