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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A QUALQUER CUSTO



A QUALQUER CUSTO
DIREÇÃO: David Mackenzie
ELENCO: Chris Pine, Ben Foster e Jeff Bridges


Após perderem a fazenda da família em uma localidade do Texas, dois irmãos decidem se enveredar para o caminho da criminalidade e buscam assaltar bancos com o afã de se restabelecerem financeiramente. Só que nessa “empreitada”, eles cruzam o caminho de um delegado, que não medirá esforços para colocá-los na cadeia.


Desvinculando-me dos famosos filmes de bang bang, é curioso como que esses westerns, ambientados em zonas de fronteira entre os Estados Unidos e o México, se comportam de maneira bem atual, mesmo que a sua trama se insira em décadas passadas, como a de 1970. A Qualquer Custo, para a concepção de uma história de antagonistas, não faz questão de exibi-los em seus primórdios, como já profissionais do crime, mas sim estruturar a maldade dos personagens em seu enredo, como fruto de um mal maior.

O roteiro de autoria de Taylor Sheridan (o mesmo da obra-prima Sicario – Terra de Ninguém) tem um alicerce que visa desconsiderar alguns princípios do gênero. Os irmãos Tanner e Toby são dois homens que, ao mesmo que expõem uma faceta de “durões” para incorporarem o seu novo caráter, desmontam-se em atitudes inseguras e que mostravam certos vacilos, para quem não queria pagar pelo seu crime cometido. Mesmo com a ilicitude dos atos, ser um ladrão de bancos era nada mais que um personagem assumido para sujeitos que não se conformaram com a perda de uma condição financeira, supostamente construída de maneira honesta. O próprio papel de Chris Pine exibe isso, ao despir-se da faceta de machão, ao ponto de recusar uma relação sexual e ainda defender uma mulher vítima de ataque machista, além dele ter total submissão a sua ex-mulher e ter que enxergar no olhar do filho pré-adolescente, alguém que não o teme e envergonha-se das atitudes do pai.

Diante disso, na oposição do lado sombrio da trama, temos um delegado que pouco se importa do tamanho do crime cometido no lugar de sua responsabilidade. Se as regras foram infringidas, punições aconteceriam, e não haviam limites para a busca de quem tem que pagar pelo o que cometeu. Assim, A Qualquer Custo surpreende pela maneira como o diretor David Mackenzie executa a trama, ao exibir as peculiaridades dos roubos dos irmãos, somadas ao quanto estavam conturbadas suas vidas pessoais, em meio a uma busca incessante dos criminosos, num jogo de cenas de uma adrenalina primorosa, que causam uma empatia em quem assiste. E como se não bastasse os protagonistas e o delegado, a história ainda nos reserva uma população local diretamente ligada ao contexto justiceiro ali existente e que transformou o filme em uma terra de gente destemida e admirável, ratificando a força física e psicológica exigida nos personagens de westerns (ou faroestes, como preferirem).

O elenco tem a positiva audácia que conferir a Ben Foster e ao supracitado Chris Pine o papel dos irmãos assaltantes. Por que isso? Esses dois atores têm idade inferior ao dos personagens e conseguem de maneira magnífica se esconder na maturidade de ambos e na responsabilidade que eles carregavam, no tocante que é claramente mais simples e mais comum, um ator interpretar um personagem mais novo. Suas performances exibem uma carga dramática (mais surpreendente no protagonista de Star Trek) e acabam sendo uma vitrine da confirmação de seus nomes entre os mais talentosos de sua geração.

O elenco também nos contempla com um competente Jeff Bridges (Indicado ao Oscar 2017 de Melhor Ator Coadjuvante por este filme), mas como qualquer um pode afirmar: “Nada é perfeito”. Digo isso, pois, mesmo reconhecendo uma boa atuação do veterano, parece estar construída nos mesmos trâmites em que ele concebeu seus papéis em Coração Louco e Bravura Indômita, ou seja, nenhuma novidade a apresentar.

Eficaz ao extremo e com agilidade ao tornar forte todas as suas subtramas, A Qualquer Custo pode ser considerado sem nenhum exagero, o melhor western desde Onde os Fracos Não têm Vez, alavancando o respeito aos seus protagonistas e dando um tardio e merecido destaque ao seu diretor David Mackenzie, para um gênero que nem sempre abraça novidades em seus idealizadores.



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