A QUALQUER CUSTO
DIREÇÃO: David Mackenzie
ELENCO: Chris Pine, Ben Foster e Jeff Bridges
Após perderem a fazenda da
família em uma localidade do Texas, dois irmãos decidem se enveredar para o
caminho da criminalidade e buscam assaltar bancos com o afã de se
restabelecerem financeiramente. Só que nessa “empreitada”, eles cruzam o
caminho de um delegado, que não medirá esforços para colocá-los na cadeia.
Desvinculando-me dos famosos
filmes de bang bang, é curioso como que esses westerns, ambientados em zonas de
fronteira entre os Estados Unidos e o México, se comportam de maneira bem atual,
mesmo que a sua trama se insira em décadas passadas, como a de 1970. A Qualquer
Custo, para a concepção de uma história de antagonistas, não faz questão de
exibi-los em seus primórdios, como já profissionais do crime, mas sim
estruturar a maldade dos personagens em seu enredo, como fruto de um mal maior.
O roteiro de autoria de
Taylor Sheridan (o mesmo da obra-prima Sicario – Terra de Ninguém) tem um alicerce que visa desconsiderar alguns princípios do gênero. Os irmãos Tanner
e Toby são dois homens que, ao mesmo que expõem uma faceta de “durões” para
incorporarem o seu novo caráter, desmontam-se em atitudes inseguras e que mostravam
certos vacilos, para quem não queria pagar pelo seu crime cometido. Mesmo com a
ilicitude dos atos, ser um ladrão de bancos era nada mais que um personagem assumido para
sujeitos que não se conformaram com a perda de uma condição financeira,
supostamente construída de maneira honesta. O próprio papel de Chris Pine exibe
isso, ao despir-se da faceta de machão, ao ponto de recusar uma relação sexual
e ainda defender uma mulher vítima de ataque machista, além dele ter total
submissão a sua ex-mulher e ter que enxergar no olhar do filho pré-adolescente,
alguém que não o teme e envergonha-se das atitudes do pai.
Diante disso, na oposição do
lado sombrio da trama, temos um delegado que pouco se importa do tamanho do
crime cometido no lugar de sua responsabilidade. Se as regras foram infringidas,
punições aconteceriam, e não haviam limites para a busca de quem tem que pagar
pelo o que cometeu. Assim, A Qualquer Custo surpreende pela maneira como o
diretor David Mackenzie executa a trama, ao exibir as peculiaridades dos roubos
dos irmãos, somadas ao quanto estavam conturbadas suas vidas pessoais, em meio
a uma busca incessante dos criminosos, num jogo de cenas de uma adrenalina
primorosa, que causam uma empatia em quem assiste. E como se não bastasse os
protagonistas e o delegado, a história ainda nos reserva uma população local
diretamente ligada ao contexto justiceiro ali existente e que transformou o
filme em uma terra de gente destemida e admirável, ratificando a força física e
psicológica exigida nos personagens de westerns (ou faroestes, como
preferirem).
O elenco também nos
contempla com um competente Jeff Bridges (Indicado ao Oscar 2017 de Melhor Ator
Coadjuvante por este filme), mas como qualquer um pode afirmar: “Nada é
perfeito”. Digo isso, pois, mesmo reconhecendo uma boa atuação do veterano, parece
estar construída nos mesmos trâmites em que ele concebeu seus papéis em Coração
Louco e Bravura Indômita, ou seja, nenhuma novidade a apresentar.
Eficaz ao extremo e com
agilidade ao tornar forte todas as suas subtramas, A Qualquer Custo pode ser
considerado sem nenhum exagero, o melhor western desde Onde os Fracos Não têm
Vez, alavancando o respeito aos seus protagonistas e dando um tardio e merecido
destaque ao seu diretor David Mackenzie, para um gênero que nem sempre abraça
novidades em seus idealizadores.
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