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quinta-feira, 14 de março de 2019

CAPITÃ MARVEL


CAPITÃ MARVEL
DIREÇÃO: Anna Boden e Ryan Fleck
ELENCO: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Jude Law e Annette Bening

 

Após se salvar de uma explosão, Carol (piloto da Força Aérea Britânica) adquire superpoderes providos do primeiro Capitão Marvel e torna-se a versão feminina do mesmo, com capacidade de voar e até mesmo de ter um sétimo sentido, devido a grande radiação que atingiu o seu corpo. Com um antagonismo se difundindo pelo mundo, ela assume a responsabilidade de salvar o planeta, criando assim o grupo d'Os Vingadores.


Não é segredo para ninguém que a Marvel vive o seu melhor momento. Foram anos sendo taxada de produtora mais caça-níquel do que preocupada com a qualidade de suas obras, capaz de multiplicar bilheterias, mas brotando em todos o sentimento de que o filme deixou a desejar. 2018 foi um ano diferente: películas entre as melhores do ano, e uma aclamação na temporada de premiações: Pantera Negra foi o primeiro longa de super-heróis indicado ao Oscar de Melhor Filme, saindo da festa com 3 estatuetas: Melhor Trilha Sonora, Melhor Figurino e Melhor Design de Produção. Com Capitã Marvel, eles iniciam 2019 com o afã de manter-se no auge ou até mesmo superá-lo, e apesar de polêmicas como a ameaça de boicote por ter uma mulher como personagem central, conseguiu em sua estreia arrecadar mais de US$ 455 milhões - um recorde para um filme protagonizado por uma mulher.

Como não poderia deixar de ser, um prólogo que homenageava Stan Lee, pai desses heróis e que faleceu em novembro passado, arrancou aplausos e lágrimas do público, antes que o mesmo se debruce a um ser que, na escuridão, se deixe envolver por sonhos e alucinações - praticamente uma marca na idealização desses heróis, e que, por incrível que pareça, nunca se torna um clichê mal usado. Dirigido pelo casal Anna Boden e Ryan Fleck (de Half Nelson - que rendeu a primeira indicação de Ryan Gosling ao Oscar, em 2007), Capitã Marvel ousa em criar uma trama passada na passagem da década de 1980 para a de 1990, cuidadosamente coerente com as características da época, fazedo de cada ato, um presságio para as obras de tempos futuros, e que já estamos habituados dentro do universo Marvel. O ato de seguir os sinais é um regozijo a mais para quem vorazmente testemunha o filme, repleto de pontos a serem ligados nas entrelinhas.

Determinada, mas nem sempre potente o suficiente, a Capitã Marvel é possuidora de uma força oculta, que deve ser mantida assim, afinal, para o período fictício, ela é uma novidade. Enquanto uma nova pessoa concebida, ela não se conhece, e a fotografia do filme, assinada por Ben Davis (de Guardiões da Galáxia e Doutor Estranho), executa uma ausência do colorido, que transforma as batalhas em algo complexo, que exige que novos detalhes referente a heroína sejam trazidos à tona, enquanto a mesma, sem nenhuma surpresa, luta para superar a misoginia e as piadas desnecessárias.

Mesmo colocando o espaço e outros planetas como peças fundamentais do roteiro, escrito pelos diretores, em parceria com Nicole Perlman, Meg LeFauve e Geneva Robertson-Dworet, é importante ressaltar que a Terra, que é a parte a ser protegida, possui as sequências de ação que mostram um ritmo ágil, por meio de uma eficaz montagem de Debbie Berman e Elliot Graham, ao som de uma trilha sonora composta por Pinar Tropak (diferente e bela para os padrões), recheada de elementos que dão características precisas a heroína, que enfatizam que ela não será uma vingadora a ser diminuída, pois apesar do período de reencontro consigo mesma, fez seu lado sábio superar o leigo.

Após ganhar o Oscar de Melhor Atriz em 2016, por O Quarto de Jack, Brie Larson, uma desconhecida na época, mostra hoje a força de sua carreira pós-glória maior, e, ao lado de Samuel L. Jackson, consegue monopolizar a trama, mostrando a dupla bem mais significante que qualquer outro personagem, e nesse ponto, como nada é perfeito, faz-se justo admitir que o antagonismo não estava a altura do protagonismo, capaz até de dar ao espectador a dúvida se vale a pena torcer contra alguém, se não têm tantos elementos negativos, como o costume dita.

Objetivando acima de tudo iniciar um novo ano com uma obra de redescobrimento, Capitã Marvel mostra a sua identidade, sem nem importar o uso de uma camisa pirata, e encontra meios para ser uma heroína tão importante e popular, e principalmente, apesar de não atingir a perfeição, ratifica que seu estúdio continua sem falhas nas tramas individuais de seus principais personagens, para fazer da reunião dos mesmos, um apoteótico encontro, repleto de química, provando que os heróis ainda são uma face a ser levada a sério em cada arte que os retrata.


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