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domingo, 7 de julho de 2019

HOMEM-ARANHA: LONGE DE CASA


HOMEM-ARANHA: LONGE DE CASA
DIREÇÃO: Jon Watts
ELENCO: Tom Holland, Zendaya, Jake Gyllenhaal, Marisa Tomei e Samuel L. Jackson


Animados, Peter Parker e seus amigos de escola partem para uma viagem de férias em diversos países da Europa - eis uma grande oportunidade para o garoto deixar de lado suas responsabilidades heróicas e poder curtir a sua juventude. Acontece que ser o Homem-Aranha parece maior que ele, por isso ele topa ajudar Nick Fury a desvendar uma série de destruições ocorridas no velho continente.


Não é exagerado admitir que, dentre todos os super-heróis, o Homem-Aranha é o que detém o mais diferenciado olhar por parte do público e da crítica, o que torna inevitável as comparações entre as suas obras e, principalmente, entre os seus intérpretes. Preferido da maioria até o momento, Tobey Maguire conseguiu impactar para um filme (o de 2002, no caso) que era há muito tempo esperado. O passar do bastão para Andrew Garfield não ameaçou o seu reinado, visto que este, mesmo interpretando o spider no melhor momento de sua carreira (após muitos questionamentos), não foi suficiente diante da má qualidade da linha O Espetacular Homem-Aranha. Rejuvenecer o papel, aos moldes do que imaginava Stan Lee, brotou a excelente ideia de concedê-lo ao que eu considero ser o melhor ator do mundo abaixo dos 30 anos: Tom Holland. Pena que o seu bom trabalho não ofusca as irregularidades desses novos reboots.

Tive um pressentimento ao me deparar com a imagem de uma santa logo na primeira cena de Homem-Aranha: Longe de Casa, fortificado com uma homenagem in memoriam ao som de "I Will Always Love You", da saudosa Whitney Houston, que eu, ingenuamente, acreditava ser para o supracitado Stan Lee, mas que acabou sendo de um deboche sem noção ao que o filme anterior, junto a Marvel, conseguiu construir. A impressão que eu tenho é que o rejuvenescimento dos personagens, brotou no time de roteiristas, formado por Chris McKenna e Erik Sommers, a necessidade, no pior dos sentidos, de tornar a trama infantil, o que volta a colocar em cheque a sempre defendida baixa qualidade dos filmes solos dos Vingadores, abafada pelo Pantera Negra, Guerra Infinita e Ultimato. Sobre o pressentimento com a imagem da santa, digo que não é surpresa que, para muitos, é necessário pedir aos céus a paciência necessária para conseguir engolir esse filme.

Dirigido pelo jovem Jon Watts, Homem-Aranha: Longe de Casa faz a pior promoção turística que o cinema já propôs para a Europa. Veneza, na Itália, é uma cidade que enche os olhos de qualquer um, e, a princípio, não parecia haver a necessidade de usar aquele ambiente para justificar a força da natureza como combustível para o início do antagonismo e o determinar das características principais dos personagens, visando um andar da carruagem, que não conseguiu evitar o cansaço.

Não obstante em escancarar exageros, Homem-Aranha: Longe de Casa, que tão cuidadoso foi em convocar para o seu elenco, nomes talentosos como o do Holland, Zendaya e dos agradáveis Jacob Batalon e Angourie Rice, monta uma trama baseada em uma juventude artificial, apelativa e manjada, que torna os personagens jovens tão chatos quanto a história, que talvez sequer exista, pois os monstros sem uma motivação que faça o mínimo sentido, construídos em mistérios que eram só um "quebra-galho" para o roteiro, tinham o intuito de apenas dar um serviço para Peter Parker, que, ridiculamente, apresenta-se munido da ideologia Power Rangers: destruir a cidade, para salvá-la.

Dotado de um festival de ilusionismo (o que eram aqueles drones?) que alastra a sua não questionável complexidade, Homem-Aranha: Longe de Casa ainda insiste em uma tão desinteressante "Eurotrip", enquanto persiste no erro de outros filmes da Marvel, em querer ser não uma obra autêntica e independente (como Guardiões da Galáxia consegue ser) e sim busca sempre tornar-se uma "amostra grátis" de uma obra completa d'Os Vingadores. Como assim Peter Parker querer ser Tony Stark? Por que não almejar construir uma trama em que o Homem de Ferro e qualquer outro herói não tenham nada a ver com ela? Será que o papel eternizado por Robert Downey Jr é mesmo o preferido dos cinéfilos, como tentam pregar? Eu acho que não, da mesma maneira que digo que a imagem do grande Samuel L. Jackson já está a beira de um desgaste, que poderia ser facilmente evitado.

Com gananciosas reviravoltas, revelações que não chocam, um desperdício do talento da grande Marisa Tomei e cenas de ação sem identidade, que mais pareciam ser controladas por jogadores de videogame, Homem-Aranha: Longe de Casa deve, acima de tudo, brotar em seus produtores uma reflexão, pois o trabalho principalmente do bom elenco envolvido está desmoronando em meio às artificialidades da construção de uma história, em que às vezes questiona-se ao qual gênero, de fato, pertence. A Marvel não vai parar, mas acumula, em 2019, um saldo mais irregular que o contrário, e a sensação de tensão, diante de novas obras e novos personagens que estão chegando, torna-se algo praticamente inevitável.

   

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