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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

STEVE JOBS


STEVE JOBS
DIREÇÃO: Danny Boyle
ELENCO: Michael Fassbender, Kate Winslet, Jeff Daniels e Seth Rogen
2 INDICAÇÕES AO OSCAR


O brilhante Steve Jobs (Michael Fasbbender) propõe uma verdadeira revolução digital com o lançamento da Apple. Centrado na vida do gênio, o filme focaliza a criação do computador Macintosh, da Next e do Ipod.


É no mínimo curioso ver uma cinebiografia sobre Steve Jobs vir a lançada menos de meia-década após o filme sobre a mesma personalidade, estrelado por Ashton Kutcher. A verdade é que tal ideia foi bem vinda, diante do péssimo primeiro resultado com uma desastrosa atuação do amigo do Luciano Huck. Contando com um elenco estrelar, Steve Jobs poderia dividir opiniões por ser dirigido por Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?), que sempre tem suas qualidades questionadas, mas tendo o roteiro escrito pelo grande Aaron Sorkin (A Rede Social), despertou a confiança de todos, que foi bem retribuída com o resultado final.

A produção não se censura em aproveitar-se das canalhices do personagem-título, ao passo que nunca foi segredo para ninguém a sua fama de antipático. Mas também antagonizá-lo é algo que não se investe, visto que cada postura de Jobs sempre deixa um questionamento vivo se há algo benevolente em sua personalidade, e sua falta de simpatia acaba sendo ofuscada por atributos mais consideráveis.

Nesse tocante, observa-se o modo como Sorkin cria a história. Com um roteiro baseado em mais de quarenta entrevistas dadas ao escritor Walter Isaacson, ele estrutura a trama sempre em aliança a linguagem tecnológica, não tornando-a complexa para um espectador leigo, e assim tem-se um personagem bem mais próximo de uma realidade, onde os avanços da área endeusam uma figura, mesmo que em cada mito de criação, haja um vilão, como o próprio roteirista apontara em A Rede Social. Sendo assim, é interessante como o filme acaba sendo uma brilhante ferramenta de diversão cinematográfica, mesmo com dotes dramáticos, exibindo o lidar de Jobs com a sociedade e a festa que é feita para ele em universidades, já que para quem queria ouvir o “gênio”, só importava focalizar a trajetória de um inquestionável vencedor, independentemente de seu psicológico. Assim, o diretor Danny Boyle consegue conduzir precisamente uma obra, com personagens interessantes, sem se dar ao luxo de conceituá-los como mocinhos ou vilões. Incrivelmente isso só contribuiu para o filme.    

Steve Jobs acaba também por produzir um bom enlace entre o criador e o pai (biologicamente falando). Inserindo a hoje jornalista Lisa Jobs na história – a filha que ele tardou a reconhecer, o filme transborda uma positiva técnica de autenticar sua dura vida no ramo da informática, para evitar um julgamento que poderia demonizá-lo. O abandono foi rapidamente abafado por um Jobs que não se impunha no quesito afetividade, mas, mesmo com suas desconfianças, não se esquivou das assistências, e aí o filme também mostra que, mesmo com a distância, Lisa e sua mãe tiveram um grande crescimento graças ao protagonista. Sendo assim, ainda existe um lamento pelo pai não carinhoso e ausente, mas outros pontos da concepção da cinebiografia diminuem o julgamento negativo.

Se o filme se enriquece graças a seus personagens, grande parte dos méritos está no elenco. Interpretando Steve Jobs, Michael Fassbender (Indicado ao Oscar 2016 de Melhor Ator por este filme), exibe uma genial mistura de cinismo, positiva naturalidade e humanidade, encaixando-se perfeitamente no objetivo do personagem, envelhecendo bem com ele, em todos os atos da obra. Sua performance fica mais interessante ao lado da monstruosa e elétrica Kate Winslet (Indicada ao Oscar 2016 de Melhor Atriz Coadjuvante por este filme), que interpreta sua melhor amiga Joanna Hoffman, não deixando a peteca cair em situações como uma bronca ou defesa, tendo em mente que ali estava lidando com uma pessoa de renome mundial. A química entre ambos é poderosa e memorável.

Bem recepcionado pela crítica ao redor do mundo, esta cinebiografia de Steve Jobs trata-se de um serviço bem feito de limpar a imagem do magnata, após o péssimo filme tragicamente estrelado por Ashton Kutcher e diversas polêmicas com o seu nome, e isso sem esconder muitas verdades do inventor. Tudo isso sem fugir dos atrativos que uma obra que aborda um empresário do ramo da tecnologia pode proporcionar, transformando-se num rico elemento de entretenimento, que vale muito a pena.  


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