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terça-feira, 19 de junho de 2018

A GANHA-PÃO


A GANHA-PÃO
DIREÇÃO: Nora Twomey
ELENCO:  Saara ChaudrySoma BhatiaAli Kazmi


O Afeganistão vive um momento de terror, devido o forte e ditatorial governo talibã que assola o país. Nele, vive uma garotinha chamada Parvana, que após testemunhar a injusta prisão de seu pai, e tendo uma família formada só por mulheres, se vê na obrigação de se disfarçar de homem para trabalhar e sustentar seus entes queridos.


Em 2007, chamou a atenção de Hollywood uma adorável animação chamada Persepolis, que foi aclamada pela crítica e que expunha um ambiente que pouco despertava o interesse da Meca do cinema. Quatro anos depois, eis a redenção: A Separação, do Irã, vence um merecidíssimo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, e a partir dali, os olhos começam a se voltar com mais força às produções ambientadas no Oriente Médio. Num atual período, em que já existe apoios mais humanizados à essas áreas asiáticas, não surpreende o sucesso que A Ganha-Pão fez, conseguindo inclusive uma indicação ao Oscar 2018 de Melhor Animação. O curioso é que a obra é uma coprodução entre Canadá, Irlanda e Luxemburgo, mas o fator denúncia e o forte drama emocional presentes nela, não são manchados pela nacionalidade de quem a concebeu.

Um fundo do poço, um lugar recluso, uma solitária... qualquer um desses temíveis lugares podem caracterizar a primeira imagem de A Ganha-Pão - animação produzida em seu estilo tradicional, sem qualquer aprimoramento moderno, dirigida por Nora Twomey e escrita por Anita Doron e Deborah Ellis, e que não deixa passar incólumes os cenários célebres da alquimia e da religião islâmica, numa trama que, apesar de fictícia, constrói-se amparada por fatos bem atuais e por citações a grandes nomes que neste planeta já habitaram, como Alexandre, o Grande.

Adentrando a uma contemporaneidade em que a religião é bem capaz de ditar as mais absurdas guerras, que sequer fogem ao testemunho de uma pobre e inocente criança, o filme investe corriqueiramente no aumento do poder do drama incutido na história, que acertadamente tão desprovida de respostas quanto os atos do exército talibã, coloca o dedo na ferida dos mais terríveis problemas familiares da região, para fazer uma trama recheada de polêmicas, mas todas necessárias para escancarar uma realidade dura e que pede que o mundo esteja mais a par dela.

Num ato que exibe uma mudança escandalosa nos padrões do Oriente Médio, mas que é bela aos olhos de quem vê e sabe o porquê daquilo, A Ganha-Pão é tomado pela valentia de uma doce garotinha em prol de uma família, num ato em que a atualidade e o folclore do mundo árabe se misturam naquilo que acaba por tornar-se uma jornada pela glória plena, onde a vitória dos desfavorecidos denota que justiça social é fundamental em qualquer lugar.

A busca pela bondade suprema no olhar daqueles que vivem onde muitos têm o ódio no coração é o ápice dessa obra. A Ganha-Pão é um filme despido de mandamentos da arte, e do seu jeito agradável de impor amor e terror ao mesmo tempo, figura cheia de méritos entre as mais lindas animações do último ano.   



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