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quinta-feira, 12 de abril de 2018

UM LUGAR SILENCIOSO



UM LUGAR SILENCIOSO
DIREÇÃO: John Krasinski
ELENCO: John Krasinski, Emily Blunt, Noah Jupe e Millicent Simmonds


Um casal e seus filhos vivem numa área rural, longe do resto da sociedade, e batalham todo dia numa árdua luta pela vida, devido aos monstros enigmáticos que habitam a região. Nessa rotina, a regra é sempre fazer silêncio, pois é o barulho que faz com que as criaturas entrem em ação. Assim, tudo vale para tentar viver uma vida no mínimo distante de quem pode lhe fazer despedir dela.


Emily Blunt, apesar de tão pouca idade, é uma das melhores atrizes britânicas e um dos mais admiráveis talentos que hoje já encontrou o seu lugar ao sol em Hollywood. Em uma década, ela já deixou a indústria boquiaberta com suas atuações em obras como O Diabo Veste Prada, A Jovem Rainha Victoria, Looper: Assassinos do Futuro, Sicario – Terra de Niguém, dentre outros; mas, ao mesmo tempo, qualquer ser que acompanha a sétima arte, reconhece quão subestimada ela é, ao ver que sua brilhante carreira é vista por muitos como só mais uma, em meio a tantas jovens atrizes, e isso é um baita absurdo. Ela é casada com o também ator John Krasinski, um pouco menos conhecido que ela, mas que nunca teve seu trabalho questionado, e que em Um Lugar Silencioso, além de protagonizar, de maneira ousada também assina a direção do filme e traz sua esposa para atuar junto a ele. O resultado disso tudo é que hoje, com todos os méritos, John e Emily formam o casal de maior sucesso no cinema, e eu, como fã, torço que o futuro os favoreça ainda mais.

Talvez o maior regozijo é a constatação do momento de louvor no qual vive o gênero de terror, analisando a recepção calorosa e os prêmios vencidos por Corra, além da merecida grande bilheteria de It – A Coisa. O belo diferencial de Um Lugar Silencioso é o poderio qualitativo e quantitativo que vem apresentando, o que dá motivos de sobra para que o horror volte a ser levado a sério na indústria. O próprio filme aqui em questão já inicia com a tal figura misteriosa matando uma criancinha, aumentando o drama e mostrando que a obra não estava para brincadeira, ao impactar com um dos maiores sofrimentos, logo de cara.

Na posterioridade, o filme incita um princípio de desestruturação na família diante da tragédia que os abateu, onde sugere que o pai tem uma maior facilidade em deixar a vida continuar. Por quê? Falta de compaixão? Não, alguém tem que ser a força num momento de tão desesperada dor.

Sem fazer questão de fazer brotar um mínimo momento de acalanto, Um Lugar Silencioso investe que, de fato, para aquelas pessoas e naquele lugar, viver é um grande tormento, e curiosamente, o público no cinema contribui com o necessário e rigoroso silêncio, se apiedando daquele drama, absorvendo o perigo, executando o objetivo do filme e autenticando a brilhante direção de Krasinski. Diversos críticos relatam que tal fato tem acontecido em quase todas as sessões.

O clímax de suspense persiste em prevalecer, e cresce a cada barulho. Os fantasmas do passado (a morte do filho, no caso) é um sopro de temor que insiste em se multiplicar nessa família. E se não há fera indomável, partir para o ataque à mesma parece ser a única solução, mesmo que seja algo praticamente suicida. Mas aí um novo filho nasce, e como bem sabemos, o choro é a sua principal forma de expressão. Assim, a mescla de sofrimento e desespero só tende a se multiplicar, e num momento de extremo perigo, que infelizmente eles não estavam imunes, percebemos a humanidade em um pai, que quando assume grandiosamente a função, consegue ser tão capaz de atos fatais em prol do ente, quanto uma mãe.

Com um fantástico trabalho de elenco, uma linda fotografia de Charlotte Bruus Christensen (as mulheres estão crescendo no segmento) e uma sinistra trilha sonora de Marco Beltrami, Um Lugar Silencioso acaba por ter um desfecho metafórico, que dá uma ideia de que enquanto uma doença não cura, não resta ao enfermo nada senão o sofrimento. Mas quando o antídoto é encontrado, a saída é executa-lo e repassar a fórmula para todos. Talvez a única fórmula que Krasinski não revele é a de como fazer tão impressionante filme de terror. Vida longa a ele! Vida longa ao casal!  


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