STEVE JOBS
DIREÇÃO: Danny Boyle
ELENCO: Michael Fassbender, Kate Winslet, Jeff Daniels e Seth Rogen
2 INDICAÇÕES AO OSCAR
O brilhante Steve Jobs
(Michael Fasbbender) propõe uma verdadeira revolução digital com o lançamento
da Apple. Centrado na vida do gênio, o filme focaliza a criação do computador
Macintosh, da Next e do Ipod.
É no mínimo curioso ver uma
cinebiografia sobre Steve Jobs vir a lançada menos de meia-década após o filme
sobre a mesma personalidade, estrelado por Ashton Kutcher. A verdade é que tal
ideia foi bem vinda, diante do péssimo primeiro resultado com uma desastrosa atuação do amigo do
Luciano Huck. Contando com um elenco estrelar, Steve Jobs poderia dividir
opiniões por ser dirigido por Danny Boyle (Quem quer ser um Milionário?), que
sempre tem suas qualidades questionadas, mas tendo o roteiro escrito pelo grande
Aaron Sorkin (A Rede Social), despertou a confiança de todos, que foi bem retribuída com o resultado final.
A produção não se censura em
aproveitar-se das canalhices do personagem-título, ao passo que nunca foi
segredo para ninguém a sua fama de antipático. Mas também antagonizá-lo é algo
que não se investe, visto que cada postura de Jobs sempre deixa um
questionamento vivo se há algo benevolente em sua personalidade, e sua falta de
simpatia acaba sendo ofuscada por atributos mais consideráveis.
Nesse tocante, observa-se o
modo como Sorkin cria a história. Com um roteiro baseado em mais de quarenta
entrevistas dadas ao escritor Walter Isaacson, ele estrutura a trama sempre em
aliança a linguagem tecnológica, não tornando-a complexa para um espectador
leigo, e assim tem-se um personagem bem mais próximo de uma realidade, onde os
avanços da área endeusam uma figura, mesmo que em cada mito de criação, haja um
vilão, como o próprio roteirista apontara em A Rede Social. Sendo assim, é
interessante como o filme acaba sendo uma brilhante ferramenta de
diversão cinematográfica, mesmo com dotes dramáticos, exibindo o lidar de Jobs com a sociedade e a festa que é feita
para ele em universidades, já que para quem queria ouvir o “gênio”, só importava
focalizar a trajetória de um inquestionável vencedor, independentemente de seu
psicológico. Assim, o diretor Danny Boyle consegue conduzir precisamente uma
obra, com personagens interessantes, sem se dar ao luxo de conceituá-los como
mocinhos ou vilões. Incrivelmente isso só contribuiu para o filme.
Steve Jobs acaba também por
produzir um bom enlace entre o criador e o pai (biologicamente falando).
Inserindo a hoje jornalista Lisa Jobs na história – a filha que ele tardou a
reconhecer, o filme transborda uma positiva técnica de autenticar sua dura vida
no ramo da informática, para evitar um julgamento que poderia demonizá-lo. O
abandono foi rapidamente abafado por um Jobs que não se impunha no quesito
afetividade, mas, mesmo com suas desconfianças, não se esquivou das
assistências, e aí o filme também mostra que, mesmo com a distância, Lisa e sua
mãe tiveram um grande crescimento graças ao protagonista. Sendo assim, ainda
existe um lamento pelo pai não carinhoso e ausente, mas outros pontos da
concepção da cinebiografia diminuem o julgamento negativo.
Se o filme se enriquece graças
a seus personagens, grande parte dos méritos está no elenco. Interpretando
Steve Jobs, Michael Fassbender (Indicado ao Oscar 2016 de Melhor Ator por este
filme), exibe uma genial mistura de cinismo, positiva naturalidade e
humanidade, encaixando-se perfeitamente no objetivo do personagem, envelhecendo
bem com ele, em todos os atos da obra. Sua performance fica mais interessante
ao lado da monstruosa e elétrica Kate Winslet (Indicada ao Oscar 2016 de Melhor
Atriz Coadjuvante por este filme), que interpreta sua melhor amiga Joanna
Hoffman, não deixando a peteca cair em situações como uma bronca ou defesa,
tendo em mente que ali estava lidando com uma pessoa de renome mundial. A
química entre ambos é poderosa e memorável.
Bem recepcionado pela crítica
ao redor do mundo, esta cinebiografia de Steve Jobs trata-se de um serviço bem
feito de limpar a imagem do magnata, após o péssimo filme tragicamente estrelado por Ashton
Kutcher e diversas polêmicas com o seu nome, e isso sem esconder muitas
verdades do inventor. Tudo isso sem fugir dos atrativos que uma obra que aborda
um empresário do ramo da tecnologia pode proporcionar, transformando-se num
rico elemento de entretenimento, que vale muito a pena.
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