Ads 468x60px

.

domingo, 8 de outubro de 2017

O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS


O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS
DIREÇÃO: Sofia Coppola
ELENCO: Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning e Colin Farrel


Em meio à guerra, um soldado está ferido no meio de um bosque e acaba por ser encontrado por uma garota que reside em uma casa só com mulheres, que são doutrinadas de maneira moralista. Cientes que deviam acolher o homem, elas passam a cultivar sentimentos bons e ruins para/com ele, despertando sensações que jamais pensaram que poderia existir.


Baseado no livro de Thomas Cullinan, lançado em 1966, e que resultou em um filme produzido cinco anos depois, protagonizado por Clint Eastwood, esta nova versão de O Estranho que nós Amamos é o ápice da tentativa gananciosa da diretora Sofia Coppola (que também entregou Maria Antonieta, As Virgens Suicidas e ganhou o Oscar de Roteiro por Encontros e Desencontros) em acreditar que já pode elevar o grau de dificuldade de suas películas, embarcando em obras mais delicadas, diante de uma carreira que priorizou comédias e dramas açucarados. Sua firmeza ao comandar a obra é visível e admirável, digna de prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes, mas não é suficiente para pôr fim a instabilidade de sua filmografia.

Buscando fazer um filme detalhista em todos segmentos, Sofia absorve a capacidade que a sétima arte tem de criar um clima sombrio de guerra, e o prólogo de O Estranho que nós Amamos expõe uma situação em que pessoas devem manter seus hábitos normais, mesmo com um som de fundo que nos remete aos momentos mais sangrentos de uma batalha. Abrindo mão de uma trilha sonora, denotando toda a frieza e reclusão da trama, o filme tem a perspicácia de não se perder no desenvolvimento dos personagens femininos, visto que elas, mesmo ferindo seus princípios ao adotar um homem ferido, não descartavam a maneira dura de ser, para não deixar com que ele pudesse vir a tomar conta da situação desde o princípio, já que vale ressaltar que em séculos passados, as mulheres detinham bem menos poder que hoje, e governar um lar era algo simplesmente inconcebível.

O desenrolar da história, mesmo buscando uma união entre as protagonistas, conduz o espectador para um ambiente aparentemente religioso, mas que as pessoas ali incutidas se deixam levar pelos desejos, pelas paixões e pelas traições. Ciente da forte trama que tinha em mãos, Sofia Coppola concede mais poder para o antagonismo e cria para o espectador verdadeiros enigmas em cima de fatos, que por sinal são bem detalhados, mas que não eliminam a tensão, visto que as coisas tendem a piorar para as mulheres, mas a diretora sabe que apesar dos pesares recentes, as mesmas são unidas, por isso prepara algo impactante para o desfecho da trama.

O elenco da obra traz figuras carimbadas dos filmes da filha de Francis Ford Coppola, como Kirsten Dunst e Elle Fanning, que transbordam maturidade em suas performances, dotadas de trejeitos que assumem o caráter de suas personagens, que veem tronar-se mais fortes as personalidades que elas tinham dentro de si. Grande nome do filme, Nicole Kidman, mesmo com todas as suas polêmicas em torno do botox, consegue usar e abusar de expressões faciais que escancaravam a rigidez de uma pessoa que tinha uma grande responsabilidade em mãos, e mesmo quando via situações com tendências negativas, não perdia a compostura e mostrava a dureza e frieza que uma líder de um grupo como aquele precisava ter.

Forte e delicado ao mesmo tempo, O Estranho que nós Amamos, mesmo tendo alguns ingredientes para tal, não consegue ser um filme aborrecido, mas faz-se justo voltar a instabilidade da carreira de Sofia Coppola, para justifica-la alertando para a baixa memorabilidade deste seu último filme, que mesmo tendo um saldo positivo, não consegue (analisando o ano de 2017) mostrar-se superior a obras comerciais, como Mulher Maravilha e até mesmo It – A Coisa. Logo, mesmo com suas qualidades, no final da história, acaba por ser só mais um filme.


0 comentários: