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sábado, 29 de dezembro de 2018

INFILTRADO NO KLAN


INFILTRADO NO KLAN
DIREÇÃO: Spike Lee
ELENCO: John David Washington, Adam Drive e Alec Baldwin


Quebrando paradigmas da década de 1970, Ron é um homem negro que torna-se policial e consegue se infiltrar na Ku Klux Klan. Por meio de cartas e ligações telefônicas, ele se comunicava com os demais membros da seita, mas quando precisava se encontrar pessoalmente, enviava um soldado branco em seu lugar. A tática resultou na redução de linchamentos e crimes de ódio no estado do Colorado.


O que será que o vento levou? Talvez a dignidade e a esperança de um povo, que a cada guerra que se envolvia, por mais civil que ela seja, via as diferenças virem mais à tona, e, como de praxe, a opressão se intensificar nos já oprimidos. Martin Luther King e outros lutadores deram um sopro de paz, mas é uma pena que foram vítimas fatais daquilo que lutavam contra, e hoje observam um mal generalizado no mundo, sem aquela luz no fim do túnel para que o desfecho da situação esteja próximo.

Baseado em algo indiscutivelmente muito real, para não usar um palavrão como o filme usa, Infiltrado no Klan mostra o diretor Spike Lee em sua melhor forma em muito tempo, esbanjando competência no manejo de elementos certeiros e precisos para dar total veracidade à trama, que até em seus mínimos detalhes é capaz de chocar ao escancarar que, na verdade, é uma exceção e não uma regra ter homens da lei extremamente profissionais, capazes de preferir avaliar o talento de uma atriz em um filme do que a beleza de sua nudez.

O roteiro da obra, escrito pelo diretor, em parceria com Kevin Willmott, Charlie Wachtel e David Rabinowitz, faz a defesa do momento em que os negros começaram a serem mais vorazes na luta de seus direitos civis, mostrando para o mundo o orgulho de sua raça, carente de inclusão, respeito e aceitação, mas que sabia que fazer a diferença num local onde as ideologias são contrárias às suas não é das mais fáceis tarefas, pois a tamanha desigualdade já fazia com que muitos se sentissem nascidos em cadeias, o que os levavam a ver uma piora em seu drama a cada abordagem policial, que lhes tinham como suspeitos só pelo simples fato de serem negros.

Ousado e audacioso, Spike Lee faz de seu Infiltrado no Klan uma verdadeira aula para quem finge que não acredita no racismo e não nota que isso é um problema antigo, capaz de constituir seitas com o objetivo de exterminar as minorias, já que se dizem portadores do gene da raça superior, possuidora de uma adoração divina pelo ódio e uma idolatria por quem menospreza negros, judeus, dentre outros. Assim, diante de uma nada econômica exposição de uma verdade inconveniente, a trama consegue a proeza de criar uma aliança com o espectador, que compra a briga pelos desfavorecidos, ao mesmo tempo em que admira as brilhantes atuações de John David Washington (filho de Denzel Washington) e Adam Drive que, sem medo do perigo, mostram a sábia postura da humanidade, inteligência e esperteza de seus personagens.

Quando ambos os lados (o bem, o mal, e o mal disfarçado de bem) precisam agir, nota-se que é cômico (para não dizer trágico) que o agir da lei é muito complicado, e por isso, as decepções, inclusive quando se estar fazendo coisa certa, são praticamente inevitáveis, mas como no final fica tudo bem, o saldo positivo e a renovação da confiança e da esperança são um troféu para uma luta que já mostrou ser eficaz contra o abuso, a violência, o ódio e a simples opinião dos descrentes no assunto. Há muito tempo, o cidadão Spike Lee vem defendendo as melhores ideologias de justiça social, principalmente nos Estados Unidos; e agora ele nos presenteia com mais um acalanto, que é esse empolgante Infiltrado no Klan, que acima de tudo dá uma resposta para quem desdenha da resistência.


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