"O Homem do Oscar - foi assim que a capa da revista "Veja São Paulo", em sua edição de março/abril de 1995, descreveu Rubens Ewald Filho, com a legenda: "O crítico que já viu mais de 14 mil filmes dá seu próprio show na maior festa de Hollywood". Oito anos depois, o número já está a caminho dos 21 mil, mas Rubens ainda continua ligado no Oscar, como afirmava a revista no seu sumário: "O nome é Rubens, mas pode chamar de Oscar". Foi com essas palavras que o próprio REF introduz o seu livro "O Oscar e Eu", de 2003 - uma obra-prima para amantes do cinema e da crítica, e que em muito valoriza o glamour da maior premiação da sétima arte, que sempre o encantou.
Nascido em Santos (SP), passou pelas maiores empresas jornalísticas nas áreas de televisão, rádio e internet; foi curador e membro do júri de diversos festivais de cinema; foi ator e roteirista, inclusive da novela Éramos Seis, além de uma imponente figura de destaque na crítica de cinema, na qual ele foi o responsável por popularizar no Brasil, mostrando a maneira técnica como cada filme devia ser avaliado, provando que há cultura no estudo da invenção dos irmãos Lumiére. “No fundo, todo crítico quer ser amado. Mas ou você faz uma
crítica honesta ou escreve para ser amado. Polêmica sempre deu leitura, mas o
trabalho do crítico é ser honesto e destrinchar o filme para o público que vai
ao cinema”, dizia.
Ele não sabia como havia surgido o seu amor pelo cinema (eu também não sei), mas tinha em sua sã consciência que a sétima arte lhe causava mais adrenalina que a ideia de se jogar de um paraquedas. Com uma enciclopédia cinematográfica na cabeça, para ele, a cada novo filme visto, renovava-se o nervosismo, a emoção e o prazer, onde ele voltava a ser, acima de tudo, não um crítico, mas um grande fã ou, como em suas palavras: "aquele moleque que descobria a arte".
Eis uma pessoa que, concordando ou discordando com o que
falava, sempre tinha minha profunda admiração e meu respeito. Um ícone, o maior de todos! Qual crítico nunca sonhou em ser um REF, pelo menos uma vez na vida, comentando o Oscar?! Foram quase 40 cerimônias televisionadas com as suas análises. Sabia a ficha de cada filme, o currículo de cada ator, cada atriz, cada diretor e todos os demais profissionais envolvidos - um conhecimento que nos espelhava, ao mesmo tempo em que nos deixava boquiabertos.
Rubens Ewald Filho nos deixou hoje, aos 74 anos, após vários dias internado, devido um infarto e uma queda no shopping. Fica a imagem de sua sabedoria infalível, seu pioneirismo, sua generosidade com os demais e seu amor pela arte que tanto nos encanta. “Eu carrego uma
bandeira de amor ao cinema e sou um entusiasmado. O cinema sempre foi um grande
companheiro, que nunca me abandonou. Ele nos ajuda a viver e a sonhar”. Descanse em Paz!

0 comentários:
Postar um comentário