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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

QUERIDO MENINO


QUERIDO MENINO
DIREÇÃO: Felix Van Groeningen
ELENCO: Steve Carrell, Timothée Chalamet e Maura Tierney


Nic é um garoto de 18 anos, que infelizmente não conseguiu escapar dos tristes impactos que o mundo das drogas traz na vida de um ser. Viciado em metanfetamina, ele faz de sua dependência um mal que prejudica toda a sua família, deixando-a desestruturada, buscando uma luz no fim do túnel para vencer o tormento.


O cineasta belga Felix Van Groening, após se consolidar como um dos maiores nomes da sétima arte em seu país, chegando a disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, chega a Hollywood. Se cercando das melhores cabeças, seja no elenco do filme ou na produção, que é co-assinada por Brad Pitt, ele se alia ao roteirista Luke Davies (o mesmo de Lion – Uma Jornada para Casa) – um verdadeiro expert em dramas familiares, para pôr em prática um projeto de transpor para as telonas um dos maiores tormentos que assola um ser humano.

Querido Menino é recheado de complexidades e dúvidas tão fortes quanto a cabeça de um adolescente e a dificuldade de um pai em lidar com rebeldia de um jovem de 18 anos viciado em drogas, que mesmo separado da mãe do garoto, sempre se mostrou presente e o inseriu em sua nova família, sem qualquer distinção. Uma das principais características do filme é a enorme, mas não excessiva, quantidade de humanidade presente em seus personagens. Trabalhando sua narrativa como uma maneira “autoajuda” de buscar a resolução de problemas evitando o radicalismo, a obra expõe que até fugas que poderiam ser motivos para cruéis castigos físicos, ganham a compreensão, mesmo que haja um momento em que a paciência acabe.

Emotivo, o filme faz de sua estrutura uma salada de seu atual drama com flashbacks lembrando a infância feliz e a figura paterna como a de um verdadeiro herói, brotando a essência da comoção em quem assiste, ao mesmo tempo em que todos têm reforçada a certeza de que ninguém sabe o dia de amanhã, tornando no mínimo devastadoras as voltas que o mundo dá, fazendo-se mais que necessária a aptidão humana de buscar sempre a força e o controle de cada situação, já que definitivamente ninguém está imune a se deparar com os percalços da vida que mais amedrontam.

De fato, a juventude tem desses desvios, e explorando elementos dela, Querido Menino investe em um belo romance para tentar fazer de questões sentimentais, um acalanto e uma possibilidade de amenizar o vício e se dirigir em direção à cura, mas como o filme não tem o mínimo compromisso (isso não é uma crítica) em defender que no final fica tudo bem, inversões problematizam ainda mais o sofrimento, e regras cada vez mais perdem a sua força. Mas se há um ponto positivo nisso, é que, como em tudo na vida, podemos tirar uma lição: pais, cientes de que um filho na sua frente pode não ser igual nas suas costas, tem a oportunidade de saber quem realmente é a sua cria e respeitar a personalidade própria deles, principalmente num período de tantas mudanças como é a adolescência. Evidente que a prioridade é livrar seu descendente das drogas, mas cabe sim um momento para reflexão, diante de tudo isso.

Agora uma coisa precisa ser dita: Querido Menino não é de fato e de direito um filme bom, ao mesmo tempo em que não consegue ser ruim. Mesmo com todo o drama psicológico, faz-se justo reconhecer que, ao final das contas, tudo fora executado de uma maneira convencional, e só que o impressiona de verdade é a fantástica atuação de Thimothée Chalamet, que absorve com maestria o tormento daquele jovem, esbanjando talento e segurança a cada situação, por mais diferente que ela seja. No mais, mesmo que o primor na trama não tenha sido atingido, pelo menos fica a mensagem de que todos nós devemos acreditar no recomeço, pois o irrecuperável não existe.


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