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domingo, 22 de dezembro de 2019

STAR WARS - A ASCENSÃO SKYWALKER


STAR WARS - A ASCENSÃO SKYWALKER
DIREÇÃO: J.J. Abrams
ELENCO: Daisy Ridley, Oscar Isaac, Adam Driver, John Boyega, Mark Hammil e Carrie Fisher


O Imperador Palpatine retorna ao poder, fazendo com que a Resistência lidere uma batalha que visa determinar quais rumos a galáxia irá seguir - tudo isso porque todos temem a realeza. Almejando ser, de fato, uma Jedi, Rey ainda é assombrada por fantasmas do passado, e sua ligação com Kylo Ren, que está em combate pela Força, deixa a situação ainda mais complexa.


Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante... Não, isso aconteceu aqui no Planeta Terra mesmo. Acreditem! Mais precisamente na década de 1970, George Lucas revolucionou o cinema na criação de personagens icônicos, amados de geração em geração, que se tornou um fenômeno mundial, que, por sinal, ficou conhecido aqui no Brasil, a priori, como Guerra nas Estrelas, até cair nas graças dos tupiniquins com seu nome original: Star Wars! Nove filmes e dois spin-offs fizeram da saga a madrinha dos blockbusters, justamente por ter sido a precursora disso. A década de 2010, onde foram produzidos os últimos longas, proporcionou uma reviravolta: George Lucas se afastou da franquia e vendeu os direitos autorais para Disney - decisão que em muito o deixou arrependido, o tornando decepcionado com os rumos de sua criação. Os atuais produtores garantem que Star Wars - A Ascenção Skywalker é o último filme da franquia. Todos têm direito de duvidar, mas se estiverem falando a verdade, não poderiam tê-la encerrado da pior maneira.

De fato, o que aconteceu em 2015, com O Despertar da Força, foi de encher os olhos. Aprimorando ainda mais a quinta grandeza do trabalho de efeitos visuais, o diretor J. J. Abrams entregou ali um novo Star Wars, memorável e com cenas impecáveis, que dão autenticidade a algo que eu apontava há 6 anos: no quesito cinema de ação e de ficção científica, Abrams é o cineasta número 1 do mundo. Bastante seguro daquilo que ele pode oferecer para um filme, ele tem a perspicácia de entregar um grande trabalho, mesmo sem  certas explorações. Valeu a pena esperar por 10 anos e transformar o novo Star Wars em uma autêntica obra de louvor para os fãs, e em uma nova paixão para quem foi conferir o filme por pura curiosidade. Uma película bem reformulada, inclusive com mais uma linda trilha sonora de John Williams. E o reencontrar de inoxidáveis nomes, nos faz mirarmos em apenas um: Hans Solo. Não há nada que faça alguém perder o elo com ele, pois o tempo pode passar e o roteiro pode pregar o que quiser, mas sempre qualquer apreciador se virará para ele e ecoará: “Que a força esteja com você”. Star Wars - Os Últimos Jedi deu continuidade a isso, mas hoje, infelizmente, tive que rever muitas posições minhas.

Retornando a venda, ressalto que quatro bilhões de dólares foi o valor que George Lucas embolsou para vender Star Wars para os estúdios Disney, poucos anos antes de três filmes: O Despertar da Força, Rogue One e Os Últimos Jedi, dirigidos por J. J. Abrams (da série Lost e de Star Trek), Gareth Edwards e Rian Johnson, respectivamente. Tais obras atingiram o sucesso de crítica e conquistaram a bilheteria com números jamais alcançados antes pela franquia, e olha que ela sempre foi bem-sucedida no quesito arrecadação. Talvez isso aumentou o afã de persistir em lançamentos de filmes em massa. Havia sentido nessas novas tramas, mas lamenta-se por serem somente caça-níqueis, que ecoam aquilo que há de mais revoltante no capitalismo que só visa o lucro.

Mas como o que nos interessa é Star Wars - A Ascenção Skywalker, primeiramente não se sabe se o que é melhor (ou menos pior) representado é o heroísmo ou a severa maldade, mas a verdade é que a saga abriu mão de ser quem ela realmente é, para se entregar ao modo mais infantil de uma mescla de filmes típicos da Sessão da Tarde, como Os Goonies e Power Rangers, junto ao que há de esdrúxulo na atualidade, como Transformers e Velozes e Furiosos. Dentro dos ambientes, um emaranhado de submundos, onde protagonismo e antagonismo disputam a força como se estivessem em uma simples queda de braço. Mortes e separações acontecem sem clímax, e se ele existe, alcança nada positivos níveis, devido a um roteiro bem ao estilo livro de autoajuda, onde tudo acontece de maneira fácil demais, seja atirar, matar, hipnotizar, convencer e até salvar o sofredor Chewbacca.

Em atos que mais pareciam marido e mulher discutindo relação, Star Wars - A Ascenção Skywalker propõe soluções artificiais para tudo. Seus novos personagens são ingenuamente ridículos, os clichês são mal usados, e a precária concepção dos mocinhos consegue facilmente fazer com que o público tenha é raiva deles, admitindo que eles e os vilões se merecem. A crueza na concretização das ações só reforçam que, aqui, o diretor J.J. Abrams e o roteirista Chris Terrio (Vencedor do Oscar em 2013, por Argo) esbanjaram algo chamado covardia.

Nos últimos anos, a saga Star Wars se viu no centro de polêmicas, ao passo que setores de sua trama, inclusive membros do elenco sofreram ataques preconceituosos, que iam da misoginia ao racismo e à xenofobia. Natural e louvavelmente, muitos saíram em defesa das escolhas da franquia, enfatizando os novos tempos e mostrando que a visão de quem concebe deve persistir, e uma Hollywood com ideais inclusivos só tinha a ganhar. John Boyega, coitado, um negro stormtrooper que chegou ao auge, sofreu com uma imagem atingida aos montes. Kelly Marie Tran, de descendência oriental, roubou a cena em Os Último Jedi e foi até escalada como apresentadora do Oscar 2018. Mas a discriminação a fez até abandonar as redes sociais. E aí eu questiono: o que a obra seguinte da saga Star Wars fez por eles? Valorizaram o seu talento? Defenderam suas relevâncias na trama? Nada disso, o que foi visto foi uma diminuição de Boyega, lhe dando inclusive uma desnecessária comicidade; e Kelly foi brutalmente humilhada, como se fosse uma figurante qualquer. Resumo, J.J. Abrams e Chris Terrio, tão talentosos e tão defendidos por mim em outrora, se venderam para uma vertente em o que importa é o lucro, e se ele vem das mãos de racistas, misóginos e xenófobos, pois então eles não viram nenhum mal em agravar o drama de quem sofre com esse mal, tudo isso só para fazer o dinheiro multiplicar. Assim, num esbanjar de esnobe à criatividade e ao talento, a arte e a dignidade humana foram brutalmente atacadas por valores mercenários, que não tinham direito de vir de nenhum filme, muito menos da saga Star Wars, que na década de 1970 propôs uma inovação que tanto engrandeceu o cinema, mas no fim da década de 2010, mostrou algo que, no mínimo, pode ser tratado como uma vergonha.


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