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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

PROJETO FLÓRIDA


PROJETO FLÓRIDA
DIREÇÃO: Sean Baker
ELENCO: Willem Dafoe, Brooklynn Prince e Bria Vinaite


Uma garotinha de apenas 6 anos é a líder de um grupo, que embarca em aventuras em uma cidade que fascina as crianças de todo mundo; mas em contraste com isso, o local também apresenta outras realidades que levam adultos a viverem crises financeiras, morais e éticas, que expõe que nem tudo pode ser um mar de rosas o quanto se defende.


O cinema independente, jamais desvalorizável, vem cada vez mais marcando o seu território e o quesito qualitativo já o coloca, com cada vez mais exemplos, em um patamar digno e elitizado, fora o fato de que sua própria bilheteria já expõe números louváveis. Sean Baker é um jovem diretor que sempre primou por essa área e parece não querer desvincular-se da mesma, mostrando que a cada projeto acertado seu, ecoa-se o sentimento de que em time que está ganhando, não se mexe. Projeto Flórida é mais um grande filme, que tanto engrandece o segmento cinematográfico e o responsável pela obra.

A Flórida é um famoso estado da terra do Tio Sam, onde destacam-se suas belezas naturais, estruturais e artísticas, e que ao mesmo tempo é uma referência nos Estados Unidos de local onde há uma grande comunidade pobre latina, que ali adentram em busca de crescimento de vida, mas que ao mesmo tempo não consegue fugir de problemas sociais, visto que nenhuma localidade é somente a parte bonita que expõem.

É aqui que surge Projeto Flórida, escrito pelo diretor em parceria com seu fiel escudeiro Chris Bergoch, que focaliza sua trama num ambiente quase claustrofóbico de um típico hotel à beira da estrada (que nos Estados Unidos é chamado de motel), claramente destinado a pessoas que visitam o estado, mas com um poder aquisitivo baixo; e que sob um sol escaldante de um raro ambiente tropical na América do Norte, tentam desfrutar do que há de melhor na região, mesmo sendo obrigados a conviver com o outro lado da dura realidade que atinge qualquer país.

O filme tem um grande prólogo que engloba diversas situações e personagens, explorando elementos como posturas rudes e até mesmo a criminalidade (por menos hedionda que seja), afirmando que talvez não seja o lugar que mude uma pessoa, e sim a consciência, a esperteza e o processo de adaptação dela para poder construir o progresso almejado. E a partir daí, Projeto Flórida, que já era interessante, focaliza numa jovem, que tem uma boa relação com sua filha, mas não lhe garante bons modos de criação, vivendo num quartinho, e sem condições financeiras, levando o conselho tutelar e a polícia a intervir constantemente, devido a um espírito violento, devasso e sem perspectiva.

Diante disso, Projeto Flórida acaba sendo uma metáfora da força de uma realidade que aponta que não há igualdade de condições, e a situação é dificultada para quem está lá embaixo e não se dispõe a dançar conforme a música composta de maneira elitizada para uma sociedade que dispõe de todas as características que incitam o preconceito e o esnobe. Para o drama de mãe e filha, só resta um gerente de hotel vivido por Willem Dafoe (indicado ao Oscar 2018 de Melhor Ator Coadjuvante por este filme) para dar, mesmo que de maneira fria, a força suficiente a esta jovem mulher e aos moradores da região, de que essa turbulência é o que restou a eles, visto que não estão numa mansão à beira-mar, e nada mais consciente do que continuar a viver da maneira que der, pois a casa grande ao lado, está mais longe do que se imagina.

Mas produzido por bons otimistas, Projeto Flórida convoca uma hiperativa Moonee (interpretada pela revelação Brooklynn Prince) para, em meio a uma dura realidade, deixar o espectador se deslumbrar com a pureza da resposta das crianças, que se nosso ambiente não nos proporciona a paz e tranquilidade que sonhamos, pois que idealizemos o nosso parque e os nossos ídolos, e vamos fazer de conta que também temos condições de sermos felizes.   


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