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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

O DESTINO DE UMA NAÇÃO



O DESTINO DE UMA NAÇÃO
DIREÇÃO: Joe Wright
ELENCO: Gary Oldman e Kristin Scott Thomas


A Segunda Guerra Mundial está chegando ao fim e a Inglaterra passa a ter um novo chefe para comandar o poder executivo local. O escolhido é Winston Churchill, que encara uma nação em um de seus piores momentos e tem o desafio de fazê-la vencer uma forte crise e se manter entre as principais potências mundiais.


Joe Wright é um jovem cineasta britânico, que tem uma filmografia com recepção relativamente positiva, mesmo que ele ainda não tenha atingido nenhum pólio. Uma peculiaridade de seu trabalho é de sempre colocar a Inglaterra em evidência, seja em adaptações de celebráveis obras da literatura local ou no trabalhar de cinebiografias de figuras ilustres nascidas na terra da rainha. É dele filmes como Peter Pan (2015), Orgulho e Preconceito, Anna Karenina e Desejo e Reparação (estes dois últimos, venceram o Oscar em categorias técnicas). Chegou a hora dele se arriscar ao máximo, levando para as telonas o homem que é considerado o maior britânico de todos os tempos: Winston Churchill.

O Destino de uma Nação é um filme que já se inicia com fortes e reais imagens do mais famoso conflito entre povos já existentes. Curiosamente, em meio a isso, têm-se os créditos iniciais num formato que nos remete a documentários de décadas passadas, onde o tema “guerra” era mais frequente em filmes do gênero. Autenticando o momento turbulento em que a Inglaterra passava, logo se adentra ao Palácio dos Lordes, que é a sede do parlamento britânico, e as discussões que ali nunca forma pacíficas, são exibidas com os representantes atingindo seu limite de nervosismo.

O fato é que a Inglaterra vivia ali duras crises, vinha de uma abdicação chocante ao trono real, perdia status como potência e o cargo de primeiro-ministro não apresentava estabilidade, e vale ressaltar que no regime parlamentarista, quaisquer motivos pequenos são capazes de derrubar o seu líder. Logo, na vacância do cargo, curiosamente não apareciam pessoas tão dispostas a assumi-lo, pois para aquela situação, poderia ser uma bela de uma maldição. Mas como alguém tinha que ocupa-lo, coube a Winston Churchill virar o chefe de governo britânico, tornando-se curiosamente o mais famoso de todos os tempos, mesmo com esse cargo tendo sido exercido por figuras, como a dama de ferro Margareth Tatcher.

A maneira como O Destino de uma Nação constrói essa cinebiografia centrada no político Churchill, nos exibe um contexto que tão pouco parece querer fazer qualquer defesa da vida do poderoso, no tocante em que em inúmeros atos, ele é relatado como um sujeito que é incapaz de falar a palavra “paz” – o que não deixa de ser uma má postura por parte da produção, sem qualquer compromisso com a imparcialidade, de demonizar o protagonista e não permitir que o espectador tire as conclusões que ele bem entender sobre Churchill, ou seja, são bastante escancarados os seus defeitos, que propõem mais uma reflexão sobre qual é o objetivo do filme, sendo que o ex-primeiro-ministro é uma figura mais que idolatrada. Tudo bem, a história pode ser contestada, mas será que vale apelar para exageros?

Talvez o maior sinal de falta de comprometimento do diretor Joe Wright com a sétima arte, foi a construção de uma natural oposição a Churchill, nos moldes de um antagonismo que deixa O Destino de uma Nação com tons de uma obra fictícia, colocando os inimigos do primeiro-ministro como vilões sanguinolentos, que aparecem de surpresa e em cortes, como se fossem para dar medo nos personagens e no espectador, mas o resultado de verdade é uma bela falta de noção na concepção da obra.

Com certeza se há algo que pode ser considerado o maior motivo para que esse filme seja visto é a espetacular atuação de Gary Oldman (indicado ao Oscar 2018 de Melhor Ator por esta película). Quando fora mostrada na internet uma imagem sua, como o personagem, no início de 2017, já cantei a bola de que os prêmios seriam dele. Sua performance é explosiva, com ele envelhecendo junto ao personagem, investindo na diversidade de sentimentos do político, com destaque a maneira desajeitada como ele tentava ser gentil. Chamaram bastante a atenção seus discursos no parlamento, onde era como remeter-se a imagens do Churchill original criando vida. Arrepiante!

De fato, se há algo que deve ser admitido é que O Destino de uma Nação não é um filme ruim, mas sua transposição de fatos o condenam a um esquecimento rápido. Cinebiografias existem aos montes, mas é fundamental impactar com a perspicácia cinematográfica de trabalhar temas históricos e propor a reflexão que a realidade exige. Este filme aqui avaliado pecou bastante, e um sinal de alerta é ligado na carreira de Joe Wright – tida como promissora em tempos de outrora.  


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