Um Globo de Ouro para entrar
para a história. O início da temporada de premiações colocava em cheque o
suposto favoritismo de La La Land – Cantando Estações, levando em consideração
a curva meteórica que Moonlight – Sob a Luz do Luar estava fazendo rumo a pole
position. Mas bastou apenas o veredito da imprensa estrangeira de Hollywood
para mostrar que o Dolby Theater já tem a quem celebrar no dia 26 de fevereiro.
Bem comandado pelo hilário
Jimmy Fallon, o próprio número musical de abertura já mostrava de quem era a
popularidade. Ora, La La Land – Cantando Estações é tido como uma ode à arte e
à Hollywood, e se Ana Maria Bahiana (que não curte muito musicais) mostrou-se
encantada, logo se vê que o filme chegou para despontar. Confesso que me
perguntei se a obra venceria todos os prêmios que disputou na noite. As chances
não eram pequenas, muito pelo contrário. A brasileira supracitada votou no
filme em todas as categorias que disputava. Não deu outra: Melhor Filme Comédia/Musical,
Ator Comédia/Musical (Ryan Gosling), Atriz Comédia/Musical (Emma Stone),
Diretor (Damien Chazelle), Roteiro, Trilha Sonora e Canção (“City of Stars”).
Foram sete prêmios que transformaram o musical no maior vencedor da história da
premiação, deixando Um Estranho no Ninho e O Expresso da Meia-Noite para trás,
ratificando a grande popularidade do jovem cineasta que concebeu o filme, desde
o seu ótimo Whiplash – Em Busca da Perfeição.
Moonlight – Sob a Luz
do Luar foi o Melhor Filme/Drama, mas isso claramente não significou nada, que
embora esteja bem citado em premiações futuras, no final da história corre o
risco de ser só mais um filme. Zootopia – Essa Cidade é o Bicho ficou com o
prêmio de Melhor Animação, e foi muito merecido.
O Melhor Ator/Drama foi Casey Afleck, por Manchester à Beira Mar. Ele
fez um discurso humilde, e hoje caminha tranquilamente e sozinho rumo à vitória
no Oscar. Mas em fevereiro, seus escândalos de assédio sexual voltarão à tona,
e veremos como ele se portará e o quão isso pode influenciar. Casey não é um
ator de quinta grandeza, mas ele tem uma grande base: familiares e amigos de
peso na indústria, que podem ser sua salvação.
A Melhor Atriz Coadjuvante foi Viola Davis, por Cercas. Uma espetacular
e admirável atriz, que consegue, a cada premiação, fazer um discurso melhor que
outro. Vê-la vencendo o Oscar será o peso tirado da consciência da indústria,
que a viu estourando há cerca de dez anos e mostrando que veio para ficar.
Elle foi um trunfo, superou a
eliminação no Oscar e ficou com uma inquestionável vitória em Filme Estrangeiro
(a produção é francesa). E não parou por aí: Isabelle Huppert foi a Melhor
Atriz/Drama pelo filme, numa das vitórias que eu mais vibrei na noite,
superando nomes como Natalie Portman e Amy Adams. Que Hollywood olhe com muito
mais carinho para essa estupenda profissional, a partir de agora. Agora o Globo de Ouro também
nos contemplou com uma zebraça inesperadíssima. Qualquer ser comum apostaria
que Mahershala Ali seria o Melhor Ator Coadjuvante. Se não fosse ele, seria Dev
Patel ou Jeff Bridges. Quem venceu? Aaron Taylor-Johnson, por Animais Noturnos.
Os perfumes distribuídos por Tom Ford fizeram um belo efeito. O que todos
ficaram se perguntando foi o seguinte: Será que ele consegue ao menos ser
indicado ao Oscar? Será que essa chocante vitória será suficiente para mudar o
olhar dos votantes da Academia? Muitos acham difícil, inclusive eu. A última
vez que isso aconteceu foi em 1975.
O ápice da festa foi a entrega
do Cecil B. DeMille para Meryl Streep. Uma homenagem arrebatadora, recheada de
belas imagens da maior e melhor carreira cinematográfica dos últimos 40 anos. Viola
Davis falou para ela aquilo que todos gostariam de falar. A diva, em seu
discurso, não perdeu a oportunidade de criticar o Presidente Eleito dos EUA
Donald Trump. Tudo isso com razão. A indignação tomou conta dela ao relembrar a
maneira debochada com que o magnata zombou de um deficiente. Assim, pediu que a
imprensa não deixe passar nada, mostrando que ele não terá sossego ao exercer o
mais importante cargo do Mundo. Além disso, num grande momento, Meryl citou
diversos atores presentes na cerimônia, e os diversos países onde nasceram,
ressaltando que o americano terá pouco a fazer, caso todos os estrangeiros
sejam expulsos do país. Aplausos de pé e
uma emocionante lembrança à Carrie Fisher: “Se você tem um coração partido, o
transforme em arte”.
LISTA COMPLETA DOS VENCEDORES
DO GLOBO DE OURO 2017:
FILME/DRAMA
Moonlight – Sob a Luz do Luar
ATOR/DRAMA
Casey Affleck, por Manchester à Beira Mar
ATRIZ/DRAMA
Isabelle Huppet, por Elle
FILME/COMÉDIA
ou MUSICAL La La Land – Cantando Estações
ATOR/
COMÉDIA ou MUSICAL Ryan Gosling, por La La Land – Cantando Estações
ATRIZ/
COMÉDIA ou MUSICAL Emma Stone, por La La Land – Cantando Estações
DIRETOR
Damien Chazelle, por La La Land – Cantando Estações
ATOR
COADJUVANTE Aaron Taylor-Johnson, por Animais Noturnos
ATRIZ
COADJUVANTE Viola Davis, por Cercas
ROTEIRO
La La Land – Cantando Estações
FILME
ESTRANGEIRO Elle (França)
ANIMAÇÃO
Zootopia – Essa Cidade é o Bicho
TRILHA
SONORA La La Land – Cantando Estações
CANÇÃO
“City of Stars”, por La La Land – Cantando Estações
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