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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

OSCAR 2019


A primeira justiça que pode ser dita sobre o Oscar 2019 é que foi sim uma cerimônia boa, principalmente no tocante em que tudo conspirava contra, e por culpa da própria produção. Quiseram criar uma categoria que levava em consideração a popularidade, apresentar prêmios durante o intervalo, colocar apenas 2 canções tendo sua performance ao vivo e ainda por cima limitando-as a 90 segundos. A força dos fãs da festa tradicional foi superior a do novo público-alvo que a Academia de Hollywood mira, e todas essas estupizes foram revogadas. Sem mestre de cerimônia após 30 anos, tal função não fez falta, pois grandes apresentadores e apresentações fizeram individualmente o brilho do evento. Havia forma de melhor do Oscar 2019 ter iniciado senão com um show do Queen + Adam Lambert, seguidos das 3 melhores humoristas do mundo (Tina Fey, Amy Poehler e Maya Rudolph) levando todos às gargalhadas?! Fora que a plateia deu um show a parte: muitos aplausos de pé, vibrações, dança. Podemos dizer que foi sim uma cerimônia memorável, e que não foi cansativa, aparentando até ter sido bem rápida, mesmo durando as habituais quase 3h30.

Analisando os vencedores da noite, que bateu o recorde no número de negros e mulheres premiados, admito ter ficado bem menos frustrado que inúmeros amigos meus. Ninguém pode esquecer que não se agrada a gregos e troianos, muito menos num universo de 8 mil votantes e bilhões de cinéfilos, que testemunharam 4 atores levando a estatueta dourada para cada, mas nenhum deles é uma estrela de quinta grandeza - coisa que eu nunca vi, acompanhando o Oscar há 21 anos. Esperava-se que Roma foi eleito o Melhor Filme, o que faria desta obra mexicana a primeira estrangeira a ganhar o maior dos prêmios, mas na hora deu Green Book - O Guia, que chocou a muitos, mas analisando bem a temporada, era muito arriscado desdenhar dele, devido boas sucessões em outras premiações, como a do Sindicato dos Produtores. Esta obra se torna uma das poucas a ter vencido Melhor Filme, sem indicação a Melhor Diretor, e saiu da noite também com as estatuetas de Melhor Roteiro Original e Ator Coadjuvante para Mahershala Ali, se junta a Denzel Washington como os únicos negros com 2 Oscars, e torna-se o primeiro negro a vencer duas vezes numa mesma década. Muitos o chamam de novo Christoph Waltz, mas para mim ele é um novo Walter Brennan. Entendedores entenderão! Roma só ficou com as estatuetas de Melhor Diretor para Alfonso Cuaron (a quinta vitória de um mexicano no últimos seis anos), Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Fotografia.

Com personagens constrangedores no cinema em outrora, mas com uma bem sucedida carreira televisiva, Rami Malek foi o melhor ator por Bohemian Rhapsodyonde interpretou Freddie Mercury. Vale ressaltar que dos últimos 15 anos, em 11 o prêmio da categoria foi para um personagem real. Ele fez um lindo discurso, onde chegou até a ironizar o fato de não ter sido a primeira opção para a obra, mas acabou sendo a ideal. Há uns 6 meses, o que se imaginava é que este filme no máximo conseguiria uma indicação para o seu protagonista, e o final da história fez da cinebiografia do líder do Queen o longa mais premiado da noite: ainda ficou com os prêmios de Melhor Montagem (para o diretor de Lenda Urbana 2. Viram como o mundo dá voltas?), Melhor Efeitos Sonoros e Melhor Edição de Som. Regina King ficou com uma merecida estatueta de Melhor Atriz Coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse, e não segurou as lágrimas. Gosto de ver pessoas chorando ao ganhar um Oscar! Mas ressalto o seguinte: ela é a nona atriz negra a ganhar o prêmio, e todas venceram com personagens esteriotipados. Preocupante! Falando em mulheres negras, eis que a história foi feita: Ruth Carter e Hannah Beachler se tornaram as primeiras premiadas fora das categorias de atuação. Elas venceram Melhor Figurino e Melhor Design de Produção (respectivamente) por Pantera Negra. O filme também venceu Melhor Trilha Sonora, tornando-se o mais premiado filme da história da MARVEL.

Um dos prêmios mais esperados da noite foi o de Melhor Atriz. Era o momento perfeito de fazer da grande diva Glenn Close uma vencedora do Oscar, após 6 indicações e 6 derrotas. Foi este um momento lindo? Não, porque ela perdeu novamente, e assim amplia o seu recorde como a pessoa viva com mais derrotas. A inglesa Olivia Colman venceu por A Favorita. Muitos até concordam com a vitória dela, mas ao mesmo tempo acreditam que fosse algo desnecessário e não forte ao extremo, a ponto de adiar novamente uma vitória de Close, que aos 71 anos, estava bárbara em A Esposa. Se ela não ganhou este ano, será que um dia vencerá? A frustração estava visível em seu olhar. Compartilho agora o relato de meu amigo Paulo Soares, grande crítico de cinema de Aracaju, que é justamente o que eu penso: 


Sobre vitórias tardias, que poderiam ter contemplado Close, eis que Spike Lee finalmente vence o seu: Melhor Roteiro Adaptado por Infitrado na Klan. Ele não perdeu a oportunidade de atacar Donald Trump em seu discurso, e minutos depois, no anúncio de Melhor Filme para Green Book - O Guia, chamou a atenção ao se retirar do teatro inconformado. O multi-indicado Vice foi somente a Melhor Maquiagem. Homem-Aranha no Aranha-Verso venceu Melhor Animação e interrompeu a hegemonia de 6 anos seguidos da Disney/Pixar. A estatueta de Melhor Efeitos Visuais foi para Primeiro Homem, frustrando novamente as boas expectativas de Os Vingadores. Free Solo foi o Melhor Documentário, e dentre os curtas-metragens impressionou a vitória de Period. End of Sentence - um filme sobre menstruação.

Grande momento da festa foi a vitória de Lady Gaga em Melhor Canção com "Shallow", de Nasce uma Estrela, coroando o grande ano que ela teve em várias vertentes artísticas. Ela se junta a outros cantores famosos que venceram o prêmio, como os Beatles, Frank Sinatra, Elton John, Stevie Wonder, Lionel Richie, Cher, Adele, Bob Dylan, Prince, Eminem, dentre outros. A apresentação da música na cerimônia, ao lado de Bradley Cooper, emocionou a todos. Me despeço compartilhando o vídeo da performance e lembrando que o Oscar é, acima de tudo, a confraternização dessa arte que tanto amamos. Em 2020 tem mais!




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