Ads 468x60px

.

domingo, 25 de julho de 2021

SPACE JAM - UM NOVO LEGADO


SPACE JAM - UM NOVO LEGADO
DIREÇÃO: Malcolm D. Lee
ELENCO: LeBron James, Don Cheadle e Sonequa Martin-Green


AI G, uma inteligência artificial, sequestra o filho do jogador de basquete LeBron James, que é enviado para uma realidade paralela. O atleta acaba tendo o mesmo destino, mesclando sua nova vida com os mais famosos personagens da Warner Bros. A salvação de pai e filho só terá uma condição: vencer um épico confronto contra digitais estrelas da NBA e da WNBA. Destemido, o jogador parte em busca da vitória e terá a companhia de Pernalonga, Patolino e do resto da turma.


O ano era 1996 e os Estados Unidos vivia a euforia de estar organizando as Olimpíadas em Atlanta, ao mesmo tempo em que colhia os louros por ter sediado a Copa do Mundo de futebol dois anos antes - naquele que foi o primeiro "aperto de mãos" de relevância entre a superpotência olímpica e o mais popular esporte do planeta. No supracitado ano, a querida Looney Tunes lançava Space Jam - O Jogo do Século, que aproveitava o clima do período e enaltecia o já existente louvor não só americano, mas mundial, dado ao Dream Team e seu astro Michael Jordan, até mesmo porque, na Terra do Tio Sam, é o basquete que tem garantido o lugar mais alto no pódio do coração de todos.

Vinte e cinco anos se passaram, e num ato em que ninguém esperava, a Warner Bros anuncia uma continuação para o longa da década de 1990, fazendo Space Jam entrar para o hall dos filmes que jamais alguém imaginou que pudesse ter uma sequência. Novamente em clima olímpico, Um Novo Legado, subtítulo certamente dado por quem leva a franquia muito a sério, tem no duas vezes medalhista de ouro LeBron James a aposta para fazer de si, um longa que, em tempos de pandemia, pode ser relevante e, quiçá, acumular uma boa arrecadação. Mas que ninguém seja ingênuo, esta obra está longe de ter algo chamado qualidade.

Dirigido por Malcolm D. Lee, que tem uns filmes constrangedores no currículo, Space Jam - Um Novo Legado não abre mão do sonho americano, que, por sinal, se não for bem trabalhado, pode tranquilamente se transformar em algo, no mínimo, chato. Aquele foco inicial na infância do protagonista retratado majoritariamente como adulto não poderia ser deixado de fora, para chegar-se a conclusão de que sua inserção não contribuiu com nada. A verdade é que o longa espera fazer uma espécie de cinebiografia de LeBron James, mas é fato que os conflitos familiares estupidamente clichês nada engrandecem a dita história de vida do atleta, já dando, desde os primórdios, um tom para aquilo que a obra é de verdade.

Investindo num antagonismo cru, Space Jam - Um Novo Legado entristece os mais fervorosos amantes da arte ao exibir um talentoso Don Cheadle na pior de suas formas, totalmente sem conteúdo e não transparecendo em momento algum o poderio maligno de seu personagem, que é concebido de uma forma em que suspeita-se que os roteiristas desconhecem o poderio do vilanismo em obras infantis, desperdiçando assim uma ótima oportunidade de se produzir aquilo que pudesse vir a ser explorado no poderoso marketing infanto-juvenil. Perdido desde o seu prólogo, o filme possui um falho trabalho de efeitos visuais, que, em determinados momentos, mais pareciam uma ode mal feita à Encantada e Shrek, ao mesmo tempo em que buscava progredir no aspecto técnico, como se que quisesse chegar ao mesmo patamar de Jogador nº 1. Certamente, Steven Spielberg não gostou do que viu. 

Tendo o Pernalonga como o primeiro astro da Looney Tunes a ser exibido, Space Jam - Um Novo Legado transforma o ato como se fosse um episódio curto do desenho animado do personagem em questão, onde LeBron James está mais para um simples convidado especial, tal como Ronaldo foi em Os Simpsons. Posterior a isso, os demais ídolos infantis aparecem como uma bola de neve, de maneira totalmente desorganizada, com direito a uma espécie de salada de menções diretas a obras, como a Liga da Justiça, Game of Thrones e Matrix, que mais parecia um merchandising do que o fruto de uma liberdade artística. E tal fato ganha força no tocante em que acaba de ser lançado o streaming HBO Max, que possui em seu catálogo todas essas obras supracitadas, e está buscando ser tão poderoso quanto a Netflix, a Amazon Prime Video e a Disney+.

Com um andar da carruagem em que o público nem lembra de certos personagens que chegaram a ser focalizados, inclusive os vilões, citando um que mais parece ser um espermatozóide, Space Jam - Um Novo Legado pelo menos tenta dar um recado progressista, ao expor uma Lola Bunny não sexualizada e mais empoderada; e também com a exclusão do Pepe Le Gambá, que é claramente um retrato da cultura do estupro, que não aceita em hipótese alguma que "não é não". Só fica o questionamento se tais decisões foram tomadas de maneira conscientemente humana ou temendo o cancelamento.

Com um duelo do século totalmente desinteressante, Space Jam - Um Novo Legado, pelas reações recebidas em seu lançamento, tornou-se uma grande decepção para fãs de todo o mundo. Mas é sério que alguém esperava mesmo que essa obra fosse boa? O fato é que a Looney Tunes relembrou ao planeta que ela ainda existe, mas se bons autocríticos seus chefões forem, perceberão que ainda não foi desta vez que eles triunfaram nas telonas. Isso é tudo, pessoal!  


0 comentários: