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segunda-feira, 15 de julho de 2019

TURMA DA MÔNICA - LAÇOS


TURMA DA MÔNICA - LAÇOS
DIREÇÃO: Daniel Rezende
ELENCO: Giulia Barreto, Gabriel Moreira, Laura Rauseo, Kevin Vechiatto, Monica Iozzi, Paulo Vilhena e Rodrigo Santoro


Floquinho, o adorável cãozinho de estimação de Cebolinha, é sequestrado de maneira misteriosa, fazendo seu dono entrar em uma profunda tristeza. Apiedados com a situação do amigo, Mônica, Magali e Cascão decidem ajudá-lo, e a turma parte em direção à floresta, executando um plano de resgate do animal. É nesse momento que eles descobrem os mais belos laços de amizade existentes entre eles, capazes de superar todas as brigas e travessuras.


Para personagens criados há décadas, e num universo cinematográfico repleto de adaptações que molduraram ainda mais nossa fértil imaginação, tem que ser admitido, após versões animadas, que foi um tanto quanto tardia a confirmação de uma obra em estilo live-action para a Turma da Mônica - maior fenômeno nacional das histórias em quadrinhos. Felizmente tamanha espera não diminuiu uma outra espectativa, que sempre foi inabalável, capaz até de digerir uma possível má sucessão de um filme. Turma da Mônica - Laços, que vem muito bem no quesito bilheteria e será exibido no Festival de Gramado, dividiu opiniões, embora a maioria delas sejam favoráveis. Infelizmente, faço parte do grupo minoritário, mas como para tudo na vida, tenho meus motivos.

Dirigido por Daniel Rezende (Indicado ao Oscar de Melhor Montagem por Cidade de Deus, em 2004) e roteirizado por Thiago Dottori e pelos estreantes Vitor e Lu Cafaggi, a obra exprime uma fidelidade preliminar ao conceber uma clássica travessura, que se incrementa com as principais características do quarteto: a ira de Mônica, a gula de Magali, a fobia de Cascão à água e Cebolinha trocando o "r" pelo "l". Enaltecendo o Sansão como a mais poderosa das armas e permitindo ao grande Mauricio de Sousa fazer uma ponta como dono de uma banca de revistas, Turma da Mônica - Laços pelo menos deixa bem claro que não economizou em sabedoria com o seu belo design de produção, servindo até como uma linda publicidade turística para as suas locações - com destaque à Poços de Caldas, cidade do interior mineiro.

Mas tenho que admitir que se tem uma coisa que me incomoda em qualquer tipo de filme é quando os fatos acontecem rápidos demais, o que eu já previa com o espanto que tive com a curta duração de Turma da Mônica - Laços, que desde já me parecia exageradamente menor que o habitual em obras cômicas e infantis, ao passo que o antagonismo, diante da pré-potência de Cebolinha e suas aventuras ao estilo apogeu da Sessão da Tarde, não teve um pré-desenvolvimento necessário para engrandecer o carro-chefe do longa, e teve que se contentar com simples citações extremamente vulneráveis a ficarem incólumes, tornando os vilões (fãs de Fagner e inexplicavelmente pouco focalizados a princípio), pessoas quaisquer, apenas para cumprir algo que supostamente precisava estar incutido no desenvolvimento.

Muito preocupado em buscar elementos intertextuais, Turma da Mônica - Laços os trata de maneiras negativamente direta e indireta, e por ora até perde oportunidades de incluir outros personagens, que poderiam ser importantes para a trama. Será que os ambientes interioranos e o cemitério apresentado em uma cena não eram um chamativo para a inclusão de outras criações clássicas de Mauricio de Sousa? Assim, a sensação que tive com o filme foi de um puro anseio econômico, resultante de uma falta de criatividade, perceptível inclusive no transpor das habilidades e deficiências dos quatro personagens centrais. Ué, por que no mesmo ato, a Magali consegue vencer a tentação de estar em frente a uma melancia, mas o Cascão tem que recorrer a uma capa de chuva para encarar a água?

Concluindo a trama explicando o que de fato era o Cabelol, sendo que muitos espectadores já haviam esquecido desse elemento do filme, Turma da Mônica - Laços de fato tem o seu melhor momento na participação de Rodrigo Santoro, que desde sempre foi bastante difundida, e olha que o filme tem outros atores de renome no elenco, como Monica Iozzi e Paulo Vilhena. Interprentando o Louco, o astro tupiniquim de Hollywood dá vida a todo o ambiente e consegue ser o retrato mais fidedigno do passar dos personagens dos quadrinho para o cinema. Capaz de impactar com mensagens ao estilo "Tem coisa mais chata do que ser normal?", ele foi o ápice de uma obra que talvez não tenha almejado se arriscar tanto, até mesmo porque estava diante do reforçado olhar crítico de Mauricio de Sousa e dos fãs, mas é uma pena que o resultado não tenha me brotado a satisfação. Aguardermos os próximos, mas uma coisa é fato: definitivamente, Alfonso Cuaron e seu Harry Potter tem muito o que ensinar.


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