O DESTINO DE UMA NAÇÃO
DIREÇÃO: Joe Wright
ELENCO: Gary Oldman e Kristin Scott Thomas
A Segunda Guerra Mundial
está chegando ao fim e a Inglaterra passa a ter um novo chefe para comandar o
poder executivo local. O escolhido é Winston Churchill, que encara uma nação em um de seus piores momentos e tem o desafio de fazê-la vencer uma forte crise e
se manter entre as principais potências mundiais.
Joe Wright é um jovem
cineasta britânico, que tem uma filmografia com recepção relativamente
positiva, mesmo que ele ainda não tenha atingido nenhum pólio. Uma
peculiaridade de seu trabalho é de sempre colocar a Inglaterra em evidência,
seja em adaptações de celebráveis obras da literatura local ou no trabalhar
de cinebiografias de figuras ilustres nascidas na terra da rainha. É dele
filmes como Peter Pan (2015), Orgulho e Preconceito, Anna Karenina e Desejo e
Reparação (estes dois últimos, venceram o Oscar em categorias técnicas). Chegou
a hora dele se arriscar ao máximo, levando para as telonas o homem que é
considerado o maior britânico de todos os tempos: Winston Churchill.
O Destino de uma Nação é um filme
que já se inicia com fortes e reais imagens do mais famoso conflito entre povos
já existentes. Curiosamente, em meio a isso, têm-se os créditos iniciais num
formato que nos remete a documentários de décadas passadas, onde o tema “guerra”
era mais frequente em filmes do gênero. Autenticando o momento turbulento em
que a Inglaterra passava, logo se adentra ao Palácio dos Lordes, que é a sede
do parlamento britânico, e as discussões que ali nunca forma pacíficas, são exibidas com os representantes atingindo seu limite de nervosismo.
O fato é que a Inglaterra
vivia ali duras crises, vinha de uma abdicação chocante ao trono real, perdia status
como potência e o cargo de primeiro-ministro não apresentava estabilidade, e
vale ressaltar que no regime parlamentarista, quaisquer motivos pequenos são
capazes de derrubar o seu líder. Logo, na vacância do cargo, curiosamente não apareciam
pessoas tão dispostas a assumi-lo, pois para aquela situação, poderia ser uma
bela de uma maldição. Mas como alguém tinha que ocupa-lo, coube a Winston
Churchill virar o chefe de governo britânico, tornando-se curiosamente o mais
famoso de todos os tempos, mesmo com esse cargo tendo sido exercido por
figuras, como a dama de ferro Margareth Tatcher.
A maneira como O Destino de
uma Nação constrói essa cinebiografia centrada no político Churchill, nos exibe
um contexto que tão pouco parece querer fazer qualquer defesa da vida do
poderoso, no tocante em que em inúmeros atos, ele é relatado como um sujeito que é incapaz
de falar a palavra “paz” – o que não deixa de ser uma má postura por parte da
produção, sem qualquer compromisso com a imparcialidade, de demonizar o protagonista e não permitir que o espectador
tire as conclusões que ele bem entender sobre Churchill, ou seja, são bastante
escancarados os seus defeitos, que propõem mais uma reflexão sobre qual é o
objetivo do filme, sendo que o ex-primeiro-ministro é uma figura mais que
idolatrada. Tudo bem, a história pode ser contestada, mas será que vale apelar
para exageros?
Talvez o maior sinal de
falta de comprometimento do diretor Joe Wright com a sétima arte, foi a
construção de uma natural oposição a Churchill, nos moldes de um antagonismo que deixa O Destino de uma Nação com tons de uma obra fictícia, colocando os inimigos
do primeiro-ministro como vilões sanguinolentos, que aparecem de surpresa e em
cortes, como se fossem para dar medo nos personagens e no espectador, mas o
resultado de verdade é uma bela falta de noção na concepção da obra.
Com certeza se há algo que
pode ser considerado o maior motivo para que esse filme seja visto é a
espetacular atuação de Gary Oldman (indicado ao Oscar 2018 de Melhor Ator por
esta película). Quando fora mostrada na internet uma imagem sua, como o
personagem, no início de 2017, já cantei a bola de que os prêmios seriam dele.
Sua performance é explosiva, com ele envelhecendo junto ao personagem,
investindo na diversidade de sentimentos do político, com destaque a maneira
desajeitada como ele tentava ser gentil. Chamaram bastante a atenção seus discursos
no parlamento, onde era como remeter-se a imagens do Churchill original criando
vida. Arrepiante!
De fato, se há algo que deve
ser admitido é que O Destino de uma Nação não é um filme ruim, mas sua
transposição de fatos o condenam a um esquecimento rápido. Cinebiografias existem
aos montes, mas é fundamental impactar com a perspicácia cinematográfica de
trabalhar temas históricos e propor a reflexão que a realidade exige. Este
filme aqui avaliado pecou bastante, e um sinal de alerta é ligado na carreira
de Joe Wright – tida como promissora em tempos de outrora.
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