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domingo, 16 de fevereiro de 2020

AVES DE RAPINA


AVES DE RAPINA
DIREÇÃO: Cathy Yan
ELENCO: Margot Robbie, Ewan McGregor, Mary Elizabeth Winstead e Jurnee Smollett-Bell


O terrível vilão Máscara Negra começa uma caçada pelas ruas de Gotham City para encontrar uma garotinha chamada Cass e recuperar um valioso diamante. Curiosamente, não menos vilanizada, a Arlequina compra a briga pela proteção da jovem e acaba formando um improvável grupo de mulheres, com instintos vingativos. 


Na caça-níquel rivalidade entre a Marvel e a DC Comics, é fato que a reunião dos heróis (Os Vingadores e A Liga da Justiça, no caso) é a grande galinha dos ovos de ouro de cada um desses estúdios, mas o curioso é que a DC, subordinada a Warner Bros, decidiu promover, em 2006, os seus vilões, com o não menos aguardado Esquadrão Suicida, que foi simplesmente massacrado pela crítica, e eu prefiro me referir ele como "encontro dos ursinhos carinhosos em mesa de bar". Como nada é perfeito, nem para o bem, tampouco para o mal, algo se salvou nesse filme, e eu não estou falando do merecido Oscar de Melhor Maquiagem, e sim da personagem Arlequina, vivida por Margot Robbie, que virou sensação mundial, consolidou o nome da atriz australiana em Hollywood, e ganhou um filme solo. Pena que as mediocridades de outrora parecem estar mais vivas do que nunca.

Por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher - isso em qualquer campo, inclusive o psiquiátrico. Enquanto o Coringa do Joaquin Phoenix (esqueçam o Jared Leto) era o tormento em forma de gente, a Arlequina é o que há de mais cínico num jeito neurótico de ser. A louca vilã, de fato tem um histórico de vida com conquistas: emancipação, imunidade, comportamento livre e empoderamento; mas é uma pena que um filme como Aves de Rapina, que tanto quer defender o feminismo, em quase 2 horas de roteiro, cita mais o nome do Coringa do que a da personagem principal, ou seja, querendo ou não, estavam presos a um homem. Com cenas de ação exageradas, gratuitas e artificiais, nem a proposição de um novo jeito femme fatale consegue livrar a trama de suas irregularidades.

Com muita purpurina por nada, as idas e vindas mal-objetivadas de Aves de Rapina, que mais pareciam uma enrolação, não conseguem justificar o objetivo central da trama, que possui personagens e histórias tão egocêntricas quanto a sua produção, que hoje se vê decepcionada com a bilheteria do filme, e aqui no Brasil teve até que mudar o nome do longa para reverter a situação negativa. Ora, o filme foi lançado em 06 de fevereiro, apenas três dias antes da entrega do Oscar, onde mais de 90% do público vai ao cinema com o intuito de ver os concorrentes. Como assim ficaram surpresos com o início aquém do esperado?

Ao mesmo tempo em que busca uma intertextualidade, inclusive com uma menção a Marilyn Monroe e seu histórico ensinamento, que diz que diamantes são os melhores amigos de uma mulher, Aves da Rapina consegue se direcionar a pontos de constrangimento, como o uso de um laxante, até se perder em meio a inclusões de inúmeros personagens desordenados e sem explicação, que deixariam Robert Altman inconformado. Para piorar, o filme feminista possui um ato em que uma mulher sobe na mesa de um clube e, contra a sua vontade, dança e tira a sua roupa, simplesmente porque o dono do local exige, transparecendo assim uma estrutura paupérrima do filme, onde nem os personagens sabem quem são.

Querendo iniciar o ano de 2020 com um jeito fílmico diferente de ser, Aves de Rapina constrange, tal qual o seu cenário com mãos gigantescas, e uma artificialidade que chocaria até As Panteras, que desafiam as leis da física com suas lutas. Escancarando que Gotham City é o pior lugar do mundo para se formar uma família, a novata diretora chinesa Cathy Yan e a roteirista Christina Hodson continuam sem impactar e mostram uma mancha em suas carreiras, num momento em que, felizmente, mulheres cineastas e roteiristas estão cada vez mais em evidência. Ainda há dá tempo de mudar essa história!


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