Ads 468x60px

.

domingo, 8 de março de 2020

DOIS IRMÃOS - UMA JORNADA FANTÁSTICA


DOIS IRMÃOS - UMA JORNADA FANTÁSTICA
DIREÇÃO: Dan Scanlon
ELENCO: Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus e Octavia Spencer


Em um lugar majestoso e recheado de coisas fantásticas, mas que carecem de uma renovação e estão fadadas ao esquecimento, dois irmãos que convivem com a saudade do falecido pai, veem a oportunidade de revê-lo, nem que seja por apenas um dia; porém os planos não saem como planejado, por isso eles embarcam numa aventura para reverter uma situação que começou nada benéfica para eles.


Toda poderosa da indústria cinematográfica, a Disney sabe muito bem que renovações são necessárias, mas ela corretamente tem a ciência de que a manutenção de suas características principais são uma essência de seus filmes, por isso, mesmo que minimamente, o estúdio busca sempre avançar com certas prisões ao passado. 

Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica concebe, em seu prólogo, uma miscelânea de personagens e tipicidades, com bruxos, mágicos, dragões, elfos, sereias, gnomos e seres estranhos, que nos dão uma sensação verdadeira de já termos os visto em algum lugar, mas isso não representa nenhum demérito para a obra. Confiando a direção desse filme ao desconhecido Dan Scanlon, assim como o seu roteiro aos também desconhecidos Keith Bunin e Jason Headley (em parceria com o diretor), a Disney propõe uma mescla de fantasia com realidade, onde a tecnologia sendo inserida em períodos seculares, mostra que até os contos de fada felizmente não estão censurados a aderirem à modernidade, o que incrementa as suas tramas e exibe uma saudável adaptação da contemporaneidade àquela infância real e que todos sentem falta.

Crescido sem pai, um jovem chega a fase da adolescência com o intuito de ser um vencedor na vida, abrindo mão de aproveitar aquilo que a juventude proporciona. Ao mesmo tempo, ele tem que lidar com um irmão mais velho neurótico e adorador da magia, uma mãe batalhadora e um padrasto nulo, que não representa nada a ele. Mesmo com características atípicas a uma família, eles são donos de um inquestionável jeito dócil de ser. Ao mesmo tempo em que posam como sonhadores, eles externam um jeito otimista de viver, mesmo quando as circunstâncias, como um corpo pela metade, indicam uma situação difícil de ser resolvida.

De fato, nunca é tarde para se recomeçar, e numa sacada genial, Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica enfatiza que vilões do passado têm prazo de validade, se aposentam, mas podem perfeitamente ainda se sentirem aptos a um revival de sua função de outrora, mesmo que malevolente. Intensificando a mistura de fábula com realidade, o filme apresenta aventuras improváveis e surpreendentes, mas que não perdem um bom grau de diversão. A tal jornada fantástica é mais inteligente do que possamos imaginar, tal qual a maneira como Dan Scalon alterna a busca dos garotos e a busca da mãe, sem que uma se torne mais atrativa que a outra, corrigindo erros que a Disney já cometeu em filmes anteriores. Vide Procurando Nemo, onde a saga do pai coloca no bolsa a tentativa do filho em fugir do aquário.

Corajosa como há muito tempo se esperava, a Disney, mesmo que em apenas uma cena, apresenta o seu primeiro personagem homossexual de um filme infantil, sem nenhuma teoria da conspiração por trás, como as de Frozen - Uma Aventura Congelante, ou deduções precipitadas, como em Procurando Dory. Recheado de surpresas e curiosidades, Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica torna-se um "feel good movie", com uma linda mensagem por trás, que tão bem usa os elementos da natureza, e consegue se sobressair, mesmo com tomadas aterrorizantes. Fazendo um uso e abuso de seus personagens e suas características, o longa consegue a proeza de tornar válido tudo aquilo que parecia insignificante em atos anteriores e que achávamos que em nada contribuiria para a trama. Como se não soubesse ser mais maravilhoso ainda, o doce filme ainda conta com uma linda trilha sonora, composta pelos irmãos Jeff e Mychael Danna - este última venceu o Oscar em 2013, por As Aventuras de Pi.

As armadilhas de uma saga podem frustrar. Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica possui um final que não segue uma linha de raciocínio lógica, porém torna-se lindamente óbvia, ao passo que sabendo que pai não é só aquele que concebe, escancara algo que estava diante de todos, mas ninguém viu. O caminho fácil nem sempre é o adequado, mas nas dificuldades, aventura, emoção e magia podem sim ser ingredientes que fazem tudo valer a pena.

     

0 comentários: