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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

BOY ERASED - UMA VERDADE ANULADA


BOY ERASED – UMA VERDADE ANULADA
DIREÇÃO: Joel Edgerton
ELENCO: Lucas Hedges, Nicole Kidman, Russell Crowe e Joel Edgerton


No interior dos Estados Unidos, Garrard é um jovem, que vem de uma família religiosa, sendo que seu pai é pastor, mas se vê confrontado pela mesma pelo fato de ser homossexual. Forçadamente, ele luta para deixar a opção sexual que todos a sua volta chamam de doença, ao mesmo tempo em que tenta fazer valer sua real personalidade.


Em uma carreira como ator de mais de 70 créditos, o australiano Joel Edgerton, enxergando em si a capacidade e a experiência suficientes para desbravar novos rumos na sétima arte, adapta a autobiografia Boy Erased – A Memoir, de Garrard Conley, e assina, além do roteiro, direção e produção do filme Boy Erased – Uma Verdade Anulada, trazendo consigo os compatriotas e vencedores do Oscar Nicole Kidman e Russell Crowe para co-estrelarem esse forte drama ao lado do jovem promissor Lucas Hedges (que já tem uma indicação ao Oscar no currículo), que, como é filho do cineasta Peter Hedges, viu imagens reais suas quando criança, abrilhantando o prólogo da obra, no qual foi inevitável eu me lembrar de Querido Menino, que vi e escrevi sobre há pouco tempo, em que enfatizei que ninguém sabe o dia de amanhã, muito menos numa relação entre pai e filho.

Em um ambiente claramente o menos tolerante possível para no mínimo se discutir sexualidade, o filme encontra ao focalizar o semblante de cada membro da família protagonista, o terror que é buscar a coragem de encarar qualquer um, mesmo quando ser gay é só uma natural dúvida na cabeça de um adolescente. Sem economia no ato de escancarar um dos fatos que mais deixa indignado um LGBT+ ou defensor da causa, Edgerton apresenta e estrutura uma clínica de terapia que visa a “cura gay”, mostrando a naturalidade com que muitos fundamentalistas tratam o ato de se buscar o abandono da homossexualidade, ao passo que eles usam de um repudiante tratamento de choque, embasado por teorias que demonizam a prática mais do que qualquer crime que um sujeito, independente de opção sexual, é capaz de cometer.

Já atingindo um ápice de horror real, dando uma amostra do que é ser uma minoria em qualquer lugar do mundo, Boy Erased – Uma Verdade Anulada destoa necessariamente da intenção de ser ousado e inovador, e segue seu rumo em clichês que jamais perderão validade na maneira com que muitos seres julgam o estilo de vida de outrem, como o tipo de esporte que uma pessoa pratica ou assiste, que deve, na visão de muitos, estar associado a ser homem ou mulher, e o desvio disso é tratado para ser revertido tal qual os alcoólicos anônimos ou uma clínica de desintoxicação trabalha. Tudo isso acontece em meio a lembrança de que o filme é baseado em uma história real, onde um ser humano, diante desse caos, viu o seu psicológico tornar-se tão frágil quanto o seu físico.

Numa luta silenciosa sem saber para o quê, Boy Erased – Uma Verdade Anulada é um grito de socorro até numa reação violenta à uma imagem de um modelo na rua, onde o desgaste com o sofrimento da terapia mostrou que vale a pena ser honesto consigo mesmo e posteriormente com a família, que apesar do clima sombrio que pairava sobre o tormento, o jovem, espetacularmente interpretado por Lucas Hedges, encontra em sua mãe (a perfeita Nicole Kidman), a mulher que, entre risos e lágrimas, roga a Deus para que o filho seja aquilo que ela espera, mas sabe como ninguém ser a primeira a aceita-lo, mostrando que o amor de mãe é o primeiro, maior e melhor refúgio diante de qualquer coisa.

O extremo radicalismo religioso não é páreo para que Garrard se entregue a forma de amor em que ele acredita, e a palavra reação é executada da mais primordial maneira. Enaltecendo a felicidade acima de tudo, Boy Erased – Uma Verdade Anulada, com belas canções originais, talvez nos dê mais a lembrança do seu excelente elenco do que o próprio filme em si, mas acima de tudo nos apresenta uma forte história de um verdadeiro campeão na vida, que é um espelho para aqueles que clamam e vão ao combate pela resistência.


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