QUERIDO
MENINO
DIREÇÃO:
Felix Van Groeningen
ELENCO:
Steve Carrell, Timothée Chalamet e Maura Tierney
Nic é um garoto de 18 anos,
que infelizmente não conseguiu escapar dos tristes impactos que o mundo das
drogas traz na vida de um ser. Viciado em metanfetamina, ele faz de sua
dependência um mal que prejudica toda a sua família, deixando-a desestruturada,
buscando uma luz no fim do túnel para vencer o tormento.
O cineasta belga Felix Van
Groening, após se consolidar como um dos maiores nomes da sétima arte em seu
país, chegando a disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, chega a
Hollywood. Se cercando das melhores cabeças, seja no elenco do filme ou na produção, que é co-assinada por Brad Pitt, ele se alia ao roteirista Luke Davies (o mesmo de Lion – Uma Jornada
para Casa) – um verdadeiro expert em dramas familiares, para pôr em prática um
projeto de transpor para as telonas um dos maiores tormentos que assola um ser
humano.
Querido Menino é recheado de
complexidades e dúvidas tão fortes quanto a cabeça de um adolescente e a
dificuldade de um pai em lidar com rebeldia de um jovem de 18 anos viciado em
drogas, que mesmo separado da mãe do garoto, sempre se mostrou presente e o
inseriu em sua nova família, sem qualquer distinção. Uma das principais
características do filme é a enorme, mas não excessiva, quantidade de
humanidade presente em seus personagens. Trabalhando sua narrativa como uma
maneira “autoajuda” de buscar a resolução de problemas evitando o radicalismo,
a obra expõe que até fugas que poderiam ser motivos para cruéis castigos
físicos, ganham a compreensão, mesmo que haja um momento em que a paciência
acabe.
Emotivo, o filme faz de sua estrutura
uma salada de seu atual drama com flashbacks lembrando a infância feliz e a figura paterna como a de um verdadeiro herói, brotando a essência da comoção em
quem assiste, ao mesmo tempo em que todos têm reforçada a certeza de que ninguém
sabe o dia de amanhã, tornando no mínimo devastadoras as voltas que o mundo dá,
fazendo-se mais que necessária a aptidão humana de buscar sempre a força e o controle de cada situação, já que definitivamente ninguém está imune a se deparar
com os percalços da vida que mais amedrontam.
De fato, a juventude tem
desses desvios, e explorando elementos dela, Querido Menino investe em um belo
romance para tentar fazer de questões sentimentais, um acalanto e uma
possibilidade de amenizar o vício e se dirigir em direção à cura, mas como o
filme não tem o mínimo compromisso (isso não é uma crítica) em defender que no
final fica tudo bem, inversões problematizam ainda mais o sofrimento, e regras
cada vez mais perdem a sua força. Mas se há um ponto positivo nisso, é
que, como em tudo na vida, podemos tirar uma lição: pais, cientes de que um
filho na sua frente pode não ser igual nas suas costas, tem a oportunidade de
saber quem realmente é a sua cria e respeitar a personalidade própria deles,
principalmente num período de tantas mudanças como é a adolescência. Evidente
que a prioridade é livrar seu descendente das drogas, mas cabe sim um momento
para reflexão, diante de tudo isso.
Agora uma coisa precisa ser
dita: Querido Menino não é de fato e de direito um filme bom, ao mesmo tempo em
que não consegue ser ruim. Mesmo com todo o drama psicológico, faz-se justo
reconhecer que, ao final das contas, tudo fora executado de uma maneira
convencional, e só que o impressiona de verdade é a fantástica atuação de
Thimothée Chalamet, que absorve com maestria o tormento daquele jovem,
esbanjando talento e segurança a cada situação, por mais diferente que ela
seja. No mais, mesmo que o primor na trama não tenha sido atingido, pelo menos
fica a mensagem de que todos nós devemos acreditar no recomeço, pois o
irrecuperável não existe.
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