OS 7 DE CHICAGO
DIREÇÃO: Aaron Sorkin
ELENCO: Yahya Abdul-Mateen II, Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Michael Keaton, Eddie Redmayne, Mark Rylance e Frank Langella
O ano é 1968 e, nos Estados Unidos, o Partido Democratas se prepara para realizar a sua convenção, porém o evento acaba por ser interrompido, devido aos protestos contra a Guerra do Vietnã na cidade de Chicago. Em meio a diversos confrontos entre manifestantes e a polícia, eis que 16 pessoas são presas e indiciadas.
Não deixa de ser oportuno escrever esta crítica neste período em que os Estados Unidos elege quem irá presidi-lo nos próximos 4 anos, exercendo esse que é tido como o cargo mais importante do mundo. Em meio a esse clima eleitoral, todos relembram quem já passou pela Casa Branca, e, diante disso, também são resgatadas as controvérsias existentes nos ex-Presidentes, que dão muita munição para diversas tramas. Neste tocante, a Guerra do Vietnã já serviu de enredo para inúmeros filmes, porém não pode ser descartado o ato de contar uma história ocorrida bem longe dos campos de conflitos. Bem vindo a Os 7 de Chicago.
O longa é dirigido por Aaron Sorkin, que ganhou, em 2011, o Oscar de Melhor Roteiro por A Rede Social, e tem outros textos de sucesso, como O Homem que Mudou o Jogo, Steve Jobs e A Grande Jogada. Cada vez mais se habituando na arte da direção, ele propõe, à princípio, uma eficaz montagem feita por Alan Baumgarten, que faz uma forte mescla de política com as situações sociais como um todo, em meio a imagens reais e fictícias, ao som de uma bela trilha sonora assinada por Daniel Pemberton. Assim, o público torna-se consciente de que o filme está se impondo e que Aaron, como sempre, faz suas palavras superarem personagens, sejam eles brancos, negros, pobres, ricos ou que fazem do público do Festival de Woodstock. Porém, uma falta de introdução e o investimento em pontas de humor diante da desorganização e dos mal entendidos existentes no julgamento central da trama, brota-se uma desconfiança sobre se de fato o longa vai funcionar.
Não surpreende que muitos tenham conceituado Os 7 de Chicago como uma obra que se passa na década de 1960, mas tem uma mensagem mais atual do que nunca, por conta da perseguição aos membros das classes menos favorecidas e o ato constante de retirar ainda mais direitos deles. Sem nenhuma surpresa, em meio a atos que escancaram um racismo estrutural ainda existente, julgamentos tornam-se descaradamente políticos, onde seus resultados são cada vez mais manipulados, para que se obtenha um resultado elitizado. A hora da revolução é essa, mas quem dá a cara a tapa na luta, também corre o risco de ser encurralado, e assim, sem direito a outra escolha, muitos são obrigados a magoarem pessoas que amam e jogar o sistema para escanteio, visto que, em situações como essa, o preço que se paga pela integridade é a perda da liberdade.
Sinceramente, não acredito que Aaron Sorkin, diante de tudo que ele já apresentou em sua bela carreira, tenha tido más intenções. O fato é que a outrora elogiável montagem de Os 7 de Chicago teve uma incrível reviravolta e tornou-se um trabalho de péssima qualidade, principalmente diante de atos mal desenvolvidos, que prejudicaram o envolvimento do espectador com elementos que formavam a estrutura do julgamento. Flashbacks passaram a ser inseridos de uma maneira descontrolada, onde o número deles que foram trabalhados em nada contribuíam para o objetivo do longa, que viu seu desenvolvimento ser prejudicado por pontos que não são convincentes nem para o júri, nem para quem o assiste.
Tido como um dos cernes de Os 7 de Chicago, o elenco do filme, formado por atores mais que admiráveis, acabou se transformando numa grande decepção. Diria, sem peso na consciência, que o único fator positivo foi ter visto o talentoso Joseph Gordon-Levitt de volta a um filme de destaque, após anos. Por outro lado, me pergunto o que Eddie Redmayne fez de tão interessante para arrancar elogios da crítica americana?! Quanto a Sacha Baron Cohen, Mark Rylance e Frank Langella, fica apenas o saldo positivo de atuações fora dos padrões que eles têm apresentado na sétima arte, mas mesmo assim, nada suficiente para me deixar impressionado.
Aaron Sorkin escancarou que, para muitos, o poder é mais importante que princípios, porém trabalhou de uma maneira em que houve perda de controle. No afã de concentrar críticas em apenas um lado da história, acabou mirando sua trama em todos os segmentos, e de forma negativa. Autocríticas devem ser feitas por todos os lados, diante ou atrás das câmeras, e, sem querer, Os 7 de Chicago mostrou que, por mais que possamos tentar, não há lado 100% defensável na história.




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